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Por Matheus Moura 01/02/2007 De uns tempos para cá vem-se discutindo muito, no meio “quadrínhico”, sobre o aumento de títulos em HQs nas livrarias. Este sem dúvida é um filão que cresce a cada dia, impulsionado pelas exigências de um leitor mais maduro, refinado e com poder aquisitivo maior. Para cumprir com as exigências dos leitores de livraria de hoje, a Conrad não mede esforços ao lançar O Sétimo Suspiro do Samurai (120 páginas, formato 21 x 27 cm, R$ 32,90), do roteirista Éric Adam (Lucky Luke, Rantanplan e Le Marsupilami) e com Hugues Micol na arte (ganhador do prêmio de Melhor Desenho no Festival de Angoulême de 2004). De imediato é chamada nossa atenção para a capa, muito bem acabada, bonita e colorida, com verniz na imagem central e título. Ao abrir o álbum outro impacto, mas agora proporcionado pelas cores empregadas, de uma nitidez viva e bela. A citação de Nabeshima Naoshige (1538-1618) ao início da primeira orelha parece ter sido a fonte de inspiração dos autores para criar a história, se não pelo menos o título. Foi bom o editor ter feito um texto, que se segue logo em seguida à citação, sobre a contextualização da época e vida do personagem central. Na segunda orelha fica a biografia dos autores, onde faltaram fotos dos mesmos. A trama se passa entre os séculos XVII e XVIII e o personagem principal é Toho Daisuke, um espadachim que acaba de terminar seu treinamento e recebe uma carta de sua irmã que está prestes a se casar com um rico senhor de terras e o convida a vender sua espada a seu marido. O carma de Daisuke é carregar o nome de seu pai, o qual é cunhado de covarde. Com o marido de sua irmã ele tem a possibilidade de se livrar deste fardo, mas ele verá que nem tudo é um mar de rosas como aparenta. Os traços de Hugues Micol são bastantes peculiares, à primeira vista podem até parecerem simplórios, mas com o decorrer da leitura percebemos que não é bem assim. Ele peca geralmente ao retratar ambientes repleto de pessoas, estas - nestes momentos – têm suas feições mais distorcidas que o normal por ele apresentado, e nas cenas de batalhas, pois essas ficam confusas e muitas das vezes não dá para entender os movimentos feitos pelas personagens. Em compensação a ambientação de cenários abertos e arquitetura são muito bem feitos, há até uma panorâmica da cidade de Edo (atual Tóquio) com o castelo do Xogum e tudo o mais. Sobre o roteiro, a trama é bem construída e convincente; ao final do livro temos o gostinho de quero mais. Em alguns trechos há uns clichês básicos que não chegam a estragar a obra, mas se persistirem na continuação podem tirar um pouco do brilho da mesma. Uma característica do personagem principal que me incomodou um pouco foi o fato dele lutar com duas espadas e ser dito que ele desenvolveu a técnica, mesmo quando ele usa posições típicas do real inventor deste estilo de luta, Miyamoto Musashi. Pode parecer ser exigência demais, entretanto acredito que não seria danoso para a obra ter mencionado alguma coisa sobre Musashi, ao contrário, iria enriquecer ainda mais seu conteúdo. No geral é um álbum que compensa ser adquirido, completo em vários os sentidos, principalmente no artístico por conseguir despertar os sentimentos que só uma verdadeira obra de arte é capaz de produzir. Esta é uma das poucas obras ocidentais que se propõem a abordar uma cultura diferente e é bem sucedida. Recomendado. |
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