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Por Gazy Andraus 15/06/2007 O universo dos fanzines é mais rico que o universo dito oficial das produções editoriais. Primeiramente porque não há “oficiais” nos fanzines, o que por si só já traz algo de novo, que inexiste num mercado que envolve em primeira instância o capitalismo e o lucro. E é nesse universo alternativo que despontam trabalhos criativos, arrojos e pessoas de alma e mente sintonizadas com a vida e com as relações fraternas. Um destes seres é Aline Ebert, que percebeu a riqueza do fanzinato e se inseriu naturalmente nele, produzindo zines impressos e virtuais, bem como incentivos aos novos zineiros, e a eventos na área. Mas ela não faz apenas fanzines impressos, pois tem um site chamado Ninaflores em que expõe seus pensamentos, informações, resenhas de outros zines que recebe, e dos próprios, em papel que elabora, como o Relicário de palavras, já no quinto número. Na verdade, ela mesma explica no site que o relicário começou na versão digital, em outubro de 2002, e devido à sua deleção graças ao HPG, já que começou a cobrar sem mais nem menos a hospedagem virtual, passou-o à versão impressa. Mas a estudante de jornalismo (já quase formada) não se detém apenas a fazer e divulgar seus zines, pois também colabora na área fanzineira organizando eventos e dando palestras, como o Subjetividades no Papel realizado em julho de 2006 em São Leopoldo-RS (cidade em que Aline reside). O evento teve as seguintes atrações: * Encontro de editores e apreciadores de fanzines; Algo, porém, precisa ser mencionado, para que os incautos se apercebam de que há uma diferença entre o fanzinato e a editoração oficial de revistas e Quadrinhos: a autoralidade! Pode-se dizer que os fanzineiros (ou zineiros) são, em sua maioria, autores, com um compromisso pessoal de manter acesa a chama da originalidade e manutenção de seu ideário. Aline reforça isso em seus zines, como o Relicário, já que são feitos de paixão e amor e intervenção manual, com recortes, xerox, cola e grampos. Mas não só: têm mensagens únicas, pessoais, femininas e universais, de altíssima sensibilidade, como por exemplo pode ser lido na capa de seu Relicário #5: “Porque toda relíquia deveria mexer um lugar especial... lugar? Físico e/ou sentimental. Amor”. Aline, em seus escritos e informações, se porta como uma jornalista, mas não só: uma poetisa-jornalista, que incorre no equilíbrio ambi-hemisferial cerebral, juntando esquerdo (racional: informação) e direito (intuição/sentimento), ingredientes que fazem o ser humano mais humano e menos máquina. Ela mesma, quando divulga informações que recebe ou com as quais se depara, em alguns momentos escreve que as “sentiu” e não que simplesmente apenas as “recebeu”. Ora, sentir, significa envolvimento complexo, sistêmico, como quer Edgar Morin, ampliando a consciência e não apenas passando a informação tecnicamente. A Aline zineira é antes disso, humana, humanista, e essa é a formação básica profissional de qualquer cidadão, não apenas a técnica. Aline não aprendeu isso nos fanzines, mas decerto o desenvolveu na conjunção e elaboração e manutenção zineira, espargindo tal sentimento. A função real dos fanzines é mesmo essa, similar ao que querem os defensores da língua Esperanto. Mas pode-se dizer, aqui, que os zines conseguiram chegar e ultrapassar o alcance que o esperanto tem desejado. O bom, é que os fanzines têm a mesma premissa que a língua esperantista: a fraternidade e comunicação universal sem que a base seja egoísta ou interesseira, como acontece no mundo dos negócios, encabeçados pela língua inglesa. Além disso, o companheiro de Aline, Ricardo, criou também o site Dissonância. Nele, há igualmente a bela e livre anarquia criativa que se encontra nos zines impressos e e-zines em geral, com muita arte e atitude de vanguarda. Longa vida aos zines, e à zineira humana-humanista Aline (Flores) Ebert e a todos os outros zineiros que nesse metiér comungam a universal chama da fraternidade! |
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