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Resenha: Gorjeta #4
Por Matheus Moura
28/06/2007

O pessoal de Cuiabá não tardou e já lançou o quarto número da revista Gorjeta (15,55 x 22 cm, 32 páginas, R$ 3,00). E as novidades já começaram com o lançamento feito em dois lugares diferentes, como noticiado aqui no Bigorna.net. Para aqueles que se deleitaram com os números anteriores, não haverá decepção, tudo (ou quase tudo) que havia nas três primeiras revistas está de volta. Rick Milk e seu Diário de um Casal mantêm a qualidade já apresentada, com tiras cheias de bom humor e narrativa fluída – é até capa da edição. Vinícius, que nos apresentou sua personagem Tetéia, a Gostosa na terceira Gorjeta, abre a revista com uma história curta de uma página; o único problema dessa é o português da última fala: mim antes de verbo é dureza. O editorial, por sua vez, dá continuidade ao clima descontraído dos anteriores e aproveita para apresentar os artistas que figuram na edição, coisa que faltou em números anteriores.

Na página do editorial e na entrevista, a identidade da revista é fixada com a imagem dos porcos. Escrevendo sobre a entrevista, esta foi feita com o Grupo de Teatro Urieu, e ao contrário da anterior com Rodolfo Scheffler, a equipe da Gorjeta não conseguiu seguir a linha séria, e voltam então aos escrachos dos primeiros números, nada que comprometa a entrevista, pois mesmo com o clima largadão - o qual transparece -, a entrevista tem seu caráter sério. Apolônia, de Giorgio Cappeli, continua com uma página só e com boas tiradas. Zezé não é mais “e Companhia”, mas sim O cartunista Pistoludo, a característica autobiográfica contínua, o que dá um clima diferenciado para a história feita por Vinícius, apesar de ser tão nonsense quanto as anteriores. Gabriel de Mattos estréia Jones Silva, história de uma página com uma boa proposta, apesar de alguns defeitinhos como o desenho simples com problemas de anatomia e de texto, quando no final o personagem diz que só falará uma palavra, sendo esta estendida por dois quadros.
 
Dudu, O Garoto Porco é uma história escrita por Thiago A.S. Rachid Jaudy e desenhada por V.C. Gressana. É uma história legal, mas para mim pessoalmente perdeu um pouco da graça devido às referências de abuso animal, atos que abomino totalmente. Fora isso segue tranqüilo, com uma narrativa interessante e bons desenhos. Na seqüência a melhor novidade da revista, Tânia, uma Paixão, com textos de Giogio Cappelli e Marcelo Boratto; desenhos de Giorgio Cappelli com arte final do que parece ser o pai dele, já que é denominado de Cappelli Sênior. A HQ narra as agruras de Tânia, mulher mal-amada que busca a todo custo um parceiro. Antes do fim há mais Tetéia a Gostosa: nesta nos é mostrado que a personagem realmente é gostosa, com cenas picantes e provocantes, além disso, há a crítica ao estereotipo da mulher bonita e burra. Para finalizar, duas tiras de Marko Ajdarić, o homem do Neorama dos Quadrinhos, e Marcio Baraldi, o Roko-Loko. Ambas as tiras foram feitas com fotografias e inclusão de texto mais elementos gráficos. Simples e com boas sacadas.
 
A revista Gorjeta contínua sua empreitada e já promete o quinto número. Se a qualidade continuar constante assim como a produção, daqui a alguns anos a revista já poderá ser referência no cenário nacional. Em suma, Gorjeta é uma revista que deve ser conhecida pelos que ainda não o fizeram, e para os iniciados fica a certeza de encontrar um material de qualidade. Para receber sua Gorjeta basta escrever para o email revistagorjeta@hotmail.com ou acessar o blog da publicação.

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