NewsLetter:
 
Pesquisa:

Resenha: O caçador de gigantes
Por Cadorno Teles*
07/03/2007

Um novo e antigo mundo

A investida da editora Novo Século em publicar literatura fantástica é uma das melhores novidades que se teve no ano passado. O gênero está crescendo; além de iniciativas da Novo Século, o selo Unicórnio Azul, da Editora Mercuryo, retornou às atividades em meados de outubro de 2006 com lançamentos de autores nacionais como Octavio Aragão, com A Mão que Cria, e Gerson Lodi-Ribeiro, com o já clássico Outros Brasis. Ao mesmo tempo, a Novo Século reforçava seu acervo de livros sobre vampiros; a Devir publicava A Corrida do Rinoceronte, de Roberto de Sousa Causo, e anunciava a republicação de O Jogo do Exterminador, de Orson Scott Card; e a Aleph presenteava o mercado com uma belíssima edição de O Homem do Castelo Alto, de Phillip K. Dick. Esta configuração positiva passou a definir um novo momento promissor para a ficção científica brasileira.

Com o livro O caçador de gigantes, o primeiro título dos Contos de Árian, o autor Daniel R. Salgado além de capitanear o gênero, transporta o leitor a um novo cenário bem místico, com moradores saídos de todos os panteões mitológicos de nosso mundo, capitaneados por seus senhores: Zeus dos gregos, Odin dos nórdicos vikings, Rá dos egípcios, Lug dos celtas, além de incríveis batalhas épicas, choques de cultura diferentes, tudo que um bom livro de aventuras precisa.

À gênese dessa nova literatura, Daniel R. Salgado cria uma nova narrativa em torno do nascimento de uma criança, uma traição e um herói respeitado por seu povo e caçado pelas outras nações. O livro O caçador de gigantes se cerca de belíssimas reconstituições à mitologia, assunto referência em muitos títulos desse gênero, para construir uma aventura fantástica em que um herói, idolatrado em sua terra, cuja forma leva à traição, a uma fuga e uma extraordinária vingança. Uma história ritmada e moldada nesse guerreiro e em uma princesa que tem a missão de encontrá-lo. Um livro que poderia ter apelado aos clichês do gênero, mas que assume identidade própria no afloramento da aventura.
 
Daniel R. Salgado desenvolve e joga aventuras de RPG há mais de 10 anos, sua saga Os Contos de Árian é o resultado de sessões de mestre nas partidas de RPG que faz com os amigos. Só recentemente é que Daniel resolveu transformar os contos em romance. A história se inicia quando a princesa Nalissa, filha do rei Acassius de Tanória, o maior e mais poderoso reino do continente, é enviada para o reino vizinho de Vaerin para estudar. Acompanhada por Lucius, capitão da guarda real de seu pai, não consegue entender o motivo daquela viagem. Se hospedando na casa de seus primos gêmeos, escuta os rumores de uma terrível fera estranha que assola os arredores do reino vaeriano, boatos que não assustam a indomável e curiosa moça. Em entrevista com o rei Brauden, se dispõem de ajudá-lo em solucionar o impasse, que considera um bom "conto de fadas" e parte para a Gaélia, a terra vizinha, à procura de um guerreiro só conhecido como O caçador de gigantes, um herói que descobre ter um passado de glórias e injúrias.

O livro traz homens e mulheres conhecedores do seu destino e que fazem "a coisa certa" para sua cultura. Uma bela demonstração do cotidiano de guerreiros, suas vidas, problemas, suas lutas e seus pecados. A essência de uma profecia na brutalidade de um guerreiro, o futuro de um continente e de um mundo em suas mãos.

* Cadorno Teles é escritor amador e colabora com resenhas de livros para os sites Amigos do Livro e Armazém Literário

Quem Somos | Publicidade | Fale Conosco
Copyright © 2005-2024 - Bigorna.net - Todos os direitos reservados
CMS por Projetos Web