Seis anos depois de originalmente lançada por Lei de Incentivo a Cultura do Governo de Belo Horizonte, Estórias Gerais chega ao grande público pelas mãos da Conrad Editora. Apesar de soar como oportunismo, pois o material foi lançado na Espanha há um ano - tendo notória repercussão - é sempre bom podermos voltar a ter contato com obras desse calão. A versão da Conrad possui o texto original de Wellington Srbek na introdução e um de Flavio Colin como extra, além de uma história curta e colorida ao final, a qual não havia originalmente. Todo livro é impresso em papel reciclado e possui apoio cultural privado, o que acaba por deixar o preço mais em conta para o leitor.
A história gira em torno de um jornalista que vai à cidade fictícia de Buritizal, ao norte de Minas e às margens do rio São Francisco em meados de 1920, no auge do cangaço. O jornalista percorre a cidade em busca de informações sobre Antônio Mortalma, temido cangaceiro que atormenta a região, e fica sabendo sobre a história de Manuel Grande, também considerado um fora-da-lei - apesar de ter motivos e conduta bastante diferentes de Mortalma. O livro conta com seis histórias diferentes, sobre seis protagonistas, tendo no fim as pontas amarradas por um único desenrolar. A técnica narrativa de Srbek é soberba, ainda mais aliada aos traços peculiares de Colin, os quais preenchem as páginas com distinta beleza. Cada personagem é muito bem caracterizado pelo desenhista, tendo feições singulares uns dos outros, o que acaba por acrescentar vida a cada indivíduo. O claro e escuro de Colin é perfeito, trabalho de um verdadeiro mestre. Nos textos Srbek só peca em alguns poucos momentos em raras falas, pois essas soam não artificiais, mas também não tão naturais.
Falar demais desse álbum só estragará a surpresa do leitor. Por isso deixo aqui a recomendação desse trabalho que não por acaso já foi ganhador dos dois principais prêmios do mercado brasileiro, o HQ Mix e Troféu Angelo Agostini. Tenham uma boa leitura.