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Entrevista: Camaradagem com Baraldi e Bira
Por Hamilton Tadeu*
18/08/2006

Baraldi e Bira agradecem ao "Santo Angelo Agos-tini" pelos prêmios recebidos (Foto: Divulgação)

Marcio Baraldi
e Bira Dantas falam tanto quanto desenham. Nas duas últimas edições do NFL Zine havia uma entrevista com cada um deles e devido à carreira e a amizades entre ambos, claro que mereciam estrear essa nova sessão do NFL, em que dois ou mais artistas falam de seus trabalhos e comentam sobre o trabalho e a pessoa do outro. Como é um bate-papo descontraído, houve poucas interferências do entrevistador, tornando um bate-papo informal a três, onde os dois cartunistas falaram à vontade. Baraldi, às vezes intervia, falando de vários fanzines que recebeu e falando de outros fanzineiros e cartunistas. Confira abaixo essa espontânea entrevista.

Baraldi – É isso aííííí!!! Fala aííííí (aplausos e risadas)!!!

Bom, deixa eu começar essa entrevista com o Baraldi e o Bira nesta sexta-feira 13 (janeiro de 2006) quente. O que você tem pra falar aí de tão importante, Baraldi, que antes de ligar o gravador já queria falar?

Baraldi – Hoje é sexta-feira 13, maluco! Um dia exato pra fazer uma entrevista com dois bruxos boiolas que estão na minha frente, que são o Bira e o Hamiltinho.

Bira – Tome isso pra vocês aqui. É uma bolinha prateada que não é ecstasy. Pode pôr na boca sem medo.

Baraldi – Que porra é essa aqui?!? O cara tá me dando ecstasy, chama a polícia que eu tenho que dar essa entrevista lúcido (risos). Tô dando um flagrante nesse cara!

Bira – Ponha debaixo da língua isso e não engole. É coisa de japonês, é jintam.

Baraldi – Se é coisa de japonês deixa o pinto pequeno, não quero (risos). Não toma não, que deixa o pinto pequeno.

Bira (rindo) – Pode experimentar.

Baraldi – Eu tava falando aqui antes de começar a entrevista... (Baraldi olha para Hamilton e continua) deixa esse microfone aqui em cima da mesa, cabecinha, não vai ficar segurando. Bom, eu estou pra lançar um novo livro do Roko-Loko, que vai sair nesse ano e quem fará o prefácio é o Mario Latino. Ele é um puta cartunista. Bira, você conhece a história dele?

Bira – Ele não é parente do Latino, que é cantor?

Baraldi (gargalha) – É a festa do Roko-Loko no apê, véio, tá ligado?! Ele foi guerrilheiro sandinista. Ele é nicaragüense e tem uma história de vida que ninguém acredita.

Bira – Então o “Latino” é por que ele é latino!

Baraldi – Nem sei direito, cara, pois não entrei nesse detalhe. Chegou uma hora que ele largou tudo, cansou de tudo, e veio embora para o Brasil. Ele deve ter uns cinqüenta anos de idade.

Bira – Mas ele tem um traço de moleque, bicho. O estilão dele (Bira fala olhando a revista do Mario, Robervaldo).

Baraldi – Ele tá fazendo o prefácio do meu livro e vou colocar aquela minha caricatura linda que você fez também, Bira. Vai ilustrar a página do prefácio.

Mas pode falar que o cara foi guerrilheiro? Não vai queimar o filme dele?

Baraldi – Não queima não. Ele põe isso no site dele, que é um site da hora. Ele tá em outra agora. É um puta cartunista. O site dele é legal, muito louco, véio.

Já que falamos desse negócio de guerrilheiro, Baraldi, uma coisa mais política, vocês dois tem uma forte militância política, pois os dois são de esquerda e também na música, mas você é voltado pro rock pesado e o Bira pro blues.

Baraldi – A diferença é que eu posso ser um guerrilheiro, mas o Bira é um GAYrrilheiro, tá ligado (risos)?! E combina mais com a personalidade dele e com você também que é um “frutinha”, tá ligado (risos)?! Você acha que essa é uma entrevista séria? A gente vai te xingar o tempo inteiro, cara (risos)!

Bira – O Marcio Baraldi deve ter tido algum problema, por alguma coisa que ele fez ou por algo que não fez...

Ele fica acusando todo mundo de ser “fruta”, mas ele que é.

Bira – Isso é um delirium-tremens dele (risos).

Baraldi – Olha, papo sério, eu gosto do Bira. Na boa, eu já vi muito cara te enchendo o saco porque você faz as charges bem petista mesmo. Eu acho do caralho isso, pois você é o único cara que teve coragem de fazer isso enquanto a maioria fica com aquele papo de ficar em cima do muro fingindo que é anarquista. Tem uns caras que adoram fingir que são anarquistas, né?! Tem uns caras que adoram se dizer apartidários, não sei o que, e que não têm o rabo preso com ninguém, só que trabalham em jornais que tem o rabo preso com todo mundo, é ou não é?! E agora ficam criticando o Bira e pápápá falando que ele é petista e não sei o quê. É um traço legal da personalidade do cara assumir uma coisa que ele gosta, enquanto ninguém assume porra nenhuma. Ele é a exceção e não a regra, tá ligado?! Ele é um cara que tem a coragem de assumir uma coisa que ninguém tem.

