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Por Tiago Souza 03/04/2006 Uma obra biográfica que demorou 15 anos para ser produzida e que, mesmo sendo de grande qualidade e ninguém imaginasse sua publicação em terras brasileiras, chegou a nós em 2005 pela Conrad Editora. Eis Modotti – Uma Mulher do Século XX, do espanhol Ángel de la Calle. O livro conta a história de Tina Modotti, uma bela mulher nascida na Itália, que veio a se tornar atriz de Hollywood, fotógrafa e militante comunista, além de lutar na Guerra Civil Espanhola e atuar como espiã soviética em uma Berlim nazista. Uma mulher que o mundo esqueceu por vinte e cinco anos para, somente depois desse período, ser lembrada com livros sobre sua pessoa. Escrito e desenhado por Ángel de la Calle, espanhol que publica quadrinhos desde 1977 e que esteve recentemente no Brasil (como noticiado aqui no Bigorna.net), a biografia segue os passos desta mulher sempre forte e convicta do que tinha que fazer, com seu autor sempre apoiado em livros sobre ela ou sobre pessoas que fizeram, de alguma forma, parte de sua vida. A obra, no ano em que foi lançada a primeira parte (aqui no Brasil a Conrad optou pelo lançamento das duas juntas), recebeu duas indicações para o Salón Internacional del Cómic de Barcelona: Melhor Obra e Melhor Roteiro. O traço de Ángel é muito diferente do habitual nos quadrinhos ocidentais, até mesmo para os álbuns europeus, e se fosse para compará-lo a algum outro autor, este seria Art Spiegelman. Mas como traços são únicos, e não se deve compará-los, fica apenas a semelhança entre eles e menção ao artista de Maus. Ángel utiliza-se do imaginário para mostrar não só Modotti, mas a época, onde artistas corriam atrás de seus direitos ao mesmo tempo em que publicavam grandes trabalhos. Entre os que cruzaram o caminho da protagonista estão: os artistas Diego Rivera e Frida Kahlo; os comunistas Olga Benário e Luís Carlos Prestes; o escritor James Joyce; e os poetas Maiakóvski e Pablo Neruda. Pessoas de carne e osso que souberam como mostrar sua arte e ajudaram, ou foram ajudados, por Tina Modotti. E o autor utiliza-se de várias dessas referências, às vezes em quadros e poemas feitos por eles ou apenas citando-os na história. Agora, para descrever seu trabalho, faço minhas as palavras do autor do prólogo do livro, Paco Ignacio Taibo II, seu amigo pessoal e que aparece na história. “Este livro é a prova de que não se pode biografar sem amor” (Prólogo 2, página 130). E depois disso, nada mais precisa ser dito. Maiores informações sobre Modotti – Uma Mulher do Século XX no site da Conrad Editora. |
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