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Resenha: O caderno secreto de Descartes
Por Cadorno Teles
27/06/2007

O que têm em comum a matemática e a filosofia de René Descartes e o misticismo que paira na Ordem Rosacruz? O pensador francês, nascido no ano de 1596, finais do século XVI e entrada do século XVII, foi um dos introdutores de um dos elementos para a investigação filosófica e cientifica, à marcha ascendente em rumo ao mundo moderno. A lendária Ordem mística dos rosacruzes foi uma fraternidade que defendeu o autoconhecimento humano e uma mudança pessoal de hábitos, pensamentos e sentimentos; segundo a doutrina de seus livros, isto só é possível ao dissipar o véu da ignorância que cobre os olhos da maioria dos homens, unificando por meio da ciência tudo que se sabia.

De certa forma, há uma semelhança entre o racionalismo de Descartes e as doutrinas dos rosacruzes, contudo não há provas contundentes da existência dos autores dos textos. O livro O caderno secreto de Descartes – um mistério que envolve filosofia, matemática, história e ciências ocultas (Descartes' Secret Notebook – A true tale of Mathematics, Mysticism, and the Quest to understand the universe, tradução de Maria Luíza X. de A. Borges, Jorge Zahar Editor, 232 págs., R$ 44,00), do matemático norte-americano Amir D. Aczel, procura traçar, como no título já traz explícito, uma real confluência entre os dois lados da história, o verdadeiro e o místico.

Um dos biógrafos de Descartes, Adrien Baillet, citado no livro de Amir, disse que quando saíram os manifestos rosacruzes, Descartes tentou a todo custo entrar em contato com aqueles que prometiam abrir os segredos de doutrinas secretas – na época era normal para os sábios, cultos senhores ou qualquer um que procurava conhecimento se interar de informações sobre magia, alquimia e ciências naturais, que estavam bem ligadas. Para dar um exemplo, Isaac Newton, em suas equações refletia os números da cabala judia. Contudo, o pensador da frase imortal "penso, logo existo" nunca encontrou, ou pelo menos não há provas desse encontro, nenhum rosacruz. Mas a leitura e o estudo dos textos e a motivação que o ideal da doutrina dos rosacruz levantou poderia estar ligado ao pensamento cartesiano.

O autor, após escrever livros, um sobre o Enigma de Fermat e outro sobre a bússola, agora conta a vida de Descartes a partir de um misterioso caderno, que G.B. Leibniz encontrou e copiou, onde tinha anotações que o matemático das coordenadas nunca pensou em publicar. Aczel traz numerosas e fidedignas informações sobre a vida e os descobrimentos do filósofo, em uma narrativa agradável e que mostra um lado bem desconhecido deste pensador, que agia como um bom católico que sempre foi, e seus segredos estavam ligado à concepção matemática e racional das coisas, mas o medo da fogueira, do exílio ou do silêncio resultou em seu caderno secreto.

Amarrado em uma boa pesquisa, resultado até de uma viagem à Paris, para onde o autor alugou uma casa na área antiga da cidade, que ainda conserva o ar do século XVII para melhor estudar sobre a vida e obra do francês, o livro é uma boa obra sobre esse homem envolto na razão e no mistério e com certeza atrairá leitores para se conhecer melhor esse homem tão importante para a nossa era.

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