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Por Cadorno Teles 24/09/2007 "Então, ele se levantou devagar, do meio de todo tipo de lixo, tenso, faminto, trêmulo, aflito e desconfiado." Você pode comer isto?", perguntou ela com sua voz branda e tímida. Ele deve Tê-la tomado por uma "bondosa senhora". Devorou o pão ferozmente, e lágrimas correram pela crosta. De repente, deixou cair o pó, agarrou o pulso da moça e deu um beijo em sua mão. Ela não se assustou. Por trás da lastimável aparência dele, Amy Foster observou que ele era bem apessoado. Fechou a porta e lentamente caminha de volta para a cozinha (...)". (página 38) No caso de Amy Foster, escrita em 1901, é um pequeno romance, publicado primeiramente na Illustrated London News no mesmo ano; uma aventura no seu estilo conhecido, mas é a mais desolada das histórias de Conrad, marcada em suas páginas pelo estudo da intolerância e do medo. Yanko Goorall, um imigrante polonês que viajava para a América, é resgatado de um naufrágio no litoral de Kent, Inglaterra. Sem saber falar inglês, é tratado como um louco, chicoteado, apedrejado e preso pelos habitantes da pacata cidade de Colebrook. Perdido e sujo, não sabe a quem recorrer. Logo, consegue um trabalho na fazenda do Sr. Swaffer, tenta aprender o inglês e conhece Amy Foster, uma jovem empregada da casa, também marginalizada pelos locais apenas por ser introvertida, considerada por alguns como uma bruxa. A única relação especial de Amy é com o mar. Uma mulher afetuosa; com ela, Yanko se casa e tem um filho. No entanto, depois de casada, não gosta que o marido fale sua língua com o filho do casal. Após alguns meses, cai doente e começa a delirar em sua língua nativa. Amy, assustada, pega sua criança e o abandona em seu último sofrimento. O desfecho, já dá para imaginar, o quanto é trágico. O personagem de Yanko, jovem perdido numa terra estranha, compartilha similaridades com o autor. Como seu personagem, Conrad é um polonês, vivendo na Inglaterra e em Amy Foster expressa seu sentimento de alienação para com a tolerância e o senso comum. Uma obra sobre coragem, individualismo e a resistência do coração humano. Vale a pena ler. Curiosidade: em 1997, o livro foi a base do roteiro para o filme O homem que veio do mar, (Swept from the Sea), com Rachel Weisz e Vincent Perez. |
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