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Pelotão Suicida: Histórias da Segunda Guerra Mundial
Por José Salles
18/11/2005

Desde sempre as guerras são eventos que fascinam e horrorizam a humanidade; em nossos tempos contemporâneos não poderia ser diferente, já que os homens continuam se comportando como se comportavam há seis mil anos, só muda a tecnologia ao redor. Dentre os conflitos armados mais recentes, a Segunda Grande Guerra do século XX é a que mais desperta interesse, sendo continuamente objeto de estudo para pesquisadores e tema para artistas.

Gibis de guerra eram muito populares até meados dos anos 80 do século passado. E acho que é por este período que foi lançado nas bancas este primeiro (e, ao que tudo indica, único) número de Pelotão Suicida, 30 páginas em p&b, Editora Ninja. Na verdade, este era o título de uma publicação mensal da extinta editora guanabarense Jotaesse, que parece estar sendo homenageada nesta edição da Editora Ninja. Não posso confirmar com certeza, mas me parece que se tratam de reprints de histórias publicadas nos anos 1960/70 pelo Estúdio D´Arte de Rodolfo Zalla (é ele a propósito quem fez a arte das cinco HQs deste gibi, e só não assina o roteiro das duas primeiras, a cargo de Luís Meri). Nos anos 1960 eram muitos os títulos de gibis de guerra nas bancas brasileiras, alguns títulos estrangeiros, é claro, mas principalmente publicações nacionais (que contaram com a participação de grandes nomes do quadrinho brasileiro), dentre as mais conhecidas podemos citar Conquista e também Combate - com este título tivemos dois gibis, um lançado pela Editora Cruzeiro dos Diários Associados, colorido, que republicava HQs de guerra norte-americanas; e o Combate da Editora Taika, com histórias produzidas aqui no Brasil por grandes artistas nacionais.

As histórias reprisadas neste Pelotão Suicida se passam todas na Segunda Guerra Mundial, em episódios distintos: em As Ninfas, soldados norte-americanos combatem espertos inimigos japoneses que usam duas mulheres peladas para atrair os incautos (e excitados) combatentes; A Dança do Ventre mostra um paraquedista estadunidense obrigado a pousar num deserto, onde alucinará muito antes de cair prisioneiro das tropas inimigas; O Equilibrista, por ser a HQ mais bacana desta edição, vai merecer comentário mais apurado, na seqüência; e fecha a revista a história Desembarque, sobre uma invasão de tropas canadenses na Escandinávia. Também neste gibi constam informações e curiosidades de guerra, descrições de modelos de tanques e fuzis.

A FEB em ação na história O Equilibrista

O Equilibrista merece destaque pois aqui a "cobra vai fumar"! Seus personagens são os pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), um pelotão comandado pelo Sargento Oliveira, com ordem de "fustigar o inimigo a qualquer custo", o que implica em cortar fios telefônicos e telegráficos instalados no alto de um poste severamente vigiado pelos bosches (soldados alemães). Um pracinha que trabalhara como telefonista foi o primeiro a se dispor a completar tão difícil missão, a de cortar a comunicação do inimigo. Outro praça, chamado Ribeiro, também havia se oferecido para fazer este serviço, dizendo ter sido equilibrista de circo. A princípio o Sargento achou que era uma piada e deu até uma bronca no Ribeiro, mas na calada da noite, quando o infeliz telefonista tombou diante das balas germânicas, foi Ribeiro quem salvou a ocasião fazendo uso de suas habilidades circenses.

Hoje em dia costuma-se menosprezar a participação da FEB na Segunda Grande Guerra, mas isso é balela, fruto de uma nefasta intromissão de militantes, acadêmicos e professores marxistas (que hoje em dia infestam as universidades, escolas, palcos, redações de jornais e fóruns mundiais espalhados por todo lado) na historiografia do período, e é devido a um profundo ressentimento dos esquerdistas para com qualquer coisa que se relacione ao militarismo (exceto pelos crimes dos exércitos soviético, chinês e cubano), é que surgem estas opiniões direcionadas que procuram reduzir a importância da participação da FEB no conflito mundial. Mas qualquer um que se aprofundar minimamente no assunto, com seriedade e imparcialidade, vai logo perceber que a atuação da FEB na Europa teve sim muita importância, e há inúmeros depoimentos de austeros e disciplinadíssimos oficiais europeus e norte-americanos elogiando a coragem e a dedicação incomuns dos soldados brasileiros. E quando estes retornaram à Pátria, logo após o término do conflito, foram saudados como realmente mereciam, heróis nacionais, com desfiles superconcorridos em diversas cidades do Brasil. Além do que, a decidida atuação dos pracinhas a favor das nações democráticas contribuiu sobremaneira para a derrocada do Estado Novo.

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