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Revista Sebrae: quadrinhos para micro-empresários e vendedores!
Por Gazy Andraus
22/06/2006

Sabe-se que na Índia, ao fim da década de 1960 para 70, resgatou-se a cultura nacional através das Histórias em Quadrinhos (HQs), quando as outras mídias exploravam os ideários do ocidente e a população ia perdendo suas raízes culturais. Sabe-se também que as histórias em quadrinhos fornecem informação icônica aliada quase sempre aos textos, de uma forma diferenciada da escrita, principalmente fonética. E sabe-se igualmente, que as Histórias em Quadrinhos, pelo seu alcance imagético, pode melhor auxiliar na memorização, do que a escrita por si.

Existem cartilhas em forma de HQ para todas as finalidades, principalmente de cunhos educativos e até empresariais. No Japão foi até publicado um mangá (revista de HQ japonesa) com Carlos Ghosn, o executivo líbano-brasileiro que salvou a Nissan da falência, como uma biografia em quadrinhos a ser lida por todos os adultos do mundo dos negócios, no país do sol-nascente. Assim, e percebendo-se uma ampliação quantitativa dos quadrinhos para os leitores adultos, inclusive no Brasil, o Sebrae, associando-se à Editora Globo, encomendou ao estúdio The-raldo, pertencente a Ziraldo (o famoso “pai” do Menino Maluquinho), um projeto de oito revistas de histórias em quadrinhos endereçadas aos adultos que buscam realizar-se na profissão de microempresários, batizado de Revista Sebrae - A gente sabe, a gente faz!.

O trabalho, no formato quase americano e contendo 36 páginas coloridas cada, vai se aprofundando num roteiro em que o fio condutor narra as peripécias do autônomo Adaílton e sua família em sair da ilegalidade perigosa de ambulante para montar seu próprio negócio. Em meio a este plot, outros menores protagonizados por amigos dele vão se costurando, recheando as revistas com exemplos bem sucedidos e metáforas, além de idéias de como fazer a rotatividade de compra e venda de produtos com base em lucro sem exagero e nem prejuízo. No meio das revistas há textos ilustrados explicativos para melhor esclarecer o leitor dos procedimentos e das possibilidades do mercado. Há também pequenas histórias aos finais das edições, com exemplos verídicos de sucedidas empreitadas, como nas revistas dos números 3 e 4 respectivamente, contando a história de Kamau Calaum, de Nova Iguaçu, cuja inteligência, educação e oportunidade, soube fazer crescer seus negócios de venda de tecidos e roupas; e de Américo, residente de Manaus, cuja educação e respeito para com os fregueses rendem-lhe sempre novos consumidores, devido à sua cordialidade famosa e tato para adquirir novidades.

Outro ponto interessante, é que os leitores da Revista Sebrae poderão conseguir um certificado da entidade ao fim das leituras de todas as edições, mediante relatos acerca do que compreenderam do assunto, e do que conseguiram aplicar, descrevendo os resultados. Uma edição primorosa como essa, ao preço emblemático que está sendo vendida, não deve ser desdenhada e nem ficar ausente de divulgação, pois certas premissas que se encontram nas revistas vão ao encontro de problemas que assolam grande parte da população brasileira, que é a falta de iniciativa, ou de trabalho não oficializado. E mais, este projeto esclarece diversos pontos sobre como montar um boxe ou abrir uma micro-empresa, dissolvendo dúvidas gerais e fortalecendo a vontade e elevando a estima do povo brasileiro - criativo mas muito sofrido - não tendo podido se mexer até agora de forma mais direta e eficiente, devido aos descalabros que têm se sucedido no gerenciamento político-econômico do país. Assim, a população tem ficado na berlinda, num país contraditoriamente pleno como o Brasil, e carente de uma estrutura melhor que assegure mais tranqüilidade aos trabalhadores, principalmente os que desejam montar seus próprios negócios. O projeto em quadrinhos enfatiza também o tratamento cordial e de confiança que as empresas devem dispender aos clientes, distintamente do péssimo relacionamento de marketing que tem assolado o comércio brasileiro, mesmo em empresas afamadas (como exemplo, muitos SAC de 0800 não funcionam realmente, sendo apenas maquiagens). Em doses humoradas e bem diluídas, as revistas vão mostrando fatores importantes no mundo da manutenção empresarial, como o controle físico e financeiro, o fluxo de caixa, a propaganda e publicidade, cadastro de clientes e tudo o mais que é pertinente ao universo dos negócios, ensinando de maneira clara e objetiva (e não maçante) o futuro micro-empresário em potencial.

Um ponto curioso a se ressaltar neste projeto em quadrinhos do Sebrae é a coragem por ter ousado realizá-lo na forma de quadrinhos. Não por ser algo estranho e de resultado duvidoso, mas sim porque as Histórias em Quadrinhos têm sido, desde muitas décadas atrás, objeto de crítica e muito desvalorizadas erroneamente. Parece que as equipes deste projeto perceberam que o caminho mais barato e direto para todos chegarem às informações seria através das bancas, e de veículos de assimilação agradável, como as Histórias em Quadrinhos. Pois estas são feitas de desenhos mesclados a textos, em geral dialogados, mas nem por isso de fácil e tola assimilação. Pelo contrário, o poder de alcance da informação imagética já está comprovado através de pesquisas com o cérebro, e já se sabe que as imagens podem ser retidas mais tempo e com maior atenção pelos hemisférios cerebrais (mais especificamente pela filtragem inicial de imagens do hemisfério direito, distintamente da escrita fonética, cuja operação se dá pelo esquerdo).

Enfim, com tais argumentos e uma chance tão valiosa, só resta saber se as revistas atingirão realmente o público alvo, pois aqui se configura um problema: no Brasil não é hábito à leitura de HQs por adultos, menos ainda pelo segmento a que se quer atingir, seja pela pouca confluência intelectual que ele tem, ou pela formatação cultural já comentada. Assim, fica a cargo da imprensa e das mídias jornalísticas o papel social de divulgar tal projeto, que se configura indispensável e ousado, bem como valioso e de cunho estrita e necessariamente social!

As Revistas Sebrae - A gente sabe, a gente faz!, foram publicadas e distribuídas no segundo semestre de 2005, em bancas, e vendidas a R$ 1,50. Para obter mais informações, escreva para o Sebrae: Caixa Postal 9686 - CEP 70040-976 - Brasília-DF).

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