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Resenha: Monster #1
Por Matheus Moura
01/11/2006

Dr. Tenma é um médico japonês que tinha tudo para ser um homem bem sucedido em sua carreira de neurocirurgião, já que era o mais habilidoso do hospital onde trabalhava. Tão habilidoso que sua proficiência o havia concedido o cargo de responsável pela área neurológica do Hospital Memorial Eisler, de Dusseldorf, Alemanha, onde já se encontrava em romance com a filha do dono do Hospital. Tudo iria transcorrer como numa fábula, se não fosse o fato de ele ter perdido um paciente em detrimento de outro que chegara depois e que o hospital dera preferência. A situação de revolta da família do falecido tocou nosso cirurgião que prometeu não mais passar um paciente na frente do outro, mesmo que isso significasse atrapalhar sua carreira profissional.

E foi isso o que aconteceu. Alguns dias se passaram e chegou ao hospital em estado grave um menino, Johan, baleado na cabeça que precisa de cuidados urgentes, e um pouco depois o prefeito da cidade também estava internado com um coágulo no cérebro e o diretor do hospital decide que nada é mais importante no momento que salvar a vida do prefeito. O Dr. Tenma se recusa, salva a vida do garoto e deixa o prefeito nas mãos de outro médico que não consegue resolver o problema, o que faz com que seu paciente morra. A culpa é de nosso herói. O menino que ele salvou havia sido internado juntamente com sua irmã gêmea, que estava em estado de choque e não podia explicar o acontecido - que levou à morte seus pais adotivos e seu irmão ser baleado. Só havia uma coisa que ela falava, “mate”.

Após este incidente sua vida no hospital entra em desgraça, perde a mulher, o cargo de chefia na neurocirurgia e o respeito dos colegas. Mas ele ainda possui o amor pela profissão e a seus pacientes. Daria para ele levar sua vida de uma maneira simples e sem muita perspectiva de crescimento, se não fossem alguns estranhos acontecimentos depois disso. O dono do hospital é morto, envenenado, juntamente com outros dois funcionários, e as acusações são apontadas para nosso médico, mas nada é provado e os gêmeos somem. Nove anos se passam, outros casais são assassinados, um detetive da polícia continua a acreditar que o Dr. Tenma tem ligação com as mortes no hospital, pois quem mais lucrou com esses homicídios foi ele, que agora ocupa o cargo de chefia no local. Através de um paciente internado o Dr. descobre que o garoto que havia salvado anos atrás é um monstro, um assassino serial que matou os funcionários do hospital por este ser seu desejo, coisa que não é verdade.

Assim começa a caçada de nosso Dr. que se vê na obrigação de deter aquele que havia acabado com a vida de outros no hospital e mudado drasticamente a sua. Este é o resumo, bem sucinto, dos acontecimentos da primeira parte deste mangá lançado pelo Conrad Editora faz cerca de quatro meses ao preço de R$ 12,00, com 224 páginas no formato 13,5 x 20 cm, com periodicidade mensal, dividido em 18 exemplares e desenhado e roteirizado por Naoki Urasawa, que é considerado um dos grandes autores de mangás do Japão de suspense e mistério e que tem em seu currículo outras obras como Pinapple Army (1985-1988), Yawara! (1986-1993), Master Keaton (1988-1994), Happy! (1993-1999) e 20th Century Boys (2000).

O que mais impressiona em sua narrativa em Monster é a precisão com que são abordadas as situações médicas e o clima de suspense, dada a trama que prende o leitor do primeiro ao último quadro de cada exemplar. Até o momento já foram publicados três números e o quarto já está a caminho. No mais recente, a história continua a narrar a busca do Dr. Tenma ao monstro, Johan, e mostra o quão versátil o autor é em dar andamento a sua narrativa, já que aqui estamos em um rumo nada esperado pelo início da história. As ilustrações são um espetáculo à parte; os cenários desenhados pelo autor são sublimes, repletos de detalhes e vastos - e não é só nos cenários que a arte se destaca, também na caracterização dos personagens, onde a complexidade “transborda pelo nanquim”.

O pondo baixo destas edições fica por conta da editoração no quesito encadernamento, pois não sei por que cargas d’água as folhas - ao se abrirem - amassam e estralam, o que dá a impressão de que vão se soltar. No mais este é um material que deve ser apreciado por todos aqueles que gostam de histórias envolventes, inteligentes e de suspense, que abordam ética, conduta, relações sociais entre indivíduos do mesmo grupo, desejos e expectativas, além de nos reforçar que o futuro é algo incontrolável e que a vida é feita para ser seguida, mas através de suas próprias iniciativas. Material de primeira que vale a pena ser conferido.

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