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Por Eloyr Pacheco 15/08/2006 JJ Marreiro é um dos quadrinhistas mais conhecidos no meio alternativo brasileiro. Atualmente é um dos editores do Manicomics, ganhador do HQ Mix 2006 como melhor fanzine, onde publica a Mulher-Estupenda, criação sua que vem conquistando cada vez mais popularidade, e está envolvido em um novo projeto de Quadrinhos com o editor e quadrinhista Roberto Guedes. Mesmo com todas estas atividades, Marreiro ainda arranja tempo para lecionar Mangá no Estúdio Daniel Brandão. Nesta entrevista, feita por e-mail, Marreiro comenta sobre sua paixão (os Quadrinhos), seu trabalho (como editor e quadrinhista) e seus projetos. Primeiro eu gostaria de saber como surgiu seu interesse por Histórias em Quadrinhos e como você iniciou sua carreira. Meu tio e minha mãe eram leitores de gibis desde a infância. Ao invés dos tradicionais contos da carochinha ela lia pra mim o Batman do Dick Sprang. Quando fui crescendo meu tio trazia revistas Disney de presente e quando aprendi a ler, um primo mais velho me deu um exemplar de Tarzan e não parei mais de ler. O trabalho com desenho surgiu por volta de 1991, eu já desenhava e tinha feito jornalzinho pra escola, cartazes, charge pros professores e me chamaram pra dar aula de desenho pra criança e pra ilustrar um livro infantil. Depois entrei para a Oficina de Quadrinhos da UFC, um projeto de extensão da Universidade que visava o estudo, o aprendizado e a produção de Quadrinhos. Publiquei no Pium, a revista da oficina, depois parti pros zines e a partir dos zines vieram convites para publicar em jornais e revistas. Como é o seu relacionamento com Daniel Brandão e Geraldo Borges, os dois editores “impossíveis” que, junto com você, editam o Manicomics? Parceiros no crime define bem. Este ano o Manicomics completa 10 anos de existência e cada um deu sua cota de sangue para chegarmos até aqui. Atualmente, Daniel e Geraldo não tem uma atuação tão forte como noutros tempos, mas ganhamos um reforço muito bom com a chegada de Allan Goldman que também integra hoje o conselho editorial e tem mantido o pique de produção do time em alta. Qual a importância do Goldman (aliás, excelente quadrinhista) no Manicomics? O Goldman já está no Manicomics há um tempo. Hoje ele é um dos editores e é tão importante para a publicação quanto Daniel, Geraldo e eu. Como é o seu sistema de criação e de produção? No geral acho importante fazer uma pesquisa sobre o tema com o qual vou trabalhar. Se vou escrever sobre vaqueiros o ideal era trocar umas idéias com os próprios vaqueiros. Se isso não for possível o jeito é procurar textos, reportagens, documentários a respeito do assunto. Acho importante mergulhar no universo do personagem, você sempre vai sair desse mergulho com mais subsídios para seu trabalho. Na hora de colher idéias você tem que estar aberto a tudo que surgir, mas na hora da produção é importante estar focado, se desligar de algumas coisas e mandar brasa. E o Zohrn? Nasceu como? Eu jogava RPG e meu personagem tinha altos pontos de resistência e força, o mestre queria que o personagem fosse um guerreiro, mas eu insisti no Elfo. Ele topou e eu criei o Elfão pouco-tato. Logo depois comecei a desenhar suas aventuras e publicar no fanzine Pergaminho. Depois que o zine foi distribuído e vendido nos points de RPG da época começaram a pipocar Elfos troncudos em todos os grupos de jogadores da cidade. Foi engraçado, meu traço ainda não estava formatado e tinha muita gente que odiava meu desenho, mas copiava meu personagem. Assim, o Zohrn acabou ficado conhecido. Depois ele foi publicado em fanzines de diversos locais do Brasil. Qualquer dia volto com coisa inédita dele. Há possibilidade da Mulher-Estupenda ganhar um especial como o do Zohrn? Há sim. Tem uma editora interessada. Só estamos vendo se vai ser no formato ideal que pensei para a personagem: formatinho. Como foi o desenvolvimento do projeto do Capitão Tocha? O Capitão Tocha, criado pelo Henrique Castro, mobilizou uma boa dezena de pessoas, além do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará. Toda a equipe conviveu com os bombeiros e passou por treinamentos para perceber melhor a função do bombeiro, seu sistema de trabalho, sua conduta em serviço. Eu saí desta experiência com uma certeza: a de que existem super-heróis e eles são os bombeiros. Você pode comentar algo mais sobre o projeto “secreto” que você e Roberto Guedes estão desenvolvendo juntos? O Guedes está escrevendo um tipo de história que ele adora escrever, e eu to desenhando um tipo de história que eu adoro desenhar. Foi uma questão de sintonia fina. Temos muitas influências em comum, apesar de eu achar que ele é um cara que tem uns textos meio Marvel (anos 1960) e que eu tenho uns desenhos meio DC (anos 1950). Você leciona mangá e desenha muitas de suas HQs neste incrível estilo retrô. Comente um pouco sobre como e por que mantém estes estilos tão diferentes? O desenhista no Brasil tem que ser versátil. A dinâmica e a narrativa subjetiva do mangá me atraem bastante, assim como o lirismo do traço e da composição dos artistas japoneses. Acho importante poder transitar do mangá ao acadêmico, passando pelo Cartum, pois como profissional essa adaptabilidade pode abrir portas inesperadas. Além disso, você se põe à prova, em desafios que são bons para o crescimento e para o aprendizado constante. O Bigorna.net agradece a JJ Marreiro pela entrevista. |
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