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Resenha: Um Dia Uma Morte
Por Eloyr Pacheco
13/07/2007

Impecável! Esse é o adjetivo que quero usar para qualificar Um Dia Uma Morte, de Fabiano Barroso e Piero Bagnariol. O álbum (já noticiado aqui) é o primeiro a ser lançado pelo selo Coleção 100% Quadrinhos, da Graffiti 76% Quadrinhos. O selo começa com “os dois pés direitos”! Comecemos pela parte gráfica: o projeto gráfico é requintado, o cuidado foi muito grande. Lombada quadrada, orelhas, capa em papel cartão com laminação fosca, miolo impresso (totalmente em cores) em papel couché... O projeto editorial é objetivo: introdução e vamos logo ao que interessa, a HQ. Créditos no lugar certo e uma quarta capa inteligente, basta.

Quanto à HQ não se pode falar muito para não estragar o deleite (e surpresas) do leitor. Fabiano Barroso costura o cotidiano de Luís, Farofa, Gil e Jaime de forma inteligente e de maneira concatenada, as alternâncias entre presente e passado são perfeitas. Flashbacks nos momentos certos. Seu ritmo de narrativa é lento, - esse nem é o termo correto, cadenciado seria melhor adequado no caso, - mas na medida. As coisas vão acontecendo como deveriam para valorizar o final, surpreendente. Um “fractalismo” que funciona muito bem e que nos leva a pensar em questões tipo “o-que-aconteceria-se...”.

A arte de Piero Bagnariol, de tão simples e sensível, me emocionou pela sua funcionalidade: as ilustrações se colocando simplesmente a serviço de narrar a história, sem histerias e arrogância de “vou mostrar o quanto eu sou bom”. A pintura feita à mão (a obra é toda aquarelada, o que dá uma trabalheira danada!) foi um risco calculado: às vezes a impressão escurece ou clareia, o original nunca é reproduzido com fidelidade, mas nesse caso o quadrinhista apostou no resultado final. Deu certo! Algumas páginas panorâmicas como a de número 33, que se presta a ser capa, são extremamente pesquisadas e utilizaram de referências extraídas diretamente do real. Aqui preciso fazer um comentário à parte. Particularmente sou contra uma capa extraída do miolo, gosto de oferecer mais uma ilustração ao leitor. Mas, mais um ponto aos produtores da edição que tiveram a sensibilidade de escolher uma página para compor a capa que representa mesmo o conteúdo da revista, porque antes de ser uma história de personagens é uma história de um lugar, uma comunidade. Isso me remete à obra O Edifício, do mestre Will Eisner.

O único probleminha (coloco no diminutivo devido à grandeza do álbum) de Um Dia Uma Morte está no letreiramento. Foi utilizada uma fonte que não tinha cedilha, e, como foi colocada à mão ela acabou saindo do lugar de forma inconveniente. Um Dia Uma Morte precisa ser lido porque é um excelente exemplo de que o mundo dos Quadrinhos não é feito somente de super-heróis e de que a riqueza da cultura popular de nosso país pode inspirar ótimas histórias. Que venham outras tão boas quanto!

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