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Por Jozz 13/07/2007
Conferir o que está em cartaz nas grandes salas este mês para o público infantil nos leva a questionar o que realmente é fazer filmes para crianças. É uma tristeza para o Cinema nacional que filmes brasileiros de ótima qualidade não tenham a devida atenção diante da atitude predatória dos blockbusters que dominam os esquemas de distribuição no país. É neste cenário que acontece a 15º edição do Anima Mundi, evento que sempre contribuiu para a democratização da animação nacional e traz nesta edição, como longa metragem principal, o filme brasileiro Garoto Cósmico, de Alê Abreu. A estréia foi na quarta-feira (11), no primeiro dia do evento em São Paulo, no Memorial da América Latina. Bem a tempo! Apesar de estar sendo exibido em um festival e não ao lado, por enquanto, dos tais blockbusters, o longa de animação se faz necessário neste momento por trazer à tona o que falta a nós: pensar com a própria cabeça, dar valor ao que é nosso, e não se render aos enlatados por simples falta de opção ou conhecimento. O filme conta a história de três crianças: Cósmico, Luna e Maninho, que vivem em um mundo futurista, onde suas vidas são totalmente programadas. Certa noite, os três perdem-se no espaço e descobrem um universo de infinitas possibilidades acompanhando um pequeno circo. Depois de muita brincadeira, o mundo da programação envia um representante para resgatá-los. É hora de escolherem seus próprios caminhos. O filme é feito em animação convencional, 2D, e traz as vozes de Arnaldo Antunes, Vanessa da Mata, Raul Cortez, e participação especial de Belchior. Será exibido novamente no domingo, dia 15, às 16h. Na entrada do evento há um grande stand da Petrobras, patrocinadora do filme, com diversos materiais interativos para saber mais sobre o longa. O diretor, Alê Abreu, é o homenageado brasileiro deste ano e participará do Papo Animado, no sábado, às 19h30, apresentando todo o seu portifólio. Outros destaques desta primeira noite de Anima Mundi foram os curtas-metragens. A sessão Curtas 2 dividiu as opiniões do público devido à grande qualidade dos filmes, em especial os produzidos na técnica de stop-motion. São eles, Liebeskrank, de Ute Dilger, e Off Beat, de Will Becher. O primeiro é feito com bonecos, e apesar de falar de algo recorrente como o amor, sabe sair do lugar comum. A direção de arte é o seu forte. O segundo, feito com massinha, tem apenas três minutos, mas é o suficiente para contar um a história ótima, engraçada e inteligente sobre a cara-de-pau humana. A animação em si – expressões e movimentos – é extremamente bem feita. Outro curta que surpreendeu é o Lapsus, do argentino Juan Pablo Zaramella. Todo preto e branco, com traço simples e muito bem controlado. Foi o que mais tirou risos da platéia, que foi unânime em dizer: “Não é preciso uma animação longa e realista para fazer a coisa funcionar”. Se alguém ainda ficou em cima do muro, com certeza é por causa do Moya Lyubov, de Alexandre Petrov. O animador russo mais uma vez deixa todos maravilhados com seu desenho e técnica de pintura em vidro, produzindo um curta melhor do que O velho e o mar - seu filme anterior exibido no Anima Mundi -, mas, ainda assim, longo e um pouco cansativo. Dois curtas apenas chamam a atenção na sessão Curtas 3. Um é o The mystery of Pig City, de Garth Jones e Johnny Luu. Nota-se uma grande influência dos filmes da UPA. Traz uma montagem que mais parece vinheta de abertura de programa de TV, mas justamente por isso, diferenciou-se. Conseguiu contar desta forma a história de um garoto que tenta salvar seu gato roubado em uma onda de furtos feitos por braços mecânicos. E o outro curta é o brasileiro Bandeira, de Antonio Fialho. A animação é boa, mas o argumento ótimo. Trata-se de uma fábula sobre as desigualdades sociais nos centros urbanos. Este foi apenas o primeiro dia de Anima Mundi, mas deixa a leve impressão de que os poucos filmes latino-americanos que apareceram até agora foram os mais relevantes. Clique nos links a seguir para ver algumas fotos do 1º dia do Anima Mundi 2007 em São Paulo. |
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