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Resenha: Os Gângsteres mais perversos da história
Por Cadorno Teles
22/06/2007

Quem vê os Estados Unidos pode até imaginar que sua história, em grande parte, foi marcada pela violência. Contudo, não conhece os acontecimentos reais que comprovam essa idéia. Houve lá uma guerra civil, que levou grande parte do país à miséria, vários de seus presidentes foram assassinados e em nenhum outro lugar do planeta o crime se organizou como nos Estados Unidos, de uma forma empresarial, onde cidades inteiras e até mesmos estados estavam à mercê dos gângsteres da Máfia, principalmente durante as décadas de 1920 e 1930.

O livro Os Gângsteres mais perversos da história (The most evil mobsters in History, tradução de Magda Lopes, Planeta, 286 págs., R$ 39,90) de Lauren Carter traz um retrato biográfico dos 15 maiores chefões da Máfia, líderes criminosos que aterrorizaram cidades como Nova Iorque e Chicago e tomaram de conta do território norte-americano com negócios como a extorsão, contrabando e mortes por encomendas. O livro traz as biografias de Joseph Bonanno, cuja vida inspirou a saga O Poderoso Chefão, de Francis Ford Coppola; Al Capone, um dos mais conhecidos mafiosos da história – o Scarface; Paul Castellano, o "respeitável" homem de negócios que mascarou seus crimes com empresas, como floriculturas; Frank Costello, "dono" de prefeituras e de cadeiras no Congresso e no Senado; Carlo Gambino, o primeiro poderoso chefão; Vito Genovese, uma lenda dentro da Cosa Nostra, fundador de uma das famílias mais poderosas; Sam Giancana, o rei do mundo subterrâneo de Chicago e um dos mais impiedosos; John Gotti, último capo de tutti capi; Sammy Gravano, o assassino que testemunhou conta seus comparsas; Meyer Lansky e Bugsy Siegel, os mafiosos judeus; Lucky Luciano, fundador do sindicato do crime na América; George Moran, o mais cruel de todos os chefões; Dean O'Banion, o rival de Al Capone; e Dutch Schultz, o dono da cerveja.

Os negócios que cada um controlava davam lucros exorbitantes, criando uma rede que unia o jogo ilegal, casas de prostituição, crimes encomendados (pistolagem), a máquina de propinas e subornos, redes de proteção, extorsão, corrupção e o seu principal impulso do poder acumulado, a venda ilegal de bebidas alcoólicas. A autora consegue abordar a história da Máfia, sem os retoques hollywoodianos ou romanceados, pela ótica da vida de seus líderes. Dos meados do século XIX, com os imigrantes italianos chegando na América, que evitando organizações como o governo local e a polícia, "depositavam sua confiança nas famílias e, posteriormente, em seus chefes comunitários, os capo, formando assim a Cosa Nostra americana, que se adaptou ao american way e formaram a uma aliança nacional que pouco tinha a ver com a proteção de seu povo e sim com o crime".

Diferente do lado "nobre" da Máfia siciliana, a Máfia americana foi mais fria e sanguinária, sem honra e sem escrúpulos para fazer dinheiro. Lauren Carter consegue fazer uma análise histórica de cada um dos chefões, e mostra que muitas organizações estabelecidas pelos gângsteres ainda sobrevivem nos dias atuais, mas com outros nomes. Um fascinante estudo do crime organizado, e em poucas palavras, crueldade e sangue, uma realidade bem diferente do que se imagina.

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