Over the Hedge (Os Sem-Floresta)
A tira cômica criada por Michael Fry e T. Lewis, distribuída pela United Media, deu origem um filme em desenho animado 3D da Dreamworks, daqueles bem animados. E o pessoal da dublagem não fica atrás, tem gente de peso. Pra começar, o longa Over the Hedge (Os Sem-Floresta, aqui no Brasil) rendeu muito pouca bilheteria nos Estados Unidos, mesmo em sua décima semana. Algo pouco mais que quatro milhões de dólares no final de semana. Mesmo assim, a película tem ajudado a distribuição da tira cômica, pelo syndicate United Media. Para se ter uma idéia, três meses antes do longa ser lançado (nos EUA estreou em 19 de maio), havia cerca de 200 jornais publicando a tira diariamente. Pulou para 250 jornais depois da estréia do filme. O cast de vozes é de primeira: Bruce Willis (de Duro de Matar), Allison Janney (de The West Wing), William Shatner (de Star Trek) e Nick Nolte (de Um Vagabundo na Alta Roda e Cabo do Medo).
Exatamente pelo fato de a tira cômica de Fry e Lewis não ser conhecida pelo público brasileiro, o filme pode ser uma boa iniciação aos fãs de Quadrinhos. A trama gira em torno de um guaxinim viajante, RJ (na voz de Willis), que chega a uma floreta fora de uma cidade habitada, obviamente, por humanos, no Meio Oeste americano. O guaxinim está simplesmente encantado com a idéia de viver próximo aos humanos e imagina se pode trazer alguns animais selvagens junto com ele nessa aventura. O que ele encontra, entretanto, é uma comunidade fechada de animais, mortalmente amedrontados em relação aos humanos, e seu líder, uma tartaruga chamada Vern, acabou de ter um encontro terrível com crianças humanas que o deixaram ainda mais medroso. No trailer, a cena é hilária. Pois bem, encorajados por RJ, os animais lentamente se aventuram além do muro verde que os separa de um conglomerado de casas novinho em folha, em pleno subúrbio, e que tinha sido construído em pleno inverno, enquanto os bichos hibernavam. A idéia é que o guaxinim vá mostrando aos demais companheiros que é interessante viver próximos à civilização, com junkie food, latas de lixo repletas de peixe e outras iguarias.
Over the Hedge, o filme, foi dirigido por Tim Johnson e Karey Kirkpatrick, dois artesões da Dreamworks que já fizeram loucuras animadas em longas como Shrek e Madagascar. O roteiro é de Len Blum e Lorne Cameron, baseado nos Quadrinhos da dupla Fry e Lewis. Entre as vozes que deram vida aos personagens, está também a da cantora e compositora canadense Avril Lavigne. A duração é de 83 minutos.
The Ant Bully
Outro filme que tem elenco de vozes de tirar o fôlego é The Ant Bully, lançamento da Warner para 2006, com direção de John A. Davis. Só pra começar, Nicholas Cage (de Cidade dos Anjos), Paul Giamatti (de Sideways), Ricardo Montalbán (de A Ilha da Fantasia, lembram?), Meryl Streep (de As Horas), Lily Tomlin (de The West Wing) e ninguém menos que ela, Julia Roberts (de Um Lugar Chamado Notting Hill, entre outros). Para tanta gente boa, só mesmo tendo Tom Hanks na produção. O filme chega aos cinemas americanos em 4 de agosto.
The Ant Bully conta a história do perverso garotinho Lucas Nickle, que após irrigar um formigueiro com jato d'água, é magicamente encolhido até o tamanho dos insetos e, depois de julgado pelas formigas, é condenado ao trabalho duro nas ruínas da colônia que ele ajudou a destruir. Será uma versão renovada de Formiguinhaz (Antz) e Vida de Inseto (A Bugs's Life)? Será um filme com intenções ecológicas ou mais uma mera comédia maluca da Warner? Vamos aguardar. É esperar pra ver.
Garfield e Cars
Bem como Over the Hedge não alcançou grande coisa em bilheteria, o fracasso passou mesmo à porta do segundo longa do gato Garfield, de Jim Davis. Fazendo miseráveis US$ 7.2 milhões em seu primeiro fim de semana, abriu desastrosamente em sexto lugar. Para ter uma idéia, o grande sucesso imbatível da temporada, Cars (direção de John Lasseter para a Disney-Pixar) fechou o último fim de semana com a renda polpuda de US$ 31.2 milhões. Sim. O Oscar de Melhor Longa em Animação promete, no ano que vem.
Zagreb 2006
Tendo encerrado dia 19 de junho, o Festival de Cinema de Animação de Zagreb (Croácia) - um dos três maiores festivais do gênero, no mundo -, foi vencido duplamente pela inglesa Joanna Quinn, animadora que também recebeu diversos prêmios na última edição do Festival de Annecy (França) com seu Dreams and Desires – Family Ties. Em Zagreb, por sua vez, Joanna recebeu o Grand Prix do festival, além do prêmio de Melhor Filme pelo júri da Crítica Internacional. A cineasta, que nasceu em 1962, é produtora, animadora, diretora e roteirista de uma série de filmes animados, como The Canterbury Tales, Famous Fred e Britannia, entre outros, a maioria deles produzidos na década de 1990. Joanna teve ainda alguns de seus filmes exibidos no Anima Mundi (aliás, foi Joanna quem produziu a vinheta de abertura do festival brasileiro, em 2005). No entanto, a grande maioria dos vencedores deste ano foi de longas e curtas vindos do Leste Europeu, muitos da Rússia. Fora desse circuito, o curta que venceu na categoria de Melhor Filme Infantil foi The Little Matchgirl, da Disney.
O último Disney feito com CAPS
Falando exatamente nele, The Little Matchgirl, este filme de animação 2D é considerado o marco final de toda uma era. É o mais recente curta da Disney. Tem cenas pintadas como se fosse aquarela, sem diálogos e com trilha do compositor russo Borodin. O curta que foi dirigido pelo mesmo Roger Allers de O Rei Leão, é baseado no clássico conto infantil de Hans Christian Andersen, The Little Girl with Matchsticks (algo como "A Garotinha com Palitos de Fósforo"). A história por trás dessa produção é a seguinte: haveria uma continuação para o longa Fantasia 2000, para o qual já haviam sido realizados One-By-One, e dois curtas indicados ao Oscar, Destino e Lorenzo. Quando o projeto não foi pra frente, restou estrear esses filmes em separado. No caso de The Little Matchgirl, será lançado ainda este ano no DVD especial de A Pequena Sereia, outro grande sucesso da Disney da época de Michael Eisner.
Os tempos são outros. The Little Matchgirl foi o último a utilizar o CAPS (Sistema de Produção de Animação por Computador), que foi o programa de renderização, composição e pintura digital tradicionalmente usado pelo estúdio em grandes filmes como O Corcunda de Notre Dame e O Rei Leão. Curiosamente, o primeiro uso do CAPS foi exatamente em A Pequena Sereia, filme de animação que acendeu o renascimento do estúdio, no final dos anos 1980.