Bira – Onde você viu isso? Quando você soube disso?

Baraldi – Já vi um monte de gente falando isso. O cartunista Flávio falou isso te zoando uma vez. Ele é gente boa e tirava um sarro de você naquelas discussões de quadrinhos da internet, naquelas listas do caralho. Fiquei duas semanas numa dessas listas e saí correndo, com todo respeito.

Bira (rindo) – Nessas listas de discussão a gente pega muita informação, você conhece muita gente e você troca muita idéia. Quando tem esse nhénhénhé você tem que passar por cima, pois tem em todo o lugar. Na Front #16 tem uma história minha sobre o reino de Tânato. Eu junto a história da Morte na mitologia grega com o George Bush. É outro estilo, diferente do humor que faço habitualmente. É um estilo mais sério, realista. É meu traço, mas um pouco diferente...

Baraldi – É que nem aquela cartilha espírita que você fez uma vez. Muito bonita por sinal, eu gostei.

Bira – Sim, do Senhor do Reino, né?!

Baraldi – E aquela cartilha do Lula que você fez. Que coisa bonita, cara, eu quase fui às lágrimas, te juro.

Bira – Aííí, Marcião! (ambos se cumprimentam batendo as palmas das mãos uns nos outros)

Baraldi – Eu tenho ela até hoje, acredita? Eu peguei essa cartilha numa igreja em Santo André, uma igreja batista que o Lula foi fazer um comício junto com o reverendo Jackson, lembra dele? Minha irmã é dessa igreja e me arrastou pra lá, saca? Ela falou que o Lula ia tá lá e eu fui. Foi demais cara, tava lotado e foi muito emocionante. Tavam dando o gibi lá.

De que gibi você está falando?

Baraldi – Da biografia não autorizada do Lula que o Bira fez (risos).

Bira – Essa foi autorizada pela Marisa, esposa do Lula. Ela acompanhou sério e reclamou dos cabelos do filho dela falando que não era daquele jeito, porque isso e porque aquilo. Que o Lula tava muito narigudo e que era pra diminuir o nariz, essas coisas. O gibi chamava Lula, a história de um vencedor e saiu antes do primeiro turno enquanto o Ciro Gomes era candidato e teve a primeira versão que era em tamanho grande, quase tamanho de ofício. Acho que essa você não tem. Nessa versão a gente desceu o pau em todo mundo. Desceu pau no Ciro Gomes, no ACM e no ministro do FHC que falou que “o que é bom a gente mostra e o que é ruim a gente esconde”.

Baraldi – Você fala do Ricupero.

Bira – É esse daí... E aí o que aconteceu: no final do primeiro turno o Ciro Gomes chegou pro Lula e falou: “Tudo indica que eu não vou pro segundo turno e te apoio no primeiro instante” e aí, Marcio, eu tinha feito tanta charge metendo o pau no Ciro Gomes e me arrependo tanto, por que ele é o ministro que mais trabalha, e o Lula já disse isso. É o cara que não só defende o governo e trabalha muito, pois tem ministro que não defende o governo e só faz trapalhada. O Ciro Gomes é um cara que não faz trapalhada e não é do PT. Uma vez o questionaram, pois ele era do PPS e falaram pro Ciro: “Pô Ciro, teu partido está criticando o governo Lula, você não vai falar nada?” e ele falou: “Eu sou ministro, na rua ainda sou homem público, ainda sou filiado ao PPS mas sou ministro e eu tenho compromisso com o governo Lula. Você está querendo que eu meta pau no Lula mas não vou meter porque as críticas que tenho a fazer faço dentro do governo e aqui fora, pra imprensa, eu sou ministro”. Pô, cara, nenhum petista fez isso. A Benedita da Silva fez trapalhada naquele ministério e o Lula disse um dia: “Temos que tirar essa ministra, pois ela só dá pra trás, não mostra serviço” e eu tirei o chapéu pro Ciro Gomes e quando teve a segunda edição do gibi o Osvaldo Bargas, que tinha pedido a edição do gibi veio falar pra mim (Bira faz uma voz mais grave imitando o jeito do Bargas falar): “Bira, vamu tê que mudar os quadrinhos do gibi”. Eu perguntei o motivo e ele disse que o Ciro Gomes estava apoiando o Lula. E ele disse: “...e outra, o Ricupero também está apoiando o Lula e vai ter que sair, então muda esses dois quadrinhos” e eu concordei pra lançar a segunda edição. Mas quando estava pra lançar a terceira edição o Bargas chegou e ia pedir uma alteração e fui logo me adiantando dizendo: “Não pede pra eu tirar o ACM porque eu não tiro e ele pode até apoiar o Lula que não me importo, vou descer o pau nele”, mas era só mudança de texto apenas. No final o gibi acabou tendo cerca de 600.000 exemplares. A primeira tiragem foram 30.000, a segunda 500.000 e a terceira que foi na Bahia foi mais de 60.000.

