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Resenha: Celular
Por Cadorno Teles
05/10/2007

Recorda do horror explícito de O Cemitério Maldito? E da atmosfera sufocante de A Hora do Vampiro? A sensação de não ter esperança de A Dança da morte? O poder maléfico de A coisa? O mestre do terror e do suspense Stephen King não se esqueceu – embora tenha falado que iria se aposentar após o final da série A Torre Negra, ele retorna ao gênero do horror com o livro Celular (Cell, tradução de Fabiano Morais, 400 páginas, R$ 39,90) lançado recentemente pela Objetiva.

"A civilização entrou na sua segunda idade das trevas em um pouco surpreendente rastro de sangue, mas com uma rapidez que não poderia ser prevista nem mesmo pelo mais pessimista dos futurólogos. Era como se estivesse engatilhado. No dia 1º de outubro, Deus estava no céu Dele, a Bolsa de Valores estava em 10.140 pontos e a maioria dos aviões estava no horário (...) Duas semanas depois, os céus pertenciam aos pássaros novamente e a Bolsa de Valores era uma lembrança. Já no Dia das Bruxas, todas as grandes cidades, de Nova York a Moscou, fediam sob o céu vazio, e o mundo como ele havia sido antes era uma lembrança." (Página 10)
 
Quem resiste a um toque de celular? Ninguém, especialmente aqueles que possuem o aparelho. Mas no dia 1º de outubro, quando celulares começam a tocar ao mesmo tempo... E algo de estranho acontece: um sinal global, que ficaria conhecido como O Pulso, foi transmitido e todo aquele que atendeu seu telefone, enlouqueceu. O protagonista de Celular, Clayton Riddell, um artista de Quadrinhos, resolvia comemorar o contrato fechado de uma série de HQs com a Dark Horse tomando um sorvete. Estava em Boston e logo iria contar a novidade para a sua ex-esposa e ao filho, Johnny, que moram no Maine, contudo várias pessoas que atenderam seus celulares naquele momento foram acometidas de uma loucura irascível. Clay nunca confiou nos celulares, e a sua "paranóia" o salva da carnificina que se iniciava. Em poucos minutos, as pessoas, fora de si, começam a atacar e matar quem passa pela frente. "Carros e caminhões colidem e avançam pelas calçadas em alta velocidade, destruindo tudo. Aviões batem nos prédios. Ouvem-se tiros e explosões vindos de todas as partes." Preocupado com o filho, centenas de quilômetros de distante, inicia uma jornada de sobrevivência, e ao mesmo tempo a procura do filho. A ele se reúne um pequeno grupo de "refugiados", primeiramente Tom McCourt - Clay usa seu pesado portfólio para salvá-lo – depois Alice Maxwell, uma adolescente de 15 anos que sobreviveu do ataque da própria mãe, entre outros. 

Mas junto ao trajeto escolhido, o pesadelo acompanha o grupo. Os "fonáticos" estão evoluindo: após o surto, começam a usar ferramentas, a escutar músicas, e ter um comportamento coletivo, podendo "conversar" pela mente através dos sonhos. Os "normais" contemplam a esperança do mundo voltar ao normal se esvair como uma ilusão. King dá o tom de histeria a Celular; como Roberto Causo analisa, o autor norte-americano ensina a usar a realidade distorcida com o peso do sobrenatural. Aqui, agrega o horror zumbi com o pânico tecnológico, um cenário do Despertar dos Mortos-Vivos com traços do medo de uma guerra tecnológica e do terrorismo atual. O livro é dedicado a George A. Romero, mestre dos filmes de mortos-vivos, e a Richard Matheson, autor do gênero do terror e ficção cientifica. Celular foca, com maestria, a simples sobrevivência e a interação social ante uma catástrofe global, muito mais envolvente que as tradicionais histórias de mortos-vivos que narram unicamente a destruição das hordas de zumbis. Usando em seu enredo, a essência negra da natureza humana, a violência, o desejo de destruir e matar. King nos faz sentir o medo, o temor de seus personagens em mais um ótimo livro com sua marca. 
 
O Autor
Stephen Edwin King
(1947) é um escritor reconhecido como um dos mais notáveis autores de contos de horror fantástico e ficção de sua geração. Seus livros foram publicados em mais de 40 países e muitas das suas obras foram adaptadas para o Cinema.

 

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