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Entrevista: Sergio Chaves
Por Eloyr Pacheco
10/08/2007

Sergio Chaves é muito conhecido no meio independente de Histórias em Quadrinhos por publicar o zine Justiça Eterna. Recentemente seu trabalho como editor rendeu-lhe o Prêmio Zine Brasil - Melhor Fanzine de 2005; o 4º Prêmio DB Artes Independentes, de Melhor Fanzine; o 23º Troféu Angelo Agostini - Melhor Fanzine de 2006, e o 1º Troféu Alfaiataria de Fanzines - Melhor Fanzine sobre Quadrinhos. Ele também edita o Efeito Dominó e está se preparando para lançar uma nova publicação chamada Café Espacial. Nesta entrevista, concedida por e-mail, Chaves fala - entre muitos outros assuntos - de seus projetos e como vê o mercado independente de Quadrinhos no Brasil.
 
Como surgiu seu interesse por Histórias em Quadrinhos e como começou a publicar o Justiça Eterna?

Através de meu irmão e um grande amigo nosso, adquiri o hábito de ler HQs, ainda que esporadicamente. Lia desde Mônica, Turma do Arrepio, Os Trapalhões, Disney, passando para Batman, X-Men, Homem-Aranha, entre outros. Foi com o gênero super-herói que comecei a me interessar cada vez mais por Quadrinhos. Quando a editora Abril Jovem zerou a numeração das publicações da DC, comecei a colecionar HQs, me tornando fã assíduo. Conseqüentemente, comecei a desejar conhecer cada vez mais o universo dos Quadrinhos. Comecei a interagir com outros leitores, e, especificamente através do extinto Liga de Leitores, do amigo Alexandre Soares, criei o fanzine Justiça Eterna. Isso foi em janeiro de 1999. No início, produzimos matérias relacionadas ao universo de super-heróis – reflexo do que líamos e conhecíamos, na verdade. Aos poucos, lá pela 8ª edição, fomos conhecendo e divulgando algo dos Quadrinhos nacionais e outros gêneros, inclusive. Na 9ª edição entrevistamos o mestre Júlio Shimamoto, e desde então firmamos nosso conteúdo à valorização das HQs, registrando sempre a cada edição um determinado quadrinhista em entrevista.

O Justiça Eterna está na edição #24... (eu sou péssimo para fazer contas...) Então, no começo não houve regularidade no lançamento do JEZ...

Regularidade, houve, sim. Apesar do grande trabalho de editar o fanzine com textos datilografados com colagens, sempre lançávamos um novo número a cada trimestre. Mas em meados de 2003 acabei me afastando do meio independente por problemas paralelos. E em abril de 2005, retomei fortemente minhas atividades, com o lançamento do nosso #16, entre outros trabalhos no meio independente. E apesar de ainda utilizarmos colagens na produção dos fanzines, passamos a utilizar textos digitados em computador, o que me facilitou consideravelmente na confecção de nossas edições. Hoje não tenho a periodicidade dos fanzines como prioridade, mas procuro estar lançando o JEZ trimestralmente, ou próximo disso.

Quais os prêmios que você já ganhou com o JEZ e como você encara isso?!

Em 2006, recebemos uma indicação ao HQ Mix e conquistamos o 1º Prêmio Zine Brasil - Melhor Fanzine de 2005 e o 4º Prêmio DB Artes Independentes, como Melhor Fanzine. Neste ano, fomos laureados com o 23º Troféu Angelo Agostini - Melhor Fanzine de 2006 e o 1º Troféu Alfaiataria de Fanzines - Melhor Fanzine Sobre Quadrinhos. E fomos novamente indicados ao HQ Mix deste ano, no quesito Melhor Fanzine, inclusive junto com outra de nossas publicações, o fanzine Efeito Dominó. Premiações e destaques como esses que recebemos são fundamentais para incentivar cada vez mais nossos trabalhos, que superam os mais diversos obstáculos para continuarem em produção. É um prazer indescritível recebermos tais premiações, que valorizam as produções de Quadrinhos em nosso país. É também como uma espécie de indicador que afirma estarmos no caminho certo, nos incentivando e entusiasmando para melhorarmos cada vez mais o nosso trabalho.

