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Por Eloyr Pacheco 15/02/2006 Eloir Carlos Nickel participou de projetos como a revista Sobrenatural, da editora Vecchi, e viveu o momento alvissareiro da Grafipar. Seu traço foi cunhado nos anos 1980, um dos mais instigantes das HQs em todo o mundo. Nesta entrevista o artista falou sobre sua carreira, suas criações e projetos, sua participação na Manicomics e na Areia Hostil. Boa leitura. Além de xará também somos paranaenses. Você nascido em São José dos Pinhais e eu em Londrina. Você sempre residiu no Paraná ou já se aventurou por outra cidade? Morei no Paraná até 1993, quando a empresa em que trabalhava sofreu uma grande reestruturação administrativa e acabei sendo transferido para Manaus, no Amazonas. A opção foi minha, pois tinha vontade de ampliar meus horizontes e conhecer lugares novos. Foi uma experiência muito legal que durou quatro anos. Depois fui novamente transferido, dessa vez para Vitória (Espírito Santo). Atualmente resido em Florianópolis (Santa Catarina). Então, como muitos quadrinhistas da atualidade, você não vive de quadrinhos? Nunca consegui, embora fosse o meu objetivo durante muito tempo. A segurança de um emprego fixo, com renda garantida, é muito sedutora e eu tinha um excelente emprego. Assim, fui levando minha atividade de quadrinhista como algo paralelo, o que é muito comum no Brasil e até nos Estados Unidos, onde conheço vários quadrinhistas que não vivem de quadrinhos. Como você administra seu tempo para poder fazer HQs? Atualmente estou aposentado, o que para mim não significa inatividade. Faço várias coisas que me tomam muito tempo, mas consigo dedicar a maior parte dele aos quadrinhos. Quando estou trabalhando num projeto mais urgente, como uma HQ de 24 páginas que fiz recentemente para o site Midnite Comics, Qual é o seu estilo de História em Quadrinhos preferido? É difícil dizer. Como leitor, gosto de vários autores, de estilos bem diferentes. Por exemplo, Mozart Couto e Laerte, meus artistas brasileiros favoritos. Como criador, adotei um estilo bem realista na maioria das HQs que produzi, mas estou tentando algumas experiências, com um estilo mais leve. Acho que o importante é que haja harmonia entre arte e roteiro, que eles se complementem e não se choquem ou se tornem redundantes, o que ainda se vê muito por aí, muitas vezes devido à inexperiência dos autores. Como foi que você conseguiu desenvolver tantos estilos diferentes e de maneira tão competente? Nem tão competente em muitos casos, eu acho, mas agradeço o elogio. Na verdade, em minhas HQs antigas, procurava desesperadamente imitar o estilo dos autores que eu curtia: John Buscema, Neal Adams, Barry Smith, vários artistas da Warren (Kripta), etc. Nos meus trabalhos mais recentes já não tento imitar nada e deixo fluir o meu traço normalmente. As influências de alguns artistas ainda são marcantes, mas acho que estou desenvolvendo um estilo próprio. Não foi um elogio! Apenas uma constatação! (Risos.) Quando e como foi que você publicou pela Grafipar (experiência sensacional em termos editoriais) e pela Vecchi? Foi em 1979, uma HQ de 4 páginas na revista Perícia nº 15. A Grafipar foi uma editora que fez muito pelo quadrinho nacional, lançando muitos bons artistas no mercado. Cláudio Seto era o editor, uma excelente pessoa e ótimo artista. Aprendi muito com ele e, mais tarde, com o Franco de Rosa, que tinha uma coleção imensa de quadrinhos importados, muito difíceis de conseguir na época, aos quais tive acesso graças a ele. Na Vecchi minha primeira HQ publicada foi na revista Sobrenatural nº 26, de maio/1981. Era uma história de ficção científica de 8 páginas chamada Predadores. Lembro que eu a criei bem antes do filme Predador ser lançado. Acho que devia cobrar dos gringos pelo uso do nome!... Ah se você pudesse cobrar royalties, hein?! (Risos.) Seu personagem mais conhecido é o Ultrax. Como foi que ele surgiu? Ultrax deve ser o personagem de quadrinhos mais conhecido no Brasil que nunca foi publicado por uma editora!... Já participou de capa de livro e até apareceu na Wizard brasileira. Em papel, só no Manicomics, numa HQ desenhada pelo Allan Goldman. Suas HQs estavam até há pouco tempo disponíveis em formato PDF na site Quadroid, criado por mim e pelo Alexandre Lobão. Iremos reestruturar o site em breve e ele deve retornar. O mais legal foi ver as diversas versões do personagem feitas pelos artistas que visitaram o site e que ainda estão disponíveis. Ultrax foi "incubado" durante muito tempo. Só fiz a primeira HQ dele em 2000, depois de definir com detalhes sua origem e aparência. Nunca pretendi fazer com ele algo original e inovador, apenas uma boa HQ de super-herói, com homenagens e referências aos meus artistas favoritos e a ícones da cultura pop. Na Wizard Brasil? Creio que não vi essa edição... Foi no nº 16. Apenas uma nota comentando sobre o site Quadroid e as HQs do Ultrax em PDF, com uma ilustração de capa do personagem. Foi uma excelente divulgação para o nosso trabalho. As histórias de sua autoria que estão saindo no Manicomics já haviam sido publicadas anteriormente? A única inédita é Eggol, o Vermelho, que fiz há pouco tempo. Pretendo contribuir com mais trabalhos, pois admiro muito o trabalho e a garra do JJ Marreiro. Também colaborei com uma HQ para a Areia Hostil, do Lorde Lobo e Law Tissot, pela mesma razão. Do jeito que anda o mercado de quadrinhos no Brasil, só mesmo com muito idealismo e perseverança para prosseguir e esses caras merecem todo o apoio. Quais seus projetos no momento? Estou com um álbum de HQs curtas pronto. Os roteiros são baseados em histórias de um escritor de Florianópolis, Aleph Ozuas. São histórias muito insólitas e diferentes de tudo que já fiz antes. Estou trabalhando numa HQ de fantasia heróica, com um personagem criado por mim e pelo Alexandre Lobão, Stone - o Mercenário. Gosto muito desse gênero e o personagem é bastante carismático e interessante. Também estou escrevendo o roteiro de uma HQ mais extensa, do gênero ficção científica, o meu favorito. Gosto muito de escrever meus próprios roteiros, mas não sou muito profícuo, talvez por puro perfeccionismo. Se o roteiro não for muito bom, acho que não vale a pena o esforço de desenhar a história. O Bigorna.net agradece a E. C. Nickel pela entrevista, concedida em 23 de janeiro de 2006. |
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