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Resenha: O Cavaleiro da Morte
Por Cadorno Teles
22/08/2007

Saxões, um povo guerreiro que colonizou as ilhas britânicas, tomando as terras dos habitantes celtas - onde hoje é conhecida como Inglaterra - e controlando politicamente a região. Durante quase quinhentos anos, os saxões foram os donos verdadeiros daquelas ilhas, contudo, no século IX os vikings dinamarqueses invadiram e tomam grande parte da ilha, e o único baluarte de defesa é o frágil reino de Wessex, governando pelo rei Alfredo (849-899), culto e religioso governante do reino do sul.

O Cavaleiro da Morte de Bernard Cornwell (The Pale Horseman, tradução de Alves Calado, Record, 392 páginas, R$ 40,00), segundo volume da série Crônicas Saxônicas, abrange o período em que Ælfred sai do anonimato para o esplendor que o tornou conhecido como Alfredo, o grande, primeiro rei da Inglaterra. Segue o relato do seu predecessor – O Último Reino, narrado pela visão do valente guerreiro Uthred, nortumbriano órfão, criado pelos dinamarqueses, dividido entre a admiração por aqueles que lhe ensinaram viver pela espada e honra, e o rei de seu povo e de sua esposa, lutando consigo mesmo para qual lado ser fiel. Os dinamarqueses já conquistaram os reinos saxões da Nortúmbria, Mércia e Ânglia Oriental, e o rei Alfredo agora se vê obrigado a se refugiar, com seu exército remanescente, na região pantanosa de Athelingǽg. Assinando um armistício, Alfredo tenta reunir as forças dispersas, enquanto os vikings preparam uma grande invasão final. Entediado com a trégua, Uthred faz uma incursão à costa oeste de Cornwall, onde derrota o rei bretão Peredur e toma sua esposa, Iseult, como amante.  Retornando a Wessex, se junta ao rei cristão, para a culminante batalha de Edigton ou Etrandun.

Cornwell fixa neste segundo volume o desenvolvimento do personagem Uhtred, agora mais velho, dando ênfase no seu casamento, no nascimento de seu filho, em rivalidades pessoais, novas amizades e o desejo de recuperar suas terras na Nortúmbria. Diferentemente do título anterior, em O Cavaleiro da Morte não há tantas cenas de batalhas, mas àquelas descritas são soberbas. Um vivo e contagiante quadro da época, com a marca registrada de um mestre magistral como Bernard Cornwell, que emerge História real em uma ficção primorosa, oferecendo um retrato direto de um mundo em transição, da Idade das Trevas, violenta e sanguinária, a uma sociedade mais civilizada e coesa.

Outro ponto positivo deste segundo volume da saga Crônicas Saxônicas é a personagem Iseult, uma bretã, mulher reverenciada e respeitada pela sua visões futuras e pelo conhecimento da magia antiga, uma das últimas “rainha das sombras” ainda vivas, o autor representa com essa personagem o choque do paganismo e do cristianismo, e uma das cenas cruciais do livro é quando Eduardo, filho de Alfredo, cai gravemente doente e é salvo por um ritual mágico, considerado pagão, pelos devotos pais cristãos. Lealdade dividida, amor relutante, heroísmo desesperado, choque de culturas na medida para uma das melhores sagas de ação e aventura deste ano.

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