Quem chegou a patrocinar esse gibi?

Bira – A primeira edição foi um fazendeiro do Paraná. Foi uma história bacana a desse fazendeiro que chegou pro Bargas e falou: “Eu quero ajudar na campanha do Lula mas não quero dar dinheiro pra campanha e sim fazer um gibi do Lula. Seria como o gibi do Seninha, algo como Lulinha.” E o Bargas falou que Lulinha era meio boiola e sugeriu um gibi do Lula desde que era criança e o fazendeiro concordou, pois queria um gibi pra crianças. O fazendeiro falou que pagava a gráfica e faríamos a edição. O Lula estava fazendo campanha no Paraná e os gibis chegaram no restaurante e só quem havia visto o gibi foram a Marisa e o Bargas, que escreveu o texto. Havia umas 300 pessoas no restaurante e quando ele ia fazer o discurso de abertura o pessoal chegou distribuindo o gibi nas mesas e quando chegou na mão do Lula ele quase chorou. Ele começou a olhar as páginas com os olhos lacrimejantes e disse (Bira imita o Lula falando): “Companheirof e companheiraf, acabei de ser pego de surpresa e não sabia que tinham feito efa homenagem pra mim e queria agradefer ao companheiro Bira, ao companheiro (Bira imita Lula quase chorando) Bargas e ao companheiro Cruzeiro...” e aí o Lula quase chorando e todos aplaudiram e foi aquele auê. O gibi foi um sucesso e conheço petista que chegou pra mim dizendo que o sonho dele era ter aquele gibi. Eu tenho poucos exemplares, sabe como é, minha família é quase inteira petista...

Baraldi – Isso virou item de colecionador, véio. Vai ser disputado a tapa. Tenho dois guardados em casa que guardei de propósito.

Bira – Eu ouvi falar que no E-bay já tá cotado à US$ 200,00.

Em que lugar o Lula estava quando recebeu esse gibi?

Bira – Estava próximo de Curitiba, na cidade desse fazendeiro. O gibi saiu no primeiro turno e por isso que teve aquelas mudanças pro segundo turno. Se a gente for pensar na quantia de 600.000 pro Brasil todo é muito pouco. Se fosse só pra São Paulo, seria bastante. Eu fiz um gibi pro vereador Adriano Diogo, Marcio, que você chegou a ver, né?

Baraldi – Sim, eu cheguei a ver.

Bira – O gibi se chamava Chega de sufoco, que era do Maluf e tal que eu fiz a história do BomLuf , e toda vez que ele ouvia a palavra “bom” ele chorava e pegava o negocinho lá de... de...

Baraldi (que aproveita a longa pausa de Bira e interrompe, não voltando ao assunto anterior) – Olha os negocinhos bacanas que tenho aqui!

Bira – Aííí. Ó os fanzines, aí!

Baraldi – Tem esse do Márcio Sno, junto com o Henrique Magalhães nesse fanzine aí. O Henrique Magalhães é um puta cara legal, né, cara? Ele começou fazendo fanzine...

Bira (que interrompe) – Ele não usava brinquinho?

Baraldi – Sei lá, mas ele tá com uma editora muito bacana, a Marca de Fantasia, cara. Comprei uma pá de livro dele já, cara!

Bira – Não era dele a publicação Maria Bonita?

BaraldiMaria apenas. Esse cara é da Paraíba.

Bira – Você publica em todos os fanzines, Marcio?

Baraldi – Não, mas tô recebendo convites pra publicar num monte aí, e vou aceitar todos. Estou com o fanzine desse cara aqui, o João de Arruda Filho, que se chama Espaço Zine. Tenho o fanzine do Pança que é o Insano HQ, tenho dois aqui, pega um pro cê.

Bira – Valeu! Tem o Bozo na capa, não é?

Baraldi – É o Bozo, sim. Olha que coisa legal que eu recebi! É o Sertão Vermelho do Aroldo Magno e Edvan Bezerra.

Bira – Ô,loko! Tem desenho do Rodolfo Zalla, que bonito.

Baraldi – Tem capa do Zalla e desenho do Collonese e ganhei de presente. Olha que coisa mais linda.

Bira (que se surpreende) – Ganhou de presente! Que legal. Depois me dá o endereço dos caras que eu vou mandar o BiraZine pra eles. Mas isso já foi divulgado na Wizard. Você compra a Wizard?

