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Resenha: Paraíso – O Sorriso do Vampiro
Por Matheus Moura
09/03/2007

Já é notório o empenho da Conrad Editora em disponibilizar no mercado nacional materiais ditos alternativos. Não só em HQs e mangás, mas também no que se refere a livros, porém este não é nosso foco aqui. Falarei de um mangá que acho ser de grande prioridade artística e ao qual tenho grande estima. Paraíso - O Sorriso do Vampiro (288 páginas em formato 16 x 23 cm ao preço de R$ 33,00), de Suehiro Maruo, autor por vezes tido como controverso, já foi preso por roubar obras de arte e ficou conhecido por escrever mangás de terror erótico classe B.  

Continuação da saga iniciada no livro também publicado pela Conrad, O Vampiro que Ri, o Sorriso não teve lá uma grande aceitação por alguns críticos quanto o seu predecessor. Muito disto eu atribuo ao fato de que era esperado algo inovador, assim como foi O Vampiro que Ri. A não localização do Sorriso como uma continuação o fez perder sua “magia”. Algo que para mim não se justifica, pois se colocarmos ambos os mangás em uma ordem seqüencial de leitura e anularmos o hiato de tempo que os separa, teremos uma obra única. Ambas carregam seu teor de qualidade soberba.

No Sorriso, dando continuidade direta ao Vampiro, Mori Konosuke e Miyawaki Runa, agora também discípula da Corcunda, tocam suas mortes em um frenesi de sangue e matança, sem se preocuparem muito com o que os cerca. Entretanto, em um banquete programado numa festa, digo, orgia clandestina, ambos se deparam com outros não-mortos. O que causa estranheza e curiosidade ao casal. A trama se desenrola por esse gancho mostrando em flashbacks o passado dos envolvidos. Há ainda a presença de histórias paralelas, assim como no Vampiro que Ri, onde são abordado temas como violência juvenil, intolerância e gostos singulares de alguns indivíduos.

Suehiro Maruo consegue com sua narrativa densa, e ao mesmo tempo, suave e fluida, contar uma boa história de vampiros. Esqueça o que se conhece sobre o mito do vampiro, este é refeito através da ótica única do autor. Não há aqui o clima romântico que permeia a literatura vampírica, tudo é muito cru, seco, violento, bizarro e cruel. Sua arte se encaixa perfeitamente nessa proposta “realista”, se é para se feio é feio, bonito é bonito, o bizarro é elevado ao extremo. Os enquadramentos de Suehiro dão um toque a mais na obra, sempre experimental, seguindo o clima proposto pelos acontecimentos sem exageros e sem perder o pique. Os personagens e cenários por ele desenhados são extremamente bem feitos, há quadros que dá para ficar admirando por longo tempo cada mínimo detalhe e nada ali inserido é por acaso.

Na parte gráfica a Conrad faz um trabalho de alto nível, encadernamento seguro sem riscos de se ter folhas soltas; capa dupla não por querer agradar o leitor, mas por uma exigência de mercado muito bem explicada aqui no Bigorna.net por Gonçalo Junior. Há páginas de ilustrações no início da obra, além de uma página de apresentação dos personagens que compõem a história. Diferente dos outros dois álbuns do Suehiro Maruo publicados pela Conrad, este não conta com extras como um prefácio, posfácio ou qualquer outro tipo de texto.

Uma ótima obra em seu contexto geral e nos detalhes. Altamente recomendado, melhor ainda se acompanhado do Vampiro que Ri. Vale a pena.

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