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Por Matheus Moura 30/04/2007
Nessa coletânea de histórias que vão de 1965 a 1966, é bem perceptível a evolução dos traços do autor. Na primeira história, A Curva de Lesmo, ele já possui seus traços característicos que fizeram tanto sucesso, apesar de aparentarem simplicidade e vez por outra pecarem na questão anatômica, principalmente nos rostos, tendo esses por vezes deformados, quadradões, feios mesmo. Este aspecto logo é melhorado com o passar das histórias, apesar de não ser mostrado todo o potencial do autor neste álbum. O aspecto mais marcante de Crepax, entretanto, são seus enquadramentos e o clima intelectualizado que ele dá ao ambiente em que vivem os personagens, geralmente artistas plásticos, filósofos, etc. Na questão dos enquadramentos, em todas as histórias, A Curva de Lesmo; Olá, Valentina; Sogno e Os Subterrâneos, há a experimentação de planos e formas na criação dos quadros, o que impõe a dinâmica de narrativa “crepaxiana”, a qual nos “obriga” a ler e reler determinada seqüência de ação para termos outra perspectiva dos acontecimentos. É interessante observar nas histórias características próprias da época em que o autor criou a obra, como, por exemplo, a máquina fotográfica usada por Valentina em sua primeira aparição, os carros de Formula 1, as idealizações do autor de aparatos de investigação como microcâmeras atômicas e coisas do gênero. Na parte da narrativa também há elementos típicos da época, como apontar setas a determinado objeto para dar destaque e os “inevitáveis” clichês. Na questão da narrativa, para mim a que tem o maior problema é a última, Os Subterrâneos, muito “viajada”, com elementos por demais inverossímeis, os quais acabam por prejudicar a credibilidade do relatado, sem falar que vez por outra há problemas com passagens de tempo, o que acaba por confundir. Na parte gráfica este álbum é impecável, um grande trabalho da editora, a começar pela capa plástica já mencionada. Antes das histórias há ainda um texto de Renato Pallavicini, publicado originalmente no jornal, L'Unità, por conta da morte de Crepax em 2003. Já ao final há um glossário dos termos usados na última história. Algo que a editora poderia ter tido um cuidado de explicar, é o fato da coletânea ser chamada Valentina 65-66 e possuir uma história completa assinada por Crepax nos quadros com data de 68; além de ter, em histórias que iniciam assinadas em uma data, 65 ou 66, quadros de 68 no meio delas. Falha pequena, mas que vale ser comentada. |
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