Baraldi – Eu compro de vez em quando, mas a Wizard tem que dar mais espaço pra Quadrinho nacional.

Bira – Mas eles dão muito espaço pra você, Marcio. É sério.

Baraldi – Eles falam dos meus lançamentos, não é?

Bira – Sim, falam de todos.

Baraldi (que fala alto e rindo, se aproximando do gravador) - Tem que falar pro Sidão (Sidney Gusman, editor da revista Wizard – nota de Hamilton) deixar a gente dar uma entrevista poderosa na Wizard!!!

Bira – Sabe que o Sidney falou? Que a revista dá espaço pra prata da casa!

Baraldi – Prata da casa, tá!

Bira – Aí eu perguntei sobre o BiraZine e ele falou que ia colocar no site, por que o site é bem visitado e tal e realmente a divulgação rola... (Bira não disse se rola ou não, apenas deduzi pelo tom de voz, pois o mister Baraldi interrompe – parece entrevista do programa do Jô, porra! Esses frutas, viu!..)

Baraldi – Eu queria ser o Surfista Prateado dos quadrinhos.

Bira (rindo) – Mas daí você vai ficar aprisionado, Marcio...

Baraldi – Não, véio. É pra ser prata da casa, sacou (risos)?!?

Bira – Ah, tá. Aí sim (risos).

Baraldi – Esse fanzine é do André Carvalho, O preço e ele é muito gente boa. Estou trocando idéia com ele no orkut.

Quantos fanzines você costuma receber em média?

Baraldi – Uma porrada! Quem é esse maluco aqui? É o Artur Filho, o zine é Edição Quadrinhos com uma história do Shimamoto. O Shimamoto é um cara ultra-mega-cultuado pelos fanzineiros, cara, saca? Ele tem uma trajetória tão loca que até hoje ele colabora. Os fanzineiros adoram o cara, ele é super-cult.

Eu mesmo tenho que falar isso, pois ele fez comentário do meu zine, falou que é legal e tem muita informação por centímetro quadrado. E ele escrevia pra mim também.

Baraldi – O Shima, mesmo com a trajetória dele, de ser uma baita profissional, é um cara que até hoje dá a maior atenção e carinho pra fanzines. Mesmo sendo um zine simples ele manda desenho pra cacete pra eles. O Mozart Couto é assim também, você vê desenhos do Mozart em fanzines direto.

Bira – Mas deve ser material antigo.

Baraldi – Mesmo assim, só dele mandar já é uma boa vontade do cara. Ele tem que viver de desenho e não pode ficar só colaborando de graça.

Bira – Quem sumiu foi o Watson Portela. Eu vi uma carta que ele mandou pro fanzine da Velta, do Emir Ribeiro...

Baraldi (que se aproxima do gravador) – Eu gosto do Emir e fala pra ele que a Velta é muito gostosa (risos)!!!

Bira – Mas a Velta não é bissexual ou hermafodrita?

Baraldi – Você tá confundindo. A hermafrodita é uma outra personagem que ele fez, uma tal de Adrian, e são duas personagens. Ei, Emir (de novo Baraldi se aproxima do gravador brincando), tô certo ou tô errado, seu viado?!?

Bira – É ela que tem o parafuso e a porca, então (risos).

Baraldi – É assim, o Emir que é bissexual... opa, desculpa!

Bira – Ahhh (risos).

Baraldi – A Velta é puta... ah, tá tudo errado, apaga, apaga. Desculpa aí, Emir, desculpa (gargalhadas). Mas falando sério. A Velta é um mulherão de três metros de altura, gostosa pra caralho e ele tinha uma personagem hermafrodita, essa Adrian, que eu acho que ele não tá desenhando mais. O carro-chefe do Emirzão é a Velta.

Bira – Tem um fanzine do Emir que ele coloca todas as cartas que mandam pra ele, mas isso foi antes do advento da Internet, pois ele tem um fotolog no site Terra e faz isso no virtual, um fotolog que eu acesso, até. Inclusive eu prometi uma caricatura pra ele, pois o Emir é gente fina.

Baraldi – Faz e manda mesmo. Desenha ele com aquele bigodão de Fred Mercury dele (risos).

Você falou no Shimamoto ter consideração pelos fanzines, mas ele também tem pelos desenhistas, pois um amigo meu perguntou se podia mandar os desenhos dele pro Shima avaliar e ele disse que poderia mandar e mesmo esse amigo não gostando do trabalho do Shima, achou-o simpático pelo modo que ele o tratou.

Baraldi (gritando) – Shimamoto, você é mais que um desenhista, você é um santo, rapaz! Você já tá no céu!!!