E como anda o Efeito Dominó?

Em breve lançaremos a 3ª edição, que sofreu um grande atraso, na verdade. Ocorreram muitos contratempos com o desenhista responsável por ela, e repassamos a bola para uma nova desenhista, Caroline Vieira. Se tudo correr como planejamos, até o início de setembro estaremos com o #3 pronto, que trará a história Indócil, que apresentará seqüência na vida de mais alguns personagens apresentados nos números anteriores. A 4ª e a 5ª edição já estão em fase de finalização também, e o ciclo da série será concluído no #6, o que não significa necessariamente o final da série em si.

Como você vê o meio independente no Brasil?

Promissor, apesar de todas as dificuldades. Digo promissor, pois vejo muitos editores independentes com boas propostas, em atividades e, principalmente, com atitudes em realmente batalhar por espaço em nosso país. As dificuldades são muitas, mas ficar se lamentando e de braços cruzados de nada adiantará. Para se obter um bom resultado, os quadrinhistas têm que idealizar um projeto, realmente acreditar nele, e batalhar para torná-lo real. Batalhar mesmo, persistindo e não se deixando desanimar diante das incontáveis dificuldades que temos por aqui. Vejo que o meio independente está se fortalecendo, unificando, e assim só teremos bons frutos, sempre.

Falando em fortalecimento e unificação: além de editar você também assina uma coluna no Zine Brasil, coordenado pela Michelle Ramos, não é?

Justamente. No site Zine Brasil mantenho a coluna Universo Subterrâneo, e também colaboro com o site Alternativa Marília, onde em ambos escrevo algo sobre Quadrinhos e minha visão pessoal sobre o mercado e seus lançamentos. Infelizmente, devido aos trabalhos que venho mantendo (e sempre ampliando, até), não disponho que tanto tempo quanto gostaria para me dedicar aos sites, mas procuro estar sempre em sincronia com eles, pois tratam de importantes espaços para a divulgação de meu próprio trabalho, assim como a propagação das Histórias em Quadrinhos entre outras artes. 

Quais são seus planos e projetos editoriais, pode falar um pouco disso?

Estamos com um novo projeto engatilhado, o da criação de uma revista independente, que se chamará Café Espacial. Nela, teremos a publicação de HQs, contos, artigos, música (com destaque às bandas independentes), e artes em geral. Nossa primeira edição já está fechada, com os colaboradores selecionados e tudo mais. Minha pretensão é estrearmos agora em setembro, mas o único fator que poderá adiar um pouco mais será a falta de grana pra suprirmos os gastos de gráfica. Mas estamos batalhando para isso.

Você pode falar um pouco mais sobre a edição: quais as HQs, os colaboradores?...

De quadrinhos, teremos a presença de DW, Fabio Lyra (que conquistou o último HQ Mix como Desenhista Revelação), Leonardo Pascoal, Laudo Ferreira Júnior e um trabalho meu junto com o desenhista Ebbios. Nos demais trabalhos da revista, teremos também a participação da jornalista Lídia Basoli (que também é nossa colaboradora no Justiça Eterna com a coluna Textos e traços) e Rafael Rodrigues, Talita Prado, Eder Saragiotto e André Chaves. Publicarei ainda a entrevista que fizemos com o mestre Flavio Colin no final de 2001, que publicamos no JEZ #12, em 2002, e haverá uma seção para a divulgação de bandas independentes, ainda em definição.

Muito obrigado pela entrevista, Sergio.

Eu que agradeço pelo importante espaço aqui para falar um pouco sobre nossos trabalhos neste site que tem sido um dos mais importantes meios de divulgação das Histórias em Quadrinhos no Brasil.

O Bigorna.net agradece a Sergio Chaves pela entrevista concedida no dia 3/08/2007.

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