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Por Humberto Yashima 03/10/2006 O ator, jornalista e publicitário Jorge Ventura é o autor do recém-lançado livro Sock!! Pow!! Crash! - 40 anos da série Batman da TV (Opera Graphica) e escreve a coluna Bat-Nostalgia no site do fã-clube BatBase. Nesta entrevista, realizada por e-mail, Ventura fala sobre seu livro e outros interessantes bat-assuntos. Quando e como começou o seu interesse pelo “Cruzado Embuçado”? Fale sobre o fã-clube Ordem Filosófica do Homem-Morcego e a publicação do hoje lendário fanzine Tribuna do Morcego. O projeto do seu livro já existia há muito tempo ou foi criado mais recentemente, com a proximidade do aniversário da série de TV? O proposital clima “camp” da série de TV estrelada por Adam West e Burt Ward foi bom ou ruim para a imagem de Batman? Batman é um personagem de diversas fases e múltiplas faces.O clima “camp” apenas caricaturou uma época marcada pela psicodelia e pelas grandes transformações sociais, políticas e artísticas. A década mais revolucionária do século XX deu abertura para o avanço desenfreado de novos estilos, modas e costumes. E a série da TV, poucos sabem disso, traduziu com fidelidade as aventuras do herói das HQs, dos anos 60. Neste fase, a dupla dinâmica enfrentava seres de outra dimensão, monstros marinhos e seres fantásticos. Isto sem contar que os heróis eram submetidos a armadilhas das mais absurdas. Muitas vezes eles encolhiam, esticavam, quando não eram congelados em cubos gigantes ou petrificados durante o combate. As histórias eram contadas com bastante fantasia e o clima “camp” adotado pelos produtores da TV soube explorar bem isso. Pena que esta estética – que traduz o exagero, o humor espalhafatoso, foi deturpada por teorias infundadas, como a de Fredric Wertham, que afirmava que as HQS provocavam o desvio de jovens e adolescentes, levando-os à delinqüência e à perversidade sexual. A mídia aproveitou o gancho para “apimentar” o mal-entendido e vender uma imagem completamente distorcida. É claro que, hoje, o clima “camp” não mais se sustenta, nem tampouco teria cabimento no atual universo do Homem-Morcego. O Batman do século XXI é bastante sério e disposto a enfrentar um mundo cruel e injusto. Mas costumo dizer que, “camp” ou “dark”, Batman é bom de qualquer maneira. Os “vilões especialmente convidados”, o turbinado Batmóvel, as escaladas da dupla dinâmica, as onomatopéias (utilizadas no título do seu livro) e as chamadas para o próximo episódio, na “mesma bat-hora e no mesmo bat-canal” marcaram a infância de muitas pessoas. O que você mais gostava na série? Tudo o que foi mostrado na série de 66 serviu de inspiração e referência para outros produtores de TV. Como bem escreveu, na 4ª capa do meu livro, Rodney Gomes (ator/ dublador do personagem Robin nas duas primeiras temporadas e recém-falecido): “(...) Passamos a entender, então, o que a série tinha de mais puro e inovador, de mais crítico e revolucionário: os figurinos, os cenários, as expressões – tudo foi estudado e planejado para entreter crianças e adultos e, simultaneamente, dizer nas entrelinhas o que os adultos queriam ouvir (...)”. Eu acho a sátira televisiva perfeita em todos os detalhes. Mas poderia destacar a cena de descida pelos bat-postes, em que os heróis dinâmicos partem com o turbinado Batmóvel. As cenas de bat-lutas também são antológicas, pontuadas pela orquestração magnífica do maestro Nelson Riddle. Na sua opinião, qual a melhor História em Quadrinhos do Homem-Morcego? Quais os seus roteirista e artistas preferidos? Batman Begins não iniciou uma nova “Batmania”, mas ressuscitou a cinessérie do Cavaleiro das Trevas. O que você acha das adaptações produzidas para cinema com o personagem até agora? A trajetória do Homem-Morcego no cinema apresentou uma qualidade irregular, de altos e baixos. Os produtores se preocuparam muito mais com a plasticidade das cenas, com o estereótipo dos personagens, do que com o conteúdo. Faltou um bom roteiro na maioria dos filmes, mas acho que, entre erros e acertos, estamos caminhando para uma versão definitiva e satisfatória. Sem dúvida, Batman Begins foi o filme que mais se aproximou do argumento original, da versão desejada pelo batmaníaco. O Bigorna.net agradece a Jorge Ventura pela entrevista. |
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