Bira – Eu estava conversando com o Renato da revista Mosh!. E ele, com cabelo comprido e cara de índio, porque o Renato tem o jeito todo de índio chayene e ele falou do Shima. Eu conheci o Shima num encontro de quadrinhos de Araxá em que estava o Ofeliano. Estavam eu, Marcatti, Fernando Gonsales e Spacca no mesmo carro, que era uma Caravan do Fernando, que se parecia com uma barca e a gente na estrada com aquele carro capengando que não dava mais de 80. A gente foi pra Araxá e lá encontramos o Franco, o Ofeliano e o Shima.

O Franco de Rosa?

Bira – É, mas ele não tava de rosa e sim de jeans e camisa branca (risos). Aí passou um tempo e reencontrei o Shima num lançamento da Comix. Aliás, vocês falam Cômix ou Comíx? Em Campinas o pessoal fala Comíx.

Baraldi – A gente fala Comi-cú. Por que lá em Campinas só tem viado, tá ligado (risos)?!?

Bira – Rencontrei o Shimamoto e conversamos muito e o Shima é de esquerda. Ele foi comunista, assim como o Flávio Colin e quando destruíram as torres gêmeas, o Collin disse exultante: “Finalmente fizeram algo contra os imperialistas”. E o Shima disse calmamente que foi um grande golpe no imperialismo.

Baraldi (aplaudindo e gritando) – Viva o Flávio Colliinnnnnn (risos)!!!

Bira – Eles vibraram e o Shima falava pra mim: “Bira, eu tiro o chapéu por que eu sempre tive essa coisa de fazer humor engajado”. Humor pelo humor eu gosto, acho legal, mas mesmo numa história séria como essa da revista Front que eu fiz, tem que dar porrada no Bush. Que nem o Alex Ross fez com o Bush como vampiro sugando a estátua da liberdade.

Baraldi – Aquele US lá em duas edições, com o Tio Sam?

Bira – Essa minissérie é boa, mas ele não foi com o dedo na ferida. Ele chegou a usar o Tio Sam numa outra revista que não lembro o nome. Esse desenho do Bush vampiro saiu na Wizard e o Alex Ross disse o seguinte: “Com certeza eu devo estar na lista negra da casa branca e me sinto muito feliz com isso”. Cara, eu tirei o chapéu, pois foi que nem o Art Spigelman, que fez umas charges pro New Yorker que era mais ou menos assim: aparecia a guerra no Iraque pela televisão e dois norte-americanos comendo pipoca e tomando refrigerante e depois dormindo; uma explosão se ouve e eles acordam assustados e voltam a dormir; e o New Yorker achou que a charge era ofensiva e censurou. Assim que ele foi censurado, pediu demissão. Logo depois teve o atentado às torres gêmeas e ele fez aquele livro lindo que revisitou todos os quadrinhos americanos através do medo. Ele fica o tempo todo falando do medo porque os norte-americanos usam o medo dos ataques terroristas pra uma desculpa pra atacar a civilização de lá. Estão destruindo um patrimônio cultural e no Iraque tem obras de arte que estão sendo destruídas dia-a-dia.

Baraldi – É a antiga Babilônia. Sem falar que estão matando um monte de gente inocente como mulher, criança, adulto e velho. Isso é o principal. Mas deixe-me falar dessa menina linda aqui. Você conhece a Anita Costa Prado? Ela é fanzineira e poetisa...

Bira – Eu só conheço a Anita Garibaldi. Você sabe que idade ela tem?

Baraldi – Você conhece ela, Hamilton? Sabe se ela é bonitona? Anita (Baraldi se aproxima do gravador), você é gostosa ou não é, hein?!? Manda uma foto pra nóis vê aí... Eu mandei um livro do Roko-Loko pra ela uns tempos atrás e ela gostou tanto do personagem que fez a loucura de escrever uma história do Roko-Loko e mandou pra mim. A história é tão engraçadinha e eu gostei pra caralho e vai entrar no próximo livro. Vai ser um bônus do livro, uma história inédita com roteiro da Anita, falou, Anita? Fizemos uma parceria e aquela história que você me mandou de Visconde de Mauá eu ilustrei e você vai aparecer no lançamento do livro viu, gostosa (risos)?!?

Bira – Você não casou ainda, Baraldi?

Baraldi – Não vou fazer essa besteira nunca. Sou que nem o Gene Simmons, não vou casar nunca.

Vocês falaram do Flávio Collin e do Shimamoto, que falaram do imperialismo. E como fica a opinião deles a respeito das pessoas que morreram ali, no World Trade Center?

Bira – O Shimamoto é mais humanista. Ele disse: “Bira, foi uma pena ter morrido gente inocente, mas morre gente inocente todos os dias em todo o mundo vítimas dos norte-americanos”. Sinto muito, realmente é trágico você pensar que tinham pessoas lá, e segundo diziam era mais estrangeiros do que norte-americanos.

Baraldi – Colheu o que plantou. Você lembra nos anos 80 que o Kadafi era o homem mais temido do planeta? Ninguém mexia com ele e por que hoje em dia nenhum país árabe saiu em defesa do Iraque? Por que eles foram comprados, já que vendem petróleo pros Estados Unidos e não querem comprar briga com o Bush.

