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Por Eloyr Pacheco 16/01/2006 Roberto Guedes, atualmente trabalhando como editor da Opera Graphica e colaborando como colunista no Bigorna.net, também tem se dedicado à pesquisa das Histórias em Quadrinhos. Seu primeiro livro versando sobre este vasto universo (Quando Surgem os Super-Heróis, Opera Graphica, 2004) mostrou o interesse e o carinho que o autor tem com o tema. Em A Saga dos Super-Heróis Brasileiros (112 págs., 21 x 28 cm, Opera Graphica, 2005), Guedes aventura-se em um universo ainda mais "pantanoso", pouco reconhecido, mas muito debatido: os quadrinhos - notoriamente os super-heróis - produzidos no Brasil. O tema, difícil e controverso, é explorado pelo escritor com atenção, mas muitas vezes, devido a sua ansiedade em resgatar o que puder em um único volume, de forma superficial. O escritor/pesquisador peca devido ao excesso de informações, o que em tão poucas páginas não teria como receber o devido aprofundamento. Às vezes algo importante não passa de uma legenda, que em vez de complementar as informações do texto, acrescenta outra informação. Guedes divide o livro muito bem: Os desbravadores - Angelo Agostini, A Gazetinha, Globo Juvenil... -; A "Era de Ouro" - Gedeone Malagola, Mauricio de Sousa, Eugenio Colonnese... -; Um mercado turbulento - Jaime Cortez, Cláudio de Souza, Clube do Bloquinho... -; O "boom" - Watson Portela, Ota, Mozart Couto... -; A invasão brasileira - Marcelo Campos, Mike Deodato, Luke Ross -; Espírito de Trinceira e Novo milênio - Novos caminhos, indo além do que o tema pede. Do início do livro (até a sua metade) é bastante envolvente não apenas pela quantidade de informações, mas pela forma como são apresentadas. Depois da metade, parece ter havido um esforço para ocupar todo o espaço registrando tudo o que fosse possível, como se fosse a única oportunidade que houvesse para tal fim. Se Roberto Guedes tivesse se atido ao tema principal - A Saga dos Super-Heróis Brasileiros - e não desviado tanto de caminho, o livro teria rendido muito mais e trazido ainda mais informações. O capítulo Espírito de Trincheira, por exemplo, se desenvolvido à parte, poderia oferecer um estudo precioso sobre o fanzinato nacional, assim como o capítulo A invasão brasileira, que nos brindaria com um livro sobre os desenhistas brasileiros e sua empreitada no exterior. O autor esbanja conhecimento; demonstra que pesquisou, conversou, arquivou, foi atrás... O livro, assim como é repleto de fatos, também traz muitas imagens (capas de revistas, principalmente) e fotos históricas, outro ponto positivo da edição. A Saga dos Super-Heróis Brasileiros é um livro, devido à forma como foi escrito, ansioso e pungente, e é um registro necessário e importante e que tem o seu valor, não só como "arquivo" da produção brasileira de quadrinhos, mas também pelo resgate da memória quadrinhística nacional. Fica a sugestão para Guedes retomar o tema, que demonstra dominar, mas sem a ansiedade que o assolou nesta edição: A Saga dos Super-Heróis Brasileiros - Volume 2 seria bem-vindo. Sobre a capa de A Saga dos Super-Heróis Brasileiros: realizada por Mozart Couto, apresenta no sentido horário Judoka (que surgiu com textos de Eduardo Baron e desenhos de Mário Lima e Pedro Anísio); Capitão 7 (baseado no personagem interpretado por Ayres Campos nos anos 1950); Ultrax (de E. C. Nickel); Meteoro (de Roberto Guedes); Raio Negro (de Gedeone Malagola); Velta (de Emir Ribeiro) e X-Man (de Eugênio Colonnese). |
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