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Homens em Guerra #7
Por José Salles
17/10/2006

Dentre os vários gibis de guerra que eram publicados nos anos 1960, alguns títulos se destacavam mesmo diante da popularidade de revistas como Combate e Ataque. É o caso de Homens em Guerra, que era publicado pelo Estúdio Gráfico Garimar S.A., em destaque a interessantíssima edição de número 7, lançada no mês de abril do ano da graça de 1967. Época em que diversos personagens dos Quadrinhos eram espiões americanos combatendo a ameaça comunista. Tempos da Guerra Fria onde se podia localizar o inimigo, o comunismo representado claramente pelo expansionismo soviético, ao contrário dos dias de hoje, quando a dominação é feita maquiavelicamente, a partir das entranhas da vida social.

Dois destes espiões-heróis dos Quadrinhos aparecem neste número de Homens em Guerra: um deles é Douglas, desvendando uma pérfida quadrilha de inimigos da liberdade, cujos integrantes se encontravam dissimulados em cruéis caçadores de focas. Douglas se dá tão bem que, além de desbaratar os vermelhinhos, arranca beijos de uma linda desertora. Outro agente secreto é Al Devlin, envolvido com sua secretária e às voltas com uma espiã coreana, ambas muito sensuais. Outra HQ feita por norte-americano presente no gibi é Navio-Tanque, sobre um veterano marinheiro que dá sua contribuição no esforço de guerra. Contém este sétimo número de Homens em Guerra uma notável curiosidade para os cinéfilos: uma breve quadrinhização biográfica sobre o ator James Stewart – para quem não sabe, o memorável ator de filmes de faroeste, das fábulas de Frank Capra e dos suspenses de Alfred Hitchcock, foi também um destacado piloto da Força Aérea estadunidense durante os anos da Segunda Guerra Mundial.

Detalhe da HQ Fui Prisioneiro dos Alemães

A participação brasileira neste número de Homens em Guerra fica por conta de Getúlio Delphin, autor e ilustrador da formidável HQ Fui Prisioneiro dos Alemães, relatando mais um caso verídico de integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Os oficiais e soldados do Exército Brasileiro, entre falhas e acertos, deram sua contribuição imprescindível na luta contra o nazi-fascismo. Como mostra Delphin, num trabalho exuberante, nesta HQ sobre o paulistano Emílio Varoli, que em 1944 caiu prisioneiro das tropas alemãs e foi levado ao campo de concentração em Mossburg. Relatos que parecerão surpreendentes aos jovens de hoje, ao saber da admiração que os alemães sentiam pelos soldados brasileiros (fato mais do que confirmado por historiadores como Hélio Silva e César Maximiano), além de abordar, sobre outra ótica, o tratamento que os alemães davam a seus prisioneiros de guerra.

Ao contrário do que se passou em Auschwitz, nesta HQ todos os prisioneiros são tratados de acordo com as convenções do Tratado de Genebra – que reforça não só outros testemunhos de pracinhas bem como a tese de alguns honestos historiadores, dizendo ter sido Auschwitz uma exceção na prática dos germânicos durante a Segunda Guerra.

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