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Por Shirley Paradizo 13/04/2006 Há alguns anos, o escritor e filósofo italiano Umberto Eco mencionou sua enorme vontade de, um dia, escrever uma autobiografia, afirmando, inclusive, que sentia uma pontada de inveja de outros autores que conseguiam entrar nesse universo tão estranho a ele. Tempos depois, ele, finalmente, realiza seu sonho em A Misteriosa Chama da Rainha Loana (Editora Record, 456 págs.). Claro que, em se tratando do autor de O Nome da Rosa, Baudolino e A Ilha do Dia Anterior, não poderia se esperar que, em suas mãos, o curso normal de uma biografia fosse mantido. Eco cria um mundo fictício para reaver suas memórias, por meio de uma história ilustrada com 250 imagens e que demonstra sua enorme paixão pela literatura. O protagonista do romance é Yambo, um homem de meia-idade e culto profissional do ramo de livros antigos, que perdeu a memória após sofrer um infarto. Ele não se lembra onde está, como se chama nem de qualquer momento de sua infância e de sua família, mas recorda-se do enredo de cada livro e jornal que leu e de cada linha de poesia. Numa tentativa de recuperar a memória adormecida, ele retorna à casa de campo de seu avô, onde passou parte de sua infância e de sua adolescência. Lá ele encontra uma coleção de jornais, revistas, livros, gibis, figurinhas de álbuns, pôsteres, discos de 78 rotações, hinos fascistas, as ondas curtas, heróis e vilões que o levam à Itália dos anos 1930 e 1940. De Flash Gordon, Dicky Tracy, Julio Verne e Fred Astaire até Mussoline e a Segunda Guerra, o passado vem à tona. As recentes descobertas, no entanto, não conseguem preencher o vazio de uma única imagem, a de seu primeiro amor, que Yambo passa a buscar desesperadamente. A Misteriosa Chama da Rainha Loana é um romance-fábula sincero, envolvente, cheio de calor, de saudades e de buscas por paixões esquecidas no passado, sejam uma mulher, um homem, um livro, um objeto ou a si próprio. |
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