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Resenha: Seis Mãos bobas
Por Eloyr Pacheco
22/08/2006

Não sou de reler revistas de Histórias em Quadrinhos, mas, sim, de folheá-las. Às vezes me flagro revirando pilhas de revistas relembrando a época de cada lançamento e, depois, colocando tudo novamente no lugar. Mas, quando o álbum Seis Mãos Bobas, de Angeli, Glauco e Laerte, lançado pela Devir, caiu em minhas mãos, o ar de novidade, o frescor da edição, a cara nova que foi dada às histórias me fez devorá-lo imediatamente. Relembrar as revistas Chiclete com Banana e Geraldão foi uma ótima sensação.

Este álbum não é uma simples coletânea como os demais, embora sua organização siga a mesma regra, uma praxe editorial adotada, às vezes, sem o menor requinte (leia-se “trabalho”). É neste ponto que Seis Mãos Bobas supera a idéia básica de coletânea: traz as “velhas” HQs reunidas na forma de um convite aos “velhos” leitores reviverem uma época única e também atrai novos leitores para a lerem e os incita a procurar mais trabalhos dos autores. Acertadas as utilizações de fotos da época (os leitores vão se deliciar com elas) e de textos explicativos sobre cada uma das HQs publicadas (três páginas no final da edição), o que valoriza ainda mais o conteúdo: as surpreendentes Histórias em Quadrinhos produzidas nas possíveis parcerias do trio (Glauco/Angeli, Laerte/Angeli e Laerte/Glauco), isso quando os três não resolvem trampar juntos. Vale menção também o ótimo editorial escrito pelo escritor e jornalista Gonçalo Junior apresentando o álbum.

Seis Mãos Bobas (80 págs. de miolo em P&B + 4 capas em cores, formato 21 x 28 cm) apresenta no total 17 histórias; mencionarei, devido ao fato de não me achar capaz de escolher as melhores (sou fã do trabalho dos três) e comentarei apenas três delas para que você saiba o que esperar da edição. O álbum abre com Who’s that Landão?, produzida pelo trio em fevereiro de 1989 e publicada na Geraldão #11. Esta HQ tem como ponto alto a câmera fixa adotada em todos os quadros em apenas um ponto de vista, onde o centro de atenção é uma janela. Destaco também a HQ O Garoto da Capa (dezembro de 1988, Geraldão #10), de Glauco e Laerte. Nesta o sarro é um cara receber a visita de Malu Mader e Luma de Oliveira, duas musas da época, que querem “seviciá-lo” e ele, apavorado fugir delas. O desfecho é ótimo. Escolhi para comentar por último O Míssil (abril de 1988, Geraldão #6), de Laerte e Toninho Mendes, o editor que há muito trabalha com o trio e, nesta rara ocasião foi responsável pela premissa da HQ. O desenho de Laerte é espetacular, destaque para o cuidado que o ilustrador teve com os cenários, o background.

Seis Mãos Bobas é uma edição que merece figurar entre as mais importantes do trio e fazer parte da gibiteca básica de qualquer fã de Quadrinho Nacional. Altamente recomendado.

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