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Por Dani Ferrera 06/06/2006
O filme mostra que Vinicius de Moraes é, sem dúvida, um dos grandes homens do século XX, autor de mais de 400 músicas e poemas, diplomata que fazia canções; foi um dos “pais” da Bossa-Nova. Num mix de depoimentos e atuações, o longa mostra os preparativos para um show onde Camila Morgado (A Casa das Sete Mulheres) e Ricardo Blat (Carandiru; Anjos do Arrabalde) relembram textos e poesias de Vinicius. Poesias e músicas convivem no mesmo espaço, com interpretações de Mart’ Nália e Mônica Salmaso e Bianca Byington cantando algumas músicas do mestre da Bossa Nova. Nascido em 19 de Outubro de 1913 na Rua Lopes Quintas na Gávea, Vinicius viveu intensamente sua vida, testemunhou as grandes transformações do século, viu - entre outras coisas - seu Rio de Janeiro deixar de ser a capital do país; naquela época a cidade tinha apenas um milhão de habitantes, sofria forte influência francesa, um Rio de Janeiro onde o Leblon e Ipanema eram praias desertas, onde a boemia reinava em absoluto. Vinicius não é um simples documentário, é uma grande homenagem ao “poetinha”, recheada com depoimentos e imagens de arquivo, entre elas uma antológica onde, ao violão, um jovem João Gilberto - acompanhado de Elizete Cardoso - interpreta Eu Não Existo Sem Você, no filme Pista de Gama, de Haroldo Costa. Entre os depoimentos, destaque para o emocionado depoimento de Chico Buarque; Suzana de Moraes, filha de Vinicius e produtora do filme, confessa: “Ele não era bolinho” e com Miguel (diretor e co-produtor do filme) buscou a essência de Vinicius. A idéia original era de realizar um filme (ficção), Miguel chegou a trabalhar em um roteiro com Adriana Falcão (de A Máquina), mas desistiram, pois muitos dos personagens ainda estão vivos e isso poderia causar algum desconforto. Como disse, os depoimentos são de extrema importância para o longa; Tônia Carrero (naquela Marinha) era amiga de Vinicius: ”Vinicius era capaz de atos baixos e sujos quando o assunto era mulher” ou “Ele chegou a me cantar muitas vezes, hoje me arrependo de não ter tido um caso com ele, teria histórias fantásticas para contar, mas eu era muito amiga da Tati”. Tati de Moraes foi à primeira esposa de Vinicius; ele casou-se mais oito vezes. O que causou-me um certo estranhamento foi a ausência de Gilda Matoso. Gilda foi a última esposa de Vinicius e acompanhou seus últimos dias de vida.Outro fato excluído foi o tórrido romance entre Vinicius e a atriz Neuza Borges; Vinicius conheceu Neuza em 1967, durante uma viagem a São Paulo. O boêmio Vinicius foi ao Quitandinha, ao chegar deparou-se com a estonteante Neuza (Neuza começou a carreira como crooner na noite paulistana), procurou-a no camarim: “Você é uma flor, venha tomar uma taça de champanhe comigo”; o relacionamento durou um ano e oito meses, isso durante a transição do casamento de Vinicius com Cristina Gurjão para Gesse Gessy. Vinicius era assim, um homem dinâmico, uma usina de idéias com trânsito livre entre a presidência da república e o terreiro de mãe menininha do Gantois. Pai juntamente com Tom Jobim (que carinhosamente o chamava de Tonzinho), presenteou o mundo com sua Garota de Ipanema, uma das músicas mais executadas no mundo. Vinicius vive, pois sua poesia é atual; contemporâneo e eclético, juntamente com Toquinho deixou para as crianças o maravilhoso Arca de Noé, referência para os nascidos no início dos anos 1980. A partida de Vinicius foi muito dura para todas as pessoas com quem convivia, Gilda Matoso, Suzana de Moraes, Toquinho, Baden Powell, Elis Regina, entre outros. Vinicius foi encontrado morto na banheira de sua casa por dona Rosinha, sua empregada. A matéria foi, mas a essência continua em forma de prosa e verso. |
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