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Por Matheus Moura 22/12/2006
Sua principal personagem é Rango, criado em 1970 e tendo sua primeira aparição na revista Grilus, do Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A premissa de Rango era incorporar em uma única personagem as “qualidades” do brasileiro padrão: pobre, faminto, sem perspectiva, marginalizado e desempregado. Isso aliada às criticas fervorosas à ditadura militar do período. Tamanha repercussão teve sua criação que não tardou para ela passar a ser publicada em periódicos da época como o Pasquim e Folha da Manhã, atingindo um público considerável de leitores e se firmando como um dos símbolos da resistência à ditadura. Em 1974, coincidindo com a criação da editora L&PM, é lançado o primeiro livro da editora, do autor e de Rango; o Rango 1, com prefácio do escritor Erico Veríssimo, que chegou até ao quarto número. Em 2005 saiu o livro Rango 35 anos, na coleção L&PM Pocket, a R$ 10,00 e com 120 páginas reunindo os melhores momentos da personagem. Como é de praxe em coletâneas, o livro segue uma ordem cronológica, apesar de alguns saltos temporais. Minha maior critica a essa reunião de tiras é o fato que às vezes há a reciclagem de uma “tirada” do autor com determinado ocorrido/situação, que em uma coletânea poderia ser evitado para não ficarem duas ou mais tiras apresentando a mesma idéia/sacada. Quando uma tira é publicada diariamente isso até se justifica, mas aqui não é o caso. Há ainda neste volume a reapresentação do prefácio original de Erico Veríssimo, um comentário dos editores e as próprias palavras de Edgar Vasques a respeito de sua obra. Rango, assim como outras personagens da época como Fradim e Zeferino de Henfil, conta a história de um Brasil oprimido, miserável e ignorante, adjetivos que – infelizmente – ainda fazem parte de nossa realidade. Para finalizar não posso deixar de sugerir este livro e demonstrar um pouco da perspicácia de Vasques, como quando Chaco (o representante dos hispânicos nas tiras) pergunta a Rango: “Pero afinal, o que é capitalismo selvagem?”, então Rango responde: “Ora é uma redundância”. |
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