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Por Gonçalo Junior 31/10/2006
Quando Eloyr Pacheco me convidou para escrever esta coluna, o primeiro tema que pensei tratar aqui é o modo como acontecem algumas distorções de alguns colecionadores, leitores, editores e jornalistas ditos especializados em Quadrinhos. Refiro-me a uma minoria, claro, que se acha não apenas bem informada como dona da verdade. É uma turminha porque faz questão de se posicionar de modo exibicionista e arrogante sempre que surge alguma discussão ou mesmo se alguém se propõe a questionar alguma informação considerada sacramentada, mesmo que o faça de forma documentada, por meio de pesquisa ou testemunho. Depois de tratar de alguns outros temas que propus discussão aqui, tenho agora a oportunidade de fazer referência ao que chamo de sabichões dos Quadrinhos por causa de um fato motivador que aconteceu recentemente: uma discussão levantada no começo de setembro pelo editor e escritor Roberto Guedes de que o nome da editora Ebal, fundada em maio de 1945 por Adolfo Aizen e a mais importante editora brasileira de Histórias em Quadrinhos, poderia ser uma homenagem de Aizen, que era judeu, ao monte Ebal, citado na Bíblia. Entendi que Guedes fez apenas uma suposição, não uma afirmação. Mas a polêmica que se seguiu beirou o delírio e a irresponsabilidade de se adotar hipóteses como verdades absolutas.
No pano para manga que continuou, porém, esse leitor, sempre num tom de autoridade, discordou quando eu disse que a primeira revista em quadrinhos da Ebal havia sido O Herói, lançada em 1947. Tentei explicar o critério que usei para isso no bate-papo, sem discordar dele. E o que aconteceu? Ele passou a fazer uma série de colocações para consolidar sua tese que só poderia ter retirado de dois livros meus, A Guerra dos Gibis e O Homem-Abril. Como se a verdade estivesse com ele e eu a ignorasse. Ou seja, no meu entender, apropriou-se de minhas afirmações para me desacreditar diante das pessoas que participavam do fórum de discussão. Esse caso é ilustrativo dos muitos absurdos que encontro quando me proponho a contar um pouco da história dos Quadrinhos no Brasil. Acontece muito em palestras. Sempre aparece um que pede a palavra, fala por cinco ou dez minutos, faz uma extensa colocação e nada pergunta. Quer apenas, creio, mostrar que sabe tanto ou mais que o palestrante.
Pois bem. Essas pessoas que fazem parte da turminha dos que só fazem falar, não foram capazes de perceber que A Guerra dos Gibis tem pelos menos uma dezena erros. Isso mesmo. São tropeços que em nada comprometem o conjunto da obra, mas que estão lá e serão corrigidos assim que for possível. Fica o desafio para que os localizem. Chateação maior aconteceu quando saiu a edição comemorativa dos 50 anos de Tex para a Opera Graphica, em 2002. A primeira reação dos “donos” de Tex no Brasil foi torcer o nariz. Quem esse cara pensa que é para escrever sobre NOSSO Tex? Precisei, no dia do lançamento, explicar que eu lia as aventuras do herói desde 1975 – havia 27 anos! Disse que tinha todas as coleções completas – série normal, segunda edição, coleção, álbuns, etc – o que é verdade. Mesmo assim, a turma de um famoso site apontou uma série de pontos que seriam erros. Na verdade, tratava-se de omissões. A não ser uma legenda errada. Ora, deixar informações de fora que não considerei relevantes é cometer erros, cara pálida?
Poderia citar muitos outros exemplos aqui. Felizmente, como já disse, esses chatos que se acham donos dos Quadrinhos e escrevem um amontoado de besteiras em sites de discussão e revistas são poucos. Quem se propõe a esse papel deveria ao menos se submeter ao esforço de pesquisar ou estudar o assunto. Ou ler os livros publicados a respeito. Ser colecionador ou leitor dedicado não faz de ninguém um especialista. Menos ainda dono de um tema. A memória dos Quadrinhos precisa de seriedade para ser recuperada e preservada. Não de achismos, de especulações. E essas pessoas devem botar na cabeça que um pouco de humildade não faz a ninguém. A seguir: Histórias nada agradáveis de editores de Quadrinhos no Brasil – Parte 1 de ... |
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