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Por Leonardo Santana 17/05/2006 A revista independente Areia Hostil é, na minha opinião, a melhor publicação periódica deste tipo que vem sendo publicada no Brasil. E, ao lermos a mais nova edição, a de n# 14 - divulgada aqui -, fica bem fácil comprovar o porquê. Já na capa, temos a nossa primeira pista: colorida, muito bem impressa, diagramada e num papel couchê que demonstra que seu editor, o indefectível Lorde Lobo, está bastante preocupado em proporcionar aos seus afortunados leitores não só boas histórias, mas uma agradável experiência desde o momento em que se a tem nas mãos. Ao virarmos a primeira página, deparamo-nos com o editorial, uma poesia - literalmente - que mostra toda a força que tem os grãos de areia quando são varridos juntos com o vento. Uma metáfora da força dessa publicação que começou como laboratório para alunos de um curso de quadrinhos e se transformou numa referência nacional para quadrinhos de qualidade. A primeira HQ, Era uma vez na América, mostra a qualidade do trabalho de 3 grandes artistas que vêm despontando no nosso cenário nacional: Gerson Witte, que assinou o roteiro e a arte-final, Samuel Bono, que desenhou com maestria, e o próprio Lorde Lobo, que aplicou as letras, tons de cinza e é o criador do personagem da história, o Topman, que se vê as voltas com uma divertidíssima tentativa de entrar nos Estados Unidos e que acaba envolvendo-se em grandes confusões com o S.A.I. (Super-Agent of Immigration), El Celeste (um super-herói uruguaio) e El Coyote, o super-herói mexicano que tem o super-poder de atravessar qualquer um para os Estados Unidos. Uma das histórias mais engraçadas que já li do Topman. Em seguida, em Ponto Zero, a Areia Hostil renova sua tradição em apresentar novos talentos como o Nel, mais um competentíssimo desenhista pernambucano que já vem detonando em sua primeira história. Ponto Zero conta a história de um agente secreto que tem que salvar o presidente e, ao mesmo tempo, correr para chegar a tempo ao encontro com sua namorada, que é uma fera. All Silva nos brinda, então, com mais uma curta e divertida história de Draíse, uma sexy guerreira que anda com os seios à mostra mas que não é de brincadeira, na HQ Caminho sem ida... Na terceira parte de Vortex: a vingança de Maria Cyberpunk, Law Tissot traz mais um capítulo de sua série Cidade Cyber, onde o exército de brinquedos positrônicos-biológicos da Maria Ciberpunk se prepara para enfrentar seu mortal inimigo Kill-Sister-Kill. Uma fantástica viagem punk-psicodélica. Em Contatos imediatos de terceiro grau, escrita por Vagner Francisco e com desenhos de Gerson Witte, vemos Val, carismático personagem criado pelo próprio Vagner, discutindo com Tom Hanks sobre a suposta invasão alienígena orquestrada pelos cineastas de Hollywood. Uma história muito engraçada que mostra todo o talento do Vagner Francisco em construir uma boa história com excelentes diálogos. Edgar Franco, consagrado artista de obras como Artlectos e Pós-Humanos e BioCyberDrama, apresenta Coisas da Carne, com tenebrosos desenhos surrealistas e um roteiro poético onde nos mostra como o ciúme pode destruir o amor. Consciência cósmica é a segunda parte do confronto de Topman x Rui, o defensor do universo, com roteiro e arte de Anderson Cossa. Nesta história, os dois heróis que haviam começado um combate entre si no último número, acabam fazendo as pazes e partindo para enfrentar os Irmãos Power e um novo e misterioso inimigo. Talvez a parte mais fraca do encontro, na medida em que Cossa tenta transformar os dois heróis mais engraçados da revista em dois heróis pseudo-sérios. A seguir, temos O rejeitado, uma HQ de 1 página do mestre Júlio Shimamoto, que nos presenteia com uma pequena aula de como se contar uma História em Quadrinhos usando todos os elementos que ela pode nos dispor. A edição #14 da Areia Hostil termina com a ficha do S.A.I., o Super-Agent of Immigration, e com uma pequena ficha do artista Gerson Witte. A Areia Hostil, por tudo isso, é hoje considerada uma das melhores publicações independentes nacionais e este número é um excelente exemplo disso que estamos falando. Vale a pena você conferir. O Areia Hostil #14 custa R$ 3,50 , tem capa colorida em papel couchê 120g, miolo em preto e branco em papel sulfite 75g e 48 páginas; para solicitar o seu, basta mandar um e-mail para contato@areiahostil.com.br. Os quadrinhos nacionais agradecem. |
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