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Resenha: Cão-da-Lua
Por Cadorno Teles
23/07/2007

Os anos 1980 formentaram a ficção científica brasileira, eram lançamentos de autores brasileiros, séries como Jornadas nas Estrelas e Star Wars, traduções de clássicos da ficção, como A Guerra dos Mundos (1898), de Herbert George Wells; Duna (1965), de  Frank Herbert; era Ray Bradbury, Isaac Asimov, Arthur C. Clarke e Robert A. Heinlein para todo lado. Contudo, os anos se passaram e devido o gênero se perder em alguns títulos, decaindo tanto, que só sobreviveu pelo fãs apaixonados. Estamos falando da ficção científica, passada em outros mundos, com viagens interplanetárias e raças e povos diferentes dos humanos, em relação aos outros ramos do tema, as iniciativas de algumas editoras, como a Novo Século, a Aleph, a Devir e o selo Unicórnio Azul, entre outras, estão fazendo a fantasia, a realidade alternativa, tecno-thrillers ter um público leitor cativo.

Segundo Marco Bourguignon, da Scarium Magazine, a "culpa" é que o Brasil não tem tradição tecnológica suficiente capaz de despertar o interesse pela Ficção Cientifica espacial, enquanto em países como os Estados Unidos, Rússia, França e até mesmo a China, mensalmente há lançamentos de títulos com narrativas passadas em outros mundos. Falando da França, o lançamento da Rocco Jovens Leitores, Cão-da-Lua (Chien-de-La-lune, tradução de Clóvis Bulcão, 220 páginas, R$ 29,00), do editor e jornalista Eric L'Homme, é um bom exemplo do que acontece lá fora. Primeiro volume da nova série de L"Homme, Os Senhores dos Rochedos (Lês Maîtres dês Brisants ), após o sucesso de Os Senhores das Estrelas, suas duas séries conseguiram encantar o crítico mercado francês, vendendo juntas centenas de milhares de exemplares.

Uma aventura intergaláctica, entre uma guerra estelar e a disputa do poder de um sistema planetário. O leitor irá conhecer o Sistema de Drasiil, na Galáxia de Eridam, percorrer os Caminhos Brancos - espécie de corredores espaciais que ligam o Planeta Morto aos demais planetas do sistema. A narrativa se inicia no Planeta Morto, planeta central do sistema de transporte sideral, um dos lugares mais estratégico do sistema ameaçado pelo clã Muspell. O comandante Brînx Vobranx, incumbido pelos generais-condes de Nifhell de confeccionar o mapa do Planeta Morto, percebe a ameaça. São mais de duzentas naves vindo em direção ao Planeta Morto e tudo indica que Muspell acaba de romper uma trégua de quatro anos. Os nove generais-condes, decidem enviar seu melhor estrategista, Vrânken de Xaintrailles, com sua nave Cão-da-Lua, para o confronto. Sua nave é uma das únicas capazes de defrontar o cosmo sem usar os Caminhos Brancos. Desconfiado, teceu a idéia a problemática de entender o sentido daquele ataque.

Embarcam com o capitão Vrânken, três estagiários, que são os fios condutores da história: Mörgane, uma jovem adivinha, Xavier, filho de um dos generais-condes e Mârk, o auxiliar de coxinha, vindo de uma classe menos privilegiada. Os três jovens seguem a tradição de quem completar seus 13 anos de idade, são obrigados a cursar um treinamento militar de três anos. Ignorando sua missão e apesar dos grandes perigos, partem pelo Universo e conseguem chegar a tempo para conter o ataque inimigo. Uma vitória arrasadora, todas as naves de Muspell foram destruídas ou avaliadas. Contudo, Vrânken nota que as naves eram velhas demais para efetuar um ataque e que algo estava errado. Ao receber uma mensagem de urgência de Niphell, reconhece que fora enganado: uma frota enorme avança para conquistar o planeta-capital. Esse era o sentido do ataque, e agora ele terá que voltar para defender o lar dos generais-condes, o baluarte do bem de Drasiil.

Um argumento bem construído, com toda a substância clássica de um cenário futurista, no melhor estilo Buck Rogers e Flash Gordon, mas com mais personalidade na caracterização dos personagens. L'Homme cria um universo bem original, com a finalidade de entreter, mas também para ensinar e resgatar valores morais esquecidos aos jovens.

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