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Entrevista: Geuvar Oliveira, Gabriel Gomes e Ronimar Messias
Por Eloyr Pacheco
05/10/2007

Esta entrevista deu muito trabalho para ser realizada. Primeiro pela demora nas respostas (Geuvar, Gabriel e Ronimar fizeram questão de participar, mas os três têm muitos afazeres e isto atrapalhou um pouco), e, segundo, porque algumas perguntas não foram bem interpretadas, e tive que tirar várias dúvidas nas respostas. Isso acabou sendo legal, porque esta entrevista mostra mesmo a cara desta equipe de quadrinhistas que produz a Liga do Cerrado, uma revista em Quadrinhos publicada no estado do Tocantins. A experiência deles é digna de registro. E aqui está ele: um bate-papo com o pessoal da Liga do Cerrado!

Como foi que vocês se reuniram e formaram uma equipe de produção de Histórias em Quadrinhos?

Geuvar: Já nos conhecíamos há muito tempo, e sempre tivemos vontade de fazer uma revista em Quadrinhos. Tanto que eu idealizei esse grupo. Mas as coisas começaram a fluir mesmo quando eu estava trabalhando como chargista do jornal Folha Popular. Ofereci a idéia de um tablóide de humor aos editores, e eles aceitaram. Daí chamei o Gabriel e Ronimar para serem meus colaboradores.
Gabriel: Foi uma ótima vitrine para mostrarmos nossos trabalhos, além de servir como um laboratório.
Ronimar: Era o que precisávamos.

Uma vitrine como esta facilitou o quê para vocês?

Gabriel: Não achamos que a revista funciona como uma vitrine. Ainda não. Acreditamos que a primeira edição da Liga do Cerrado fosse mais para provar nossa existência, provar que existe quem faz Quadrinhos no Tocantins, e de qualidade. Com o segundo número, sim vamos partir pro ataque.

Ô, Gabriel, assim como você, eu também estou falando do Jornal, não da revista, mas valeu... (risos)

Gabriel: Claro! O Folha Popular levava o Na Veia para todo o estado e conseqüentemente o encarte com nossos trabalhos. Recebíamos ligação de várias cidades do Tocantins dando os parabéns. Uma vez veio uma mensagem do Estado do Piauí parabenizando pela criatividade do encarte. Boa vitrine, não?

Eu acho que o jornal sempre ajuda muito na divulgação. E como foi que surgiu a idéia para a criação da Liga do Cerrado?

Gabriel: Como no encarte – que era chamado Na Veia – já vinha tendo uma periodicidade de tiras do Homem-Suvaco e do Homem-Pochete, me veio a idéia de criarmos logo uma liga de super heróis cômicos. Todos concordamos, e daí em diante as coisas foram acontecendo naturalmente.
Ronimar: O nome era muito óbvio, e nenhum de nós gostava dele, mas por falta de tempo e de outra idéia, acabou ficando e deu certo.

Foi no tablóide Na Veia, da Folha Popular, que a Liga do Cerrado foi publicada pela primeira vez?

Gabriel: Sim, mais precisamente na edição #11 do dia 13 de julho de 2004.

E quanto tempo a Liga do Cerrado foi publicada no tablóide Na Veia?

Ronimar: Foi um ano batido de Na Veia, mas como a Liga do Cerrado passou a existir em meados da publicação, acho que foi cerca de uns seis meses.

“Meados da publicação”?

Ronimar: Meado é meio, na metade de um ano de existência do Na Veia, sacô? 
Geuvar: A primeira formação não tinha muito a ver com a atual.

Ah é? E qual era a formação original de Liga, Geuvar?

Geuvar: Homem-Suvaco, o Sr. Gambiarra era Capitão Gambiarra, Super-Anta, Mulher-Topeira, Homem Pichilinga, Homem Pochete, que era outro personagem e o Lobó Negro. Essa foi a primeira formação da Liga.

Agora vamos assumir a paternalidade: quem criou o quê na Liga do Cerrado?

Geuvar: o Homem-Suvaco é minha cria autêntica. Dei a idéia do Homem-Pochete, Sr. Gambiarra e do Homem-Pichinga. A concepção visual desses ficou por conta do Gabriel.
Ronimar: Caryocal é somente meu, mas todos tiveram participação na criação dos personagens, pois a aprovação de qualquer coisa precisa do consenso geral.
Gabriel: o Roni tem razão. Mesmo que indiretamente na elaboração dos personagens. Eu fiquei por conta da Maria-Paulada e da Jeitosa, já que toda equipe de super-heróis precisa de progesterona.