Bira – Só que o Irã continua contra os Estados Unidos.

Baraldi – Mas não saíram com armas pra defender o Iraque. Todos têm medo do Bush e a única galera que ajudou o Iraque foi a TV Al-Jazeera, o único órgão de imprensa decente que fez isso, graças a Deus.

Bira – Você sabe que eu cheguei a mandar uma charge minha pra Al-Jazeera? Passei pro inglês e mandei.

Baraldi – Você conhece o cartunista Latuff? Ele é muito legal, é um cara como o Bira. É um cara que tem coragem de ser militante, de ter um trabalho parcial, que defende uma causa, no caso a questão da Palestina.

Bira – Onde ele tá? Ele é do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro, né?

Baraldi – Sei lá, eu vejo cartum dele em um monte de jornal estrangeiro, ele publica coisa pra caralho. Ele não é muito conhecido no Brasil, mas tem um carreira internacional legal e é dos poucos cartunistas que tem coragem de ter uma produção feita em cima dessa questão da Palestina.

Bira – Ele tem fotolog e deixei uma mensagem pra ele, mas ainda não respondeu.

Baraldi – Aí, Latuff, você é feio pra caralho, mas tu é macho! Eu tenho cara de palestino apesar de ser italiano e o Latuff tem uma sobrancelha mais grossa que a do Bira e a minha juntas, o cara só tem sobrancelha (risos). Sucesso pra você, Latuff!!!

Baraldi (interrompe falando de outra coisa) – Recebi uma cartinha do José Magnago, do fanzine Castelo de Recordações. Eu gosto muito dele e do Queiróz e dessa galera que faz esses zines. Um abraço pra esses caras que fazem os zines da Golden Age e Silver Age, pro José Salles e pro Cláudio Rubin também.

Bira – E por onde anda o Magnani, aquele cartunista do PT? E o Nicolielo?

Baraldi – Não sei, cara, e tô me afogando com essas bolinhas que você me deu. Esse ecstasy aqui, ou melhor, a prata da casa que ele me deu.

Bira – O Nicolielo fez uma História em Quadrinhos pra campanha do Vicente Trevas, candidato a vereador do PT em 82. O Magnani fez cartuns lindos do PT na década de 80 e sumiu.

E essa parada de cartuns que deram problema. O cara da Dinamarca, que satirizou o profeta Maomé não pediu desculpas pelo cartum e tem gente que faz cartuns que são afrontas às pessoas. Atingem elas e pega mal. O Chico Caruso fez um cartum com o Arafat crucificado na bandeira de Israel e outro com ele dentro de um cercadinho em forma da estrela de Davi. Tem mais coisas por aí mais brabas que essa.

Baraldi – Eu não faria isso aí.

Bira – Eu fiz várias charges da situação palestina, israelense, e fui ameaçado de processo no sindicato por um engenheiro judeu chamado Salu que ligou pra lá e disse assim: “(Bira começa a imitar um judeu com um jeito caricatural de falar) Eu quero falar com a diretor de imprensa do Sinergia” aí o jornalista que atendeu falou que o diretor não estava lá e o cara continuou “eu querer processar vocês usando a lei Afonso Arinos”, que é lei contra discriminação racial e o jornalista disse: “Pô, meu! Você quer processar o diretor do sindicato, ele é negão! Como você quer processar ele?” e ele continuou bravo: “Eu vou processar por charge racista contra judeu, ou vocês publicam uma retratação ou eu processo a Sinergia”. Eu tinha feito a seguinte charge sobre a lei de Talião que é “olho por olho, dente por dente” e a charge era a seguinte: Ariel Sharon de um lado e Arafat de outro e cada um deles arrancava um olho e jogava no outro e cada olho virava um morto. Nessa charge eu não fui preconceituoso com os judeus e sim com a guerra, por que a guerra mata o povo. Quem perde com a guerra é o povo e nunca os magnatas, os comandantes; esses sempre se saem bem. Eu falei pra ele que ele não entendeu a charge e não entendia de bíblia. A lei foi revista e quando Jesus pisou nessa terra ele veio reclamar disso que a lei era ultrapassada, mas o cara não quis nem saber e disse: “Você estar falando que eu ser burra, mas eu não ser burra. Eu entender Bíblia”. Mas eu falei: “Cara, eu sinto muito se você não entendeu, mas eu não meti o pau em judeu”. Eu já meti muito pau neles, mas não dessa vez. Eu fiz a retratação, mas falando isso, que um judeu tinha reclamado e tarará e ele não entendeu, pois ali não tinha preconceito nenhum. Mas essas charges mais pesadas eu não gosto de fazer. Aí não é política e sim ataque pessoal, ataque à moral e eu não quero atacar moral, mas sim politicamente. Quando tem ironia demais aí eu escracho. Como uma vez que o Ariel Sharon falou “Vamos dividir a Palestina” e eu desenhei o Yasser Arafat amarrado numa mesa e o Sharon com uma cimitarra levantada dizendo: “Vamos dividir os palestinos... no meio... no meio!” e o pessoal chiou. Se tem uma coisa que eu tiro o chapéu pro Ariel Sharon é ele ter devolvido a faixa de Gaza pros palestinos, que é uma coisa que ninguém quis fazer antes. Isso não tira a culpa de todas as atrocidades que ele fez antes. Mas ele comprou briga com os judeus ortodoxos, de direita, que tão querendo matá-lo. Eu o critiquei tanto, mas tiro o chapéu pra o que ele fez. Teve um primeiro-ministro de esquerda em Israel que não lembro quem foi, que ao assumir o cargo de ministro continuou implementando toda a política de ataque aos palestinos. Um cara como o Tony Blair que é de esquerda também acaba ficando do lado do George Bush e o Chirrac que é de direita, faz um discurso contra o Bush, então tá ficando tudo de pernas pro ar. Numa coisa fico feliz que é a América Latina tá ficando socialista pra caramba. Tem o Ivo Moralez, o Chaves que embora não seja socialista propriamente dito mas tem um discurso de esquerda anti-imperialista e o Kirchner na Argentina que comemorou a eleição do Moralez e o cara do Uruguai também.

