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Resenha: O Alienista
Por Leonardo Santana
07/05/2007

Um dos grandes segredos para se contar uma boa História em Quadrinhos é saber utilizar com inteligência os dois principais signos dessa mídia: os textos e os desenhos. Saber dosar essas duas expressões artísticas nem sempre é uma tarefa simples, sobretudo quando se fala de uma adaptação de um livro para os Quadrinhos.
 
O expediente mais comum é simplesmente resumir um pouco os textos e colocá-los nos quadros, deixando, na maioria das vezes, as imagens como um acessório de luxo, mas totalmente desnecessário. Ora, se tem uma coisa que os irmãos e Moon – que na minha opinião não são dois, mas um único artista com estilos diferentes e que consegue trabalhar dobrado – dominam muitíssimo bem, é a arte de se contar uma boa História em Quadrinhos. E, justamente por causa disso, a escolha deles para executar a tarefa de adaptar O Alienista, de Machado de Assis, para os Quadrinhos, tenha sido o grande trunfo da editora Agir.
 
Os irmãos – que ninguém sabe onde termina um e começa o outro – fizeram um trabalho sublime, perfeito, sem falhas ou restrições de qualquer espécie. Machado de Assis está lá, por toda a parte, mas eles souberam, como pouquíssimos, dosar os textos, transformá-los em diálogos – o que torna a leitura mais dinâmica e menos estafante – e, o que considero o mais importante, incluíram Quadrinhos silenciosos, contemplativos, sem textos ou diálogos, mas que passam emoções de uma forma melhor e mais intensa que nos transforma, ao invés de ouvintes da história, em testemunhas. E isso é História em Quadrinhos.
 
Mas contar uma boa História em Quadrinhos não acaba nesses cuidados com o roteiro. Não. Ela apenas começa por aí. Depois disso, é de importância vital que os desenhos consigam captar toda a essência da história, de uma época, dos personagens. E, uma vez mais, os irmãos – serão siameses artísticos? – mostram como se fazer uma boa História em Quadrinhos. Os belos desenhos de Fábio Moon estão distribuídos em quadros com uma forte pesquisa de época, tanto nos cenários quanto nos costumes, passando pelo que eu considero a maior virtude de um desenhista, que é uma arrojada composição de cena sabendo utilizar cada quadro de forma que nada lhe falte, nada lhe sobre, nada esteja fora do seu devido lugar. As cores, imitando papel velho, a princípio, podem incomodar os leitores mais incautos, mas logo percebe-se que não haveria outra forma de conceber essa obra e acaba se transformando num deleite à parte.
 
Por fim, deve-se falar do primoroso trabalho gráfico recebido pela edição por parte da editora Agir. Não há em todo o álbum, absolutamente nada de, por menor que seja, imperfeito. É um trabalho perfeito - se me perdoam a redundância -, sublime em todos os seus pormenores e só quem sai ganhando com isso são os leitores. A única coisa que podemos fazer é parabenizar a editora Agir e os irmãos gênios, quero dizer, gêmeos, Fábio Bá e Gabriel Moon.

(P.S.: A troca de sobrenomes dos gêmeos no final da resenha não foi acidental.)

 Veja também:

De: Tales, de Fábio Moon e Gabriel Bá, indicado ao Eisner Awards 2007

Fábio Moon substitui Gabriel Bá na arte de Casanova

Lançamento de O Alienista, de Fábio Moon e Gabriel Bá, na Livraria da Vila (SP)

Entrevista com Fábio Moon e Gabriel Bá no jornal O Estado de S. Paulo

Preview da arte de Gabriel Bá em Casanova #7

Gabriel Bá: Casanova #1 disponível online

Gabriel Bá: arte de capa de Casanova – Vol. 1

10 Pãezinhos - Mesa Para Dois, de Moon e Bá: lançamento no Bar Exquisito (SP)

Gabriel Bá e Fábio Moon no Yo Soy Tu Infierno V (SP)

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