|
Por Bira Dantas 15/06/2007 Todo desenhista tem a intenção de se aprimorar e uma boa forma é o desenho por observação. Sair reproduzindo cachorro, gato, papagaio, quarto, sala, cozinha, pai, mãe, irmãos e até a vizinha (ops)! Como eu tenho uma página mensal de cartum e texto no Meu Jornal Campinas, onde retrato a cidade, as pessoas e prédios, já virou um hábito sair desenhando tudo. E às vezes eu, mais introspectivo, desenho de dentro do meu apê. Assim desenhei um bosquinho através da janela. E minha mulher escreveu um texto de como adorava “o farfalhar das folhas das árvores, o cheiro de terra molhada depois da chuva, os pássaros como pequenas porções de tinta colorida ensaiando onde pousar nessa tela feita de folhas vivas...” e como detestava “insetinhos desses que picam a gente”. Bem, hoje não vou escrever sobre bares cheios de caricaturas e cartuns, menores livrarias do mundo que lançam tudo de Quadrinho nacional e nem de Angelo Agostini e suas primeiras peripécias nas charges. Nem vou falar de prédios da cidade, parques ou lugares importantes. Vou retomar meu lado mais “natureza”. Hoje vou falar do céu e das nuvens, porque acho que a gente não presta muita atenção neles. Olhando pra fora O fato é que a gente cresce e esquece de olhar pra cima. Só olha pro chão, pra desviar dos detritos caninos que pessoas bem educadas continuam fingindo que fazem parte das calçadas campineiras. Ou olha pros lados, pra evitar uma surpresa desagradável como um sujeito mal encarado e armado exigindo celulares, carteiras ou tênis; além de olhar pro pulso, sempre checando o relógio e os compromissos assumidos. E assim, deixamos de lado esse céu maravilhoso, o universo, o sem-fim de estrelas, planetas e galáxias que se estendem ao infinito... e além (como diria Buzz Lightyear em Toy Story)! O céu não é o limite Ela escreveu que “se olharmos para este pequeno bosque estando na rua, o pobre coitado não passa de um fundo de quintal” e que “mesmo sabendo que não passa de um fundo de quintal, adoro olhá-lo pela janela do meu quarto e enxergá-lo majestoso, imponentemente verde, pintado de pássaros. O bosque do lado de casa, como tudo na vida, para ser bosque, depende do ponto de vista e do que a gente quer ver”. Pois é isso! Quando vamos sair de casa, olhamos para o céu pra decidir a roupa que vamos usar. São as nuvens que nos ajudam a decidir se vamos ao clube ou ao cinema, ou ainda, se vamos nos enfiar embaixo dos cobertores e pegar um bom livro, filme ou uma xícara de café, chá ou chocolate quentinho. Antigamente as pessoas previam como seria o dia olhando pras nuvens. Alguns gregos previam os desígnios dos deuses, seus destinos e de heróis olhando o vôo dos pássaros. Descobri na Internet uma sociedade para apreciadores das nuvens: os Nefelibatas, palavra grega que significa "aqueles que andam ou vivem nas nuvens". Talvez seja o que falta pra gente. Olhar para o céu, tentar entender a linguagem das nuvens e virar meio nefelibatas. Bira Dantas é chargista, caricaturista, gaitista, pisciano e tal qual D.Quixote – cujas aventuras está desenhando em Quadrinhos - vive com a cabeça nas nuvens. |
Quem Somos |
Publicidade |
Fale Conosco
|