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Resenha: Defensores da Pátria #1
Por Eloyr Pacheco
27/04/2007

Defensores da Pátria gerou uma grande expectativa entre os leitores de Quadrinhos Nacionais devido ao tempo em que o projeto ficou encubado. Já era para ter sido lançado pela Magnum (que ainda detém os direitos de Macabeu, outro título dos mesmos produtores) no momento em que a editora Trama (atual Talismã) lançou títulos como Holy Avenger, criação de Marcelo Cassaro.

O primeiro número de Defensores da Pátria reúne o material produzido por Diógenes Neves em 1998 em cima do roteiro escrito por Alex Mir um ano antes. Este fato, o de ter quase 10 anos entre a produção e a impressão, acaba por datar a obra, que tem forte influência da linha Image e, em especial (vez ou outra isto fica nítido), do traço de Rob Liefeld, o que não se pode considerar um elogio. O storytelling também é fortemente influenciado por esta época e que já não agrada tanto atualmente. A narrativa gráfica é bastante prejudicada pelo miolo ter sido impresso em preto e branco. Personagens como Portal e Chuvisco podem ser facilmente confundidos por um leitor menos atento. Apesar de tudo isso, Diógenes esbanja talento e mostra que tem um grande potencial. Espero não queimar a “língua” (é só uma expressão), mas, mesmo sem ver a arte atual do desenhista, eu aposto em seu talento e sei que ele surpreenderá nos próximos números que também aposto que serão lançados, “para o bem da nação”.

O fato de ter sido produzido na época que foi faz com que o elogio total venha não para o roteiro, mas para a iniciativa: os personagens regionalistas e seus sotaques. No começo pode parecer estranho, mas o leitor pode se deliciar com um “trem” sendo dito pelo mineiro Srbek (uma homenagem, claro, ao quadrinhista Wellington). Outros dois personagens são bastante familiares para nós brasileiros: Ogum (da Bahia) e Aruanã (do Amazonas). Talvez a forma de Alex Mir os “estereotipar” – se é que a palavra estereótipo possa ser usada como verbo – seja exagerada, mas no momento me pareceu necessária para mostrar que temos personagens que podem ser criados e conduzidos por nossas paragens e mostrando nossos hábitos e costumes, mesmo numa HQ de super-heróis.

A edição tem altos e baixos, alguns pontos merecem elogio e outros precisam de um puxão de orelhas. O logotipo criado por Alessandro Scrignolli, como deveria ser, lembra a bandeira nacional, ainda mais na capa onde é publicado em cores, mas acho o losângulo no fundo desnecessário, ainda mais com as cores deste número, que se confundiram na impressão. O losângulo praticamente some. É preciso tomar cuidado para não ficar repetitivo, pois o logo pede as cores da bandeira. A arte da capa, produzida em 2006, é ótima. Fábio Laguna é dono de vários traços, o que utilizou está perfeito para a proposta. Eu preferiria que a capa trouxesse todo o grupo e não apenas o personagem Ogum em uma cena que não condiz com o conteúdo, que é bastante ágil e cheio de ação. A não ser que venha por aí uma série de capas com cada uma delas destacando cada um dos personagens do grupo. Se não for esta a idéia, fica aqui a sugestão.

A edição de um modo geral foi bem cuidada: traz editorial e expediente nas duas primeiras páginas da revista, importantes para conduzir o leitor. A página do expediente cumpre seu papel, mas a imagem de Ogum utilizada como marca d’água tem sua cabeça cortada pelo logotipo. Um descuido que incomoda. As páginas estão numeradas e os capítulos bem identificados, mas causa uma certa poluição visual quando título do capítulo e numeração de páginas são impressos lado a lado. Não era necessário, ainda mais que todas as páginas tem a identificação “Defensores da Pátria”. No final, um convite para participar da seção de cartas da publicação; é sempre importante ter a participação do leitor. Fechando o primeiro número de Defensores da Pátria, dois mini-pôsteres: um duplo (última página do miolo e terceira capa) e outro na quarta capa, que poderia ter sido colorido e, assim, complementar melhor a capa da edição. A impressão e o acabamento estão muito bons.

A revista (pelo menos a que tenho em mãos) está bem grampeada e refilada. Defensores da Pátria tem grande potencial. Acredito nas possibilidades do roteiro, que neste número de estréia se atém apenas em apresentar os personagens e o faz bem. Também acredito que com um pouco mais de trabalho e atenção a revista deve melhorar muito o seu projeto gráfico, pois o editor mostra que tem carinho pelo leitor. Finalizando: Sem dúvida, uma edição que merece ser conhecida e lida.

 Veja também:

A capa de Defensores da Pátria #1

Preview: O projeto de Macabeu e Defensores da Pátria

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