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Por Eloyr Pacheco 10/05/2007 Casa das Máquinas #1, produzida pelo Diggite Studio, de Porto Alegre, é ao mesmo tempo uma grata surpresa e uma decepção. Vou explicar. Surpreendentemente, a revista mexe com nossos sentidos e emoções e, ao fazer uma série de experiências em termos de produção de História em Quadrinhos e até mesmo de editoração, acaba por mostrar-se desorganizada, confusa e envolvente. Com um pouco mais de ordem editorial, vou chamar assim, a revista promete ser um forte veículo de difusão do Quadrinho Nacional. A capa chama a atenção para os temas (policial, drama e romance) da edição, mas alguns problemas de fechamento de arquivo a ofuscam. O logotipo, por exemplo, do Diggite Studio, “calçado” apenas no preto perde o brilho, sendo que o restante da arte está utilizando as demais cores do fotolito e com isso está brilhante. O número de linhas e de caixas também cria uma “camisa de força” que prende a arte principal, deixando-a menor e menos importante, o que não é bom. A revista é bem impressa, tem capa em cores em papel couché com aplicação de verniz e miolo em preto e branco em papel off set. O índice aparece na página 7 de Casa das Máquinas #1, depois de iniciada a História em Quadrinhos Ser Vampiro, com roteiro de Jerônimo de Souza, desenhos de Marcel Souza e arte-final de Alex Doeppre. Parece que os editores quiseram fazer como em um filme que se inicia e depois surgem os créditos (e também o editorial); uma iniciativa interessante, mas que cria uma certa confusão na continuidade da HQ, que tem flashes do que é ser vampiro sempre com frases de efeito que procuram concluir o que é ser uma criatura da noite no final de cada página. Uma HQ que deve ser lida com muita atenção para ser compreendida. Destaque para a arte de Marcel Souza muito bem finalizada por Alex Doeppre. A edição segue com Chorando na Chuva, estrelada por Velta, criada por Emir Ribeiro, com roteiro de Jerônimo de Souza e arte de Gilberto Borba. Essa é mais uma HQ que deve ser lida calmamente para ser compreendida. O exagero na quantidade de textos e o grande número de quadros por páginas - algumas chegam a ter onze quadros – dificultam a narrativa gráfica. O excesso de personagens também atrapalha um pouco, mas a exuberância da Velta no traço de Borba compensa essas deficiências. Em seguida vem a HQs Estranha forma de vida, com argumento de Jerônimo de Souza, desenhos de Gilberto Borba e arte-final de Alex Doeppre, que serve de introdução para Vou dar de beber à dor, de Jerônimo de Souza e arte de Alex Doeppre. Com certeza a melhor HQ da edição, tanto pelo personagem Jerry Silva (vampiro, ex-astro do black metal) como pelas sacadas cômicas e irônicas do roteiro. Como exemplo, menciono o crítico musical Ronnie Val Helsing (o sobrenome é outra clara referência utilizada por Jerônimo) convidado para enfrentar o vampiro responsável por uma grande chacina. A falta de experiência que com o tempo o roteirista adquirirá o fará evitar uma redundância comum aos iniciantes, narrar o que está sendo mostrado na arte e aproveitar melhor o espaço para acrescentar mais conteúdo à história. Isso ocorre, por exemplo, no recordatório do primeiro quadro da página 37. Toda essa avidez na produção bagunçada (no bom sentido) demonstrada no turbilhão de informações reunidas na publicação (HQs, cartuns, contos, roteiros publicados...) ganha ainda mais um ponto positivo quando se lê o editorial: “Você é um editor de Quadrinhos e o resto que se exploda...”. Os leitores que entenderem isso e reagirem como eu se emocionarão ao ter a Casa das Máquinas nas mãos, os mais certinhos - que querem tudo no lugar -, se decepcionarão, mas se procurarem sentir essa emoção mencionada no editorial certamente ficarão ansiosos pela segunda edição. |
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