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Por Bira Dantas 19/07/2006 O mundo dos Quadrinhos tem feito várias incursões no mundo da Música. Além de serem extremamente ricas, essas experiências sempre nos surpreendem pela sua criatividade, que é o que todo quadrinhista busca ao começar uma nova HQ. A criação das onomatopéias nos Quadrinhos é uma evidente tentativa de se criar um ambiente sonoro em um mundo exclusivamente visual e em duas dimensões. Nos 137 anos da História em Quadrinhos no mundo (desde que Santo Angelo Agostini* publicou Nhô Quim na Revista Ilustrada em 30 de janeiro de 1869), pudemos ler Quadrinhos baseados em Música; Quadrinhos que contavam a história da Música ou dos músicos; Quadrinhos inspirados em Música... Recentemente alguns músicos foram convidados a interpretarem canções inéditas em tributo a Neil Gaiman (Sandman) no CD Where's Neil When You Need Him. Em Elegia, recente livro de Edgar Franco, editado pela Marca de Fantasia, músicos de black metal sinfônico compuseram uma nova obra baseada na HQ. Ainda temos exemplos de músicos que viraram quadrinhistas, ou quadrinhistas que viraram músicos, como o carioca Joacy Jamis, que é vocalista de uma banda punk no Maranhão; o bateirista Hulk'a billy, do Kães Vadius, e tantos outros. Temos ainda Voodoo Child, na qual Bill Sienkiewicz desenha a vida de Jimi Hendrix; Raul Seixas em Quadrinhos; os ótimos Roko-Loko e Adrina-Lina, publicados pelo heróico Marcio Baraldi há mais de 10 anos, e a fabulosa revista Mosh!, de quadrinhos Rock’n roll, feitas pelos roqueiros Lobo, Renato, os Fábios, Vinícius e Heitor Pitombo. Mas a ligação dos Quadrinhos com a música não para por aí. Depois de visitar o Reino Unido, fui com a família a Paris e lá, nas Gallerias Lafayette, existe uma MegaStore com quase tudo o que se lança na França em BD (Bande Dessiné, como chamam os quadrinhos por lá) e CD/DVD. Claro que minha filha Thaís pediu que eu comprasse os CDs e livros maravilhosamente ilustrados, tem bom gosto a menina. Mas meu queixo quase caiu quando vi mais de vinte álbuns maravilhosos, com um formato comprido (25,5 x 14,5 cm), lombada quadrada, capa dura, 21 páginas de papel couché colorido repletos de Quadrinhos, além de dois CDs com as músicas mais representativas do artista, devidamente remasterizadas. É uma experiência inédita, pelo que sei, a venda de HQ com CD junto. A idéia é você abrir o álbum, colocar o CD, ler os Quadrinhos e deixar rolar a imaginação. O selo francês Nocturne vem lançando uma ampla coleção de álbuns de grandes nomes do Blues, R’n B, Jazz, Rock, Folk, Groove, Bandas, Gospel, Reggae, Clássicos, Ladies, Chanson e World Music. Rapidamente acrescentei três álbuns à minha pilha de livros: John Lee Hooker (Steg), B.B.King (Jean-Michel Nicollet) e Muddy Waters (René Hausman), blues é o meu fraco. Eu tinha pegado mais, mas a conversão Euro/Dólar/Real iria me matar, eu sabia disso. Babando, devolvi vários às prateleiras. Ben Abdallah, um atendente tunisiano do setor de música me foi apresentado como um adorador de Quadrinhos, e quando viu meu BiraZine disse que me apresentaria ao editor dos álbuns maravilhosos. Dito e feito: fui convidado a fazer parte do cast de colaboradores do projeto. Tudo pode ser visto, ouvido e comprado no site da Nocturne. O álbum 50 anos de Rock traz 28 desenhistas abordando temas como psicodelia, Vietnã, o homem na Lua, o rádio, Woodstoch, Arte Pop, entre outros. Entre os colaboradores, figuram nomes como Annie Goetzinger, Beltran, Ben Radis, Dupuy-Berbérien, Bézian, Boucq, Cartier, Cromwell, R. Crumb, Denis Sire, Filips, Frank Le Gall, Hunt Emerson, Jean C. Denis, Joe G. Pinelli, Joan, Margerin, Max, Mezzo, Plessix, Pourquié, Ptiluc, Rabaté, Riff, Rimka, Shelton, Solé, Yoann. Vocês imaginam o que é produzir mais de 100 álbuns com uma turma da pesada dessas? Quadrinhos com música real. Um delírio para os olhos e ouvidos. *A descoberta da beatificação e santificação de Angelo Agostini cabe a Worney de Almeida, também colaborador deste site Bigorna e nosso pesquisador de assuntos do Vaticano. Será que ele gostou do Código Da Vinci?
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