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Resenha: A Máquina de Xadrez
Por Cadorno Teles
24/05/2007

Xadrez, antigo jogo dos reis, poderia ter várias concepções, como nos mostra a sua própria história, de suas origens aos dias de hoje. Mas para jogar xadrez é necessário ter técnica para criar uma boa estratégia e tática. O xadrez é um exercício para a mente, como a maioria dos jogadores ou enxadristas comentam, e que forma uma percepção matemática incrível, ou como Goethe disse: "xadrez é a ginástica da inteligência". O próprio Goethe era enxadrista, e seu primeiro romance foi um sucesso e colocava o xadrez como arma para vencer os nossos demônios. E o jovem jornalista alemão Robert Löhr, em sua estréia na literatura, consegue fazer bonito perante a crítica e o público leitor. Não há nada melhor que iniciar uma carreira com o pé direito, como em seu A Máquina de Xadrez (Der Schachautomat, tradução de André Del Monte e Kristina Michahelles, 406 págs., R$ 50,00); lançado pela editora Record, nos mostra a história de um invento lendário, o autômato que encantou a Europa no século XVII.

Uma extraordinária história que une de forma magistral a originalidade da narrativa e o entretenimento de uma aventura histórica. Baseando-se na história real de Wolfgang von Kempelen e seu autômato que jogava xadrez – o Turco Mecânico, máquina cativante que espalhou seu encanto pelo Império Austro-Húngaro e por todas as cortes européias, o autor consegue dar vida a um acontecimento ímpar e de irresistível joie de vivre que poderia se rivalizar, como Tanja Howarth e outros críticos compararam, com obras como O Perfume – história de um assassino, do também alemão Patrick Süskind, ou A sombra do vento, do espanhol Carlos Ruiz Zafón. A Máquina de Xadrez, como as duas obras citadas, introduz o leitor a um cenário único, ambientado em um acontecimento real; a história é assim moldada e bem construída numa narrativa de mistério e intriga que, como o autômato, encanta e diverte.

Uma história original, pelo argumento mágico e pela sensação inicial de estar lendo um conto; Löhr cria uma história sensível que se desenvolve de uma maneira perfeita. A narrativa tem seu início quando o elegante von Kempelen encontra o anão Tibor Scardanelli em uma taverna; Tibor era um hábil enxadrista e ganhava a vida apostando partidas de xadrez pelas tavernas que encontrava. Assim, o nobre encontrou uma forma de encantar a corte imperial austríaca, o Turco jogador de xadrez, enquanto se dedicava ao seu projeto principal: uma máquina que pudesse falar. Tibor levaria a vida oculto dentro da máquina e escondido no castelo do barão, em um segredo confinado entre o inventor, o marceneiro e o angustiado anão.

O clímax da história acontece quando uma aristocrata é encontrada morta em circunstâncias misteriosas, e assim a máquina pensante se converte em objeto de espionagem, de perseguição da Igreja e de intrigas da nobreza, além de continuar sendo alvo de concorridas sessões e apresentações. Löhr tece a trama com uma proposta original e em um ritmo alucinante nos cativa pelo bizarro invento, o personagem Tibor, um romance proibido e o mistério que cerca a máquina. Um livro que atraí do seu principio ao fim. Ótima leitura. 

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