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Por José Salles 28/07/2006 Quem coleciona gibis está acostumado a pesquisar & vasculhar pilhas de revistas em “sebos” atrás de raridades dos quadrinhos. E por vezes fazemos descobertas tão fascinantes das quais não temos nenhuma referência. Como a surpresa que tive ao me deparar com este exemplar único de O Justiceiro da Estrada. A primeira coisa que faço, ao folhear um gibi como este, é procurar saber a data e o nome do desenhista. Quanto à data de publicação, há uma pista na contracapa, no canto inferior direito, onde pode ser lido em letras pequenas “Edição SSB – Direitos Reservados – 1970”. Por outro lado, não há qualquer informação, sequer o nome dos autores da HQ chamada O Mistério dos Carneiros Sem Rastro, que se estende por todas as suas 32 páginas. Envio a reprodução da capa e de algumas páginas a meu amigo Edgard Guimarães, em busca de alguma pista. Eis a resposta, em carta do editor do QI: “Agora você cavou fundo. Nunca tinha visto nenhuma referência a este personagem. A única coisa que posso dizer é que este estilo de desenho com referência fotográfica, vários tipos de retícula, abuso de onomatopéias, foi muito usado pelo desenhista paranaense Leisenfeld na década de 1970. Saiu uma HQ dele na primeira fase de Historieta, e algumas no início da Editora Grafipar. Infelizmente produziu pouco”.
Após a leitura fica evidente tratar-se de uma campanha publicitária de divulgação dos caminhões Scania – mas, longe de ser um simples catálogo, a história do Justiceiro da Estrada é uma divertida e muito bem feita HQ de herói mascarado. Ponto para o marqueteiro que pensou nisto! Este personagem tem, a propósito, tripla identidade: é o empresário Francisco do Prado Filho, diretor-presidente de uma empresa agro-industrial e exportadora; quando deixa a barba crescer por alguns dias, é o caminhoneiro Chico Sampaio, a percorrer as estradas do país ao lado de seu companheiro Japa (que dá o mote de humor na história); e quando veste botas, casacão invocado e máscara diminuta, montado em um possante caminhão Scania (que fica num depósito que lembra os esconderijos clássicos dos heróis, como a bat-caverna), torna-se o Justiceiro da Estrada, terror dos bandoleiros do asfalto. As motivações de Francisco no combate ao crime datam de sua adolescência, quando viu seu pai João Sampaio ser assassinado por jagunços de um coronel oligarca. Por isso sua assinatura, após cada ação bem sucedida contra os ladrões, faz-se com “JS”, de João Sampaio – mas claro que entre a gente boa ele ficaria conhecido como “Justiceiro do Scania” – que nesta aventura dá cabo de uns contrabandistas de carneiros. Fico imaginando a trabalheira que teria um herói deste hoje em dia no Brasil, com as estradas dominadas por essas quadrilhas de roubo de cargas – pelo contrário, hoje os bandidos é que têm os seus “justiceiros”, protegidos que estão por pífias leis processuais e por militantes de ONGs, pastorais e partidos de esquerda...
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