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Resenha: Cinderalla
Por Matheus Moura
30/05/2007

Não é de hoje que os mangás andam fazendo sucesso no país e atualmente muito disso se deve à Conrad Editora, a qual vem apostando em títulos inusitados no mercado brasileiro. Um bom exemplo disso é o álbum Cinderalla (2006, 146 págs. coloridas, formato 14 x 21 cm, ao preço de R$ 29,50) de Junko Mizuno, autora bastante conhecida no Japão por misturar traços infantis com temas bizarros. À primeira vista, com sua capa rosa e desenhos bonitinhos, o mangá aparenta ser dedicado a um público infanto-juvenil feminino; ledo engano, a abordagem dada pela autora à obra -que é mais conhecida pela versão de Charles Perrault, datada de 1697, tendo até uma versão dos Irmãos Grimm - destoa bastante da original.

O pano de fundo é basicamente o mesmo: menina que é explorada se apaixona e sai em busca de seu amor (o Príncipe, no caso, é o nome do cantor) em um baile (aqui é um show). Ao contrário da obra original na qual Cinderela perde o sapatinho de cristal, Cinderalla se torna uma zumbi pelas mãos de uma fada - já que seu Príncipe é um - e na fuga, ao tropeçar, perde um olho. Há várias outras diferenças destoantes da versão light da trama, como: ao invés de ter uma madrasta má, Cinderalla se depara com uma família de zumbis que a exploram até os ossos.

Com relação à trama e ao decorrer da narrativa da autora, tudo transcorre sem problemas, com fluidez e segurança. Já os traços, como Junko mesma afirma, são bastante influenciados por Hideshi Hino (autor de Panorama do Inferno, publicado pela Conrad em 2006) e essa influência é bem perceptível, principalmente nos personagens. A autora ainda abusa de elementos sensuais, por diversas vezes Cinderalla é retratada somente de camisola ou mesmo com os seios à mostra. Cinderalla, diferente de outros mangás da editora, é recheado de extras, tendo ao final páginas de publicidade de produtos oferecidos no mundo da personagem, mais duas pequenas histórias curtas contando o porque da madrasta de Cinderalla comer tanto, um clip quadrinizado de uma música do Príncipe e uma entrevista com a autora. Para fechar, há ainda uma página com 24 adesivos com personagens do mangá.

Este é uma boa pedida àqueles que gostam de ler coisas diferentes, porém os mais tradicionalistas não verão nada demais, a não ser a mistura não convencional. Recomendado, entretanto não esperem algo inovador, apenas uma boa história.

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