Bira, você falou sobre o cara te ameaçar de processo e eu quero saber dos dois, se estando na política fazendo charges e cartuns, já receberam ameaça ou e-mail de alguém reclamando.

Baraldi – O sindicato já recebeu vários processos por causa de charge, mas é uma parada que o sindicato assume. Eles tem um departamento jurídico pra cuidar nisso, mas geralmente não dá em nada pois é liberdade de imprensa.

Bira – Teve algum processo que o sindicato perdeu?

Baraldi – Teve uma vez, mas foi com foto, pois utilizaram uma foto e não pagaram pra agência, na verdade, eles nem sabiam de onde era a foto e usaram, e aí apareceu a agência dona da foto cobrando. Teve a ver com direitos autorais. Eu recebo e-mails direto de gente reclamando, mas muitas vezes eu nem respondo, viu, véio? Eu já respondi muito no começo, mas parei porque fui cansando. Na época do FHC muito cara mandava e-mail pra mim reclamando e eu não respondia. Já tive gente de origem judaica que reclamou por alguma charge a ver com a Palestina, mas charge é isso aí cara, e cada um interpreta do jeito que quiser, é como uma música que você vai lá e grava e cada um interpreta como quiser. Nem tenho mais saco pra ficar discutindo. Charge não é pra ficar discutindo, é pra dar risada ou não.

Bira – E-mails como esses do Baraldi eu nunca recebi, mas recebi dois processos pela Força Sindical, pois tem o Sindicato dos Eletricitários aqui em São Paulo que a gente sempre critica nas charges porque é um sindicato que sempre, em todas os negociações coletivas com as empresas de energia elétrica, fica ao lado das empresas. Muitas vezes atravancam a negociação porque ele vê que o sindicato da CUT está levando a coisa pra favorecer os trabalhadores e daí atravanca porque o sindicato não tão nem aí, pois o deles já tá no bolso. Para eles, se a categoria não tiver aumento tudo bem, se for pra ferrar com a CUT, eles vão fazer isso. E aí o que aconteceu: me processaram duas vezes, mas o advogado foi defender e tal. Na verdade o processo rolou contra o presidente do sindicato e o diretor de imprensa. Eu, como chargista, não fui processado e nos dois casos o juíz falou que não tem nada a ver porque a charge não era ofensiva. Se eu tivesse desenhado alguém dando o rabo aí seria outro papo, mas eu não fiz.

Baraldi – Isso é uma crítica pessoal e charge é uma crítica política, sacou? Como o cara é um imbecil, cabeça-de-bagre, ele leva pro lado pessoal e quer dar uma de malandro e ver se consegue morder uma grana. Às vezes tem isso e é lógico que não dá certo!

Mas e ameaça como aquele cara que escreveu Versos Satânicos? Não chegou a esse ponto, né? De vocês se lamentarem e dizerem “Por que fui fazer aquilo?”.

Baraldi – A esse ponto não chegou. E o que rolou com o Salman Rushdie, escritor dos Versos Satânicos, foi ameaça de morte e ele ficou exilado um tempão porque os fundamentalistas queriam pegar o cara e os caras são fogo, são xiitas. São uns esquemas que nem o da Yakuza, tá ligado!?

