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Por Eloyr Pacheco 20/04/2006 Infelizmente preciso começar essa resenha com uma correção pouco divulgada. A excelente capa da edição #16 da Front é de Gilmar Fraga e não de André Freitas, conforme os créditos da edição. Fiquei sabendo disso quase que em primeira mão quando, ao visitar o estúdio Yes Cabrita, de André Freitas e Caio Majado, fui parabenizar o André pela arte. Fica aqui registrado o meu parabéns ao Gilmar pelo belo trabalho. Aliás, a Front sempre apresenta excelentes capas. Esta edição da Front, como todas as demais, tem um tema, o desta é a morte. Tema muito bem abordado por Sandro Castelli em seus Memento Mori que servem de divisórias para as HQs deste número. Front #16 (Via Lettera, 96 páginas, formato americano, lombada quadrada) abre com Na galeria, HQ de três páginas sem diálogos, desenhada por Mantovani. O traço cartunesco parece avisar que “o bicho vai pegar” adiante. Em seguida, Bira Dantas surpreende com uma história onde, embora mantenha seu estilo, discute profundamente a morte. Em O Reino de Tânato, a Morte, Bira demonstra seu domínio da narrativa seqüencial e utiliza muito bem, além do traço, colagens fotográficas, o que faz desta HQ uma das melhores da edição. Em Livre arbítrio, Ronald Guimarães mostra em suas quatro páginas uma influência (ainda que possa passar despercebida) do traço de Frank Miller, o que de maneira nenhuma tira sua qualidade. Em que posso ajudar, de Vitor Batista, ocupa quinze páginas. Infelizmente o roteiro não “segura a peteca” para tanto espaço. Depois de uma delícia de conto escrito por Orlandelli: O novo inquilino, uma decepção. Não sei se a Front já fez isto antes, mas o fato de republicar uma HQ não me agradou. A história Eu sempre fui um sonhador, de Daniel Brandão, é excelente, mas eu já a havia lido quando foi publicada na Manicomics #27. Brandão homenageia com classe o Mestre Eisner, mimetizando o traço e utilizando a construção de páginas deste que, sem dúvida, é o pai do Quadrinho adulto. Depois dessa, é a vez de André Freitas e sua Feio pra Diabo, onde utiliza aguada quase que sem nenhum traço, somente no contraste. O roteiro é um “quase-clichê”, mas a arte compensa. Mais um conto: Só precisava dormir, de Maurício Carneiro Rezende ocupa o espaço certo, mas utiliza umas figuras de linguagem e um “afogar-se-ia” que não me cativaram. É então que surgem, junto com O Reino de Tânato, a Morte, as outras duas melhores HQs da edição: A morte do tabelião, de Paulo Barbosa, que em quatro páginas e sem balões apresenta um personagem rico e cativante, com uma arte única e surpreendente, e S.O.S. Same Old Shit, de Rafael Mathé, que em apenas oito quadros mostra uma situação que mexe com nossos nervos. Front #16 segue com Um milhão, de André Leal (com cabeças grandes e corpos pequenos que incomodam); uma HQ de uma página intitulada Um pouco a cada segundo, assinada por Eldes; Enxugando o gelo, de Alberto Pessoa, e o conto O Táxi, escrito por Daniel Roncato Tomazini, até chegar, finalmente, às três HQs em parceria da edição: Canção postal, com roteiro de André Diniz e arte de Daniel Brandão; Vida à toa, de Marcello Gaú e Eduardo Duval, e Feliz aniversário, feliz obituário, de Rafael de Oliveira e Jefferson Costa. Essas experiências (sem utilizar o termo aqui de maneira pejorativa) deveriam ser mais incentivadas. Fica evidente uma melhor construção de página e a narrativa fluída. As três últimas HQs de Front #16 conseguem um resultado muito bom, embora ainda não superem as que eu elegi como as melhores da edição. |
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