E como foi que vocês publicaram a revista em Quadrinhos Liga do Cerrado? Falem um pouco da, digamos, odisséia até a revista sair da gráfica. Houve algum patrocínio?

Gabriel: Cara... Essa agora foi de lascar... Mas tudo bem. Após a falência do Jornal Folha Popular, onde era veiculado o encarte de humor Na Veia, precisávamos continuar publicando. Daí amadureceu a idéia do gibi da Liga do Cerrado, mas com a proposta de fazer um trabalho bem feito, mesmo que demore anos para ficar pronto. Passamos um ano inteiro produzindo as 44 páginas da revista. Mas essa não foi a tarefa mais difícil, o pior ainda estava por vir. Conseguir patrocínio. Foi mais outro ano de muita ralação. Empresários fechavam com a gente, e depois davam o fora. Até que um dia por acaso conheci o Witer, um empresário aqui de Palmas. Ele viu alguns desenhos meus e ficou de cara com o material. Então expliquei a ele sobre o projeto Liga do Cerrado, e ele prontamente se dispôs para patrocinar a impressão do gibi. Daí em diante as coisas foram fluindo, outros parceiros surgiram. Mas não foi fácil.

Gabriel, como é o seu método para desenvolver roteiros?

Gabriel: Na verdade com a Liga do Cerrado não fazemos nada sozinhos. Alguém tem uma idéia, é apresentada ao grupo, daí todos decidimos democraticamente se vale a pena levar a sério. Em caso da idéia ser considerada legal todos nós fazemos o roteiro juntos e dividimos as tarefas posteriores.

E o seu, Geuvar?

Geuvar: Buscamos inspiração para as histórias da Liga no cotidiano. Sempre pegamos algum fato real ou o que vimos no cinema. Eu particularmente me esforço a ficar antenado a tudo.

E você Ronimar, é o colorista da turma?!

Ronimar: Na verdade revezamos as funções. Também desenho e ajudo nos roteiros, mas no caso da 1ª edição fiz só as cores.

Qual a formação de vocês?

Geuvar: Eu estou no 6º período de Letras. Quanto a desenho, sou autodidata, comecei a desenhar com 12 anos e a partir daí não parei mais.
Gabriel: Tenho formação secundarista com objetivos de ingressar na faculdade. Já quanto a desenho sou autodidata.
Ronimar: Também parei no ensino médio e no desenho sou autodidata.

Em desenho vocês três são autodidatas. Como foi esta formação? O que vocês procuraram aprender até estarem aptos a desenhar uma HQ?

Geuvar: Como o termo autodidata já diz, a formação aconteceu de forma empírica, ou seja, a partir de observação de Quadrinhos que estavam a minha disposição, e também pelo esforço de aprender. Mas tinha dois desenhistas que eu gostava muito do traço, eram Giovanni Ticci e Aurelio Gallepini, dois grandes desenhista do Tex. Depois a necessidade me enviou para outras paragens. O cara que se envolve em um projeto de HQ é porque deve estar preparado para qualquer coisa. O que a gente sabe vem das realizações e dos fracassos.
Ronimar: Procurei aprender o máximo possível observando os desenhos de revistas do Flash, Batman, Superman e tantos outros. Descobri nas bancas, publicações especializadas em dicas de desenho. Não sou um ótimo desenhista. Mas estou procurando aprender mais a cada dia.
Gabriel: É necessário muito esforço e dedicação para aprender a desenhar. Acho que está na cara a influência dos Quadrinhos de super-heróis em meus desenhos. Aprendi a desenhar copiando os desenhos de Mark Bagley em Homem-Aranha na década de 90. Mas para fazer Quadrinhos me foi necessário bem mais. Hoje procuro me interar mais sobre Quadrinhos.

Valeu pessoal! Obrigado Geuvar, Ronimar e Gabriel pela entrevista.

Nós é que agradecemos por esse carinho todo Eloyr e esperamos que o Bigorna continue com esse sucesso todo. Obrigado aos amigos dos fotologs, grandes parceiros nessa caminhada e dizer que a Liga do Cerrado #2 já está saindo, está prevista agora para novembro. Falou meu camarada.

O Bigorna.net agradece à equipe de produção da Liga do Cerrado pela entrevista concedida por e-mail e finalizada em 01/10/2007

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