Bira – É que nem a comunidade secreta de Esparta, que quando queriam pegar alguém, eles esperavam o tempo que fosse preciso, mas eles matavam sem dó e nem piedade. Eu estou lendo livro O escudo de Talos, que é a história dos 300 de Esparta que o Frank Miller desenhou, só que detalhadamente escrita por um italiano. Esses caras que matavam eram de uma casta de agentes secretos. No livro falam dos Zilotas, que eram escravos de Esparta, que eram de um reino poderoso mas foram subjugados, não podiam usar espada, arco e flecha e nem lança, só podiam usar ferramentas de trabalho. Se fossem pegos com alguma arma ou treinando pra se desenvolver fisicamente, eram mortos. Os escravos eram considerados cães e as mulheres eram estupradas e os homens assassinados normalmente. Os espartanos não tinham nenhum peso na consciência porque escravo não era considerado gente.

Agora, pra terminar a entrevista, queria que cada um falasse do trabalho do outro, pois eu e o Bira vamos pra Galeria do Rock e a fita está no fim.

Baraldi (rindo, todo vermelho) – O Bira, apesar de ser boiola é meu amigo e gosto muito dele, tá ligado?! Eu gosto do Bira, sacou (risos)?! Vou contar uma história engraçada, vamos ver se você lembra disso daqui. Eu entrei no Sindicato dos Químicos em 83, eu era moleque, tinha 16 anos e o Bira tinha 19 anos. Quando entrei no sindicato do ABC o Bira era cultuadíssimo e as pessoas falavam que o Bira desenhava pra caralho e que eu tinha que aprender com o Bira (muitos risos). Falaram pra eu ir pra São Paulo fazer um estágio com o Bira. Você lembra dessa porra (gargalhadas)?

Bira – E você assinava como “Mimi”, lembra? E depois a gente que é boiola (risos).

Baraldi – Estava você e o Éton, lembra? A gente ficou trocando idéia sobre o Rock’n’Rio, que ia rolar, conversávamos sobre rock’n’roll, sobre o Spirit, do Will Eisner, e ele mostrou as revistas dele. Eu não conhecia ele e acabei conhecendo naquela época e somos brothers até hoje.

Bira – Eu tenho que tirar o chapéu pro Marcio Baraldi muitas vezes, pois esse cara é um desenhista incansável, um criador fantástico. Eu fico besta porque ele consegue juntar muita informação nos Quadrinhos (principalmente nos do Roko-Loko) e engata perfeitamente as histórias. Isso daí não é pra qualquer um! E ele, além de fazer isso, consegue editar o seu trabalho e procurar e negociar com as editoras. Tenho que olhar o Marcio e dar um abraço nele e dizer: “Eu te admiro porque você vai atrás e faz acontecer!”. Um dia cheguei numa banca e vi uma revista espírita e tinha desenho do Marcio, na revista de skatista e tinha desenho do Marcio, na revista de rock’n’roll tinha desenho do Marcio, numa revista de Heavy Metal tinha desenho do Marcio, numa revista de tatuagem tinha desenho do Marcio.

Baraldi – É uma praga esse Marcio!!!

Bira – Eu falei :“Pô, esse cara tá em todas!”. É isso que falta no desenhista brasileiro, porque o desenhista brasileiro cansa logo. Não sei se é falta de proteína ou o quê, pois ele não sua a camisa legal, como deveria. Ele tenta um pouco e se desgasta e às vezes faz um zine e mete o pau em gente boa porque tem ciúme, inveja, e esquece de sair batendo na porta. O Marcio dá aula nisso, pois ele é uma metralhadora giratória. A rapidez com que ele desenha os quadrinhos é a mesma com que ele pensa e fala. Ele é rápido pra desenhar e falar, então ele junta todos os assuntos e não perde o tempo pra falar. Ele não perde o fio da meada e fica falando “Dãããã... ãhnnn...”, sabe?!? (Baraldi começa a gargalhar muito) Isso nunca vai acontecer! Você pode dar um bagulho pra ele que derruba qualquer um, ou um barril de chopp, que não acontece nada. É que nem o Obelix. É isso: o Marcio é o Obelix do Quadrinho nacional!

Baraldi – Mas eu não sou gordo, não! Não tô inchado, tô esbelto!

Bira – Mas vai falar pro Obelix que ele é gordo. Ele fica na nóia. Ele fala: “Gordo, eu? Mas eu uso listras”. Eu gostei de saber que o Marcio está pintando digitalmente. Além dele estar se modernizando em todos os sentidos, na pintura também, pois gostei dos efeitos. Eu sou um cara mais antiquado e continuo pintando à mão, mas eu pretendo aprender a pintar, ganhei um tablet, mas adoro pintar a mão.

Baraldi – Essas últimas pinturas foram digitais.

Bira – Eu vi.

Valeu por vocês darem essa entrevista, a primeira entrevista feita a dois e por terem estreado essa sessão.

Baraldi – Muito bonito. Aíííí,garoto, valeeeeeu (assovios e aplausos)!!!!

Entrevista realizada em 13/01/2006 para o Jornal NFL Zine e publicada na edição #8, de junho/2006.

* Hamilton Tadeu é o editor do NFL Zine

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