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Por Ruy Jobim Neto 14/10/2005 As pouquíssimas matérias que se lêem na Imprensa e mesmo na Imprensa especializada em Cinema mostram claramente a minúscula participação da animação brasileira nos meios de comunicação. Ou seja, perante o público. Raramente é lido algo sobre produções, a não ser um ou outro filme animado para a publicidade, coisa exibida em televisão. Lá fora, por exemplo, se navegarmos um pouco pelo site da ASIFA (Association Internacional du Cinema d´Animation), veremos que praticamente não se conhece ou não se fala rigorosamente nada sobre a gente em outros países. Parece que não produzimos coisa alguma, no gênero, o que é um ledo engano.
A TV Rá-tim-bum, da Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura (cujo sinal percorre o território nacional com programação da melhor qualidade) é a aposta do presidente da casa, Marcos Mendonça. E para organizar, coordenar e fazer consultoria à nova emissora, Mendonça chamou ninguém menos que Álvaro de Moya, ex-professor de TV na USP, conhecido como produtor de TV, roteirista e também por ser um dos maiores pesquisadores de quadrinhos do Brasil. Esperemos pra ver se haverá alguma chance para a produção nacional de desenho animado.
Walbercy Ribas Há um filme, um longa-metragem sendo produzido no Rio de Janeiro com o personagem Xuxinha, obviamente calcado na apresentadora Xuxa, cujos longas de cinema, com ação ao vivo, têm sido festejados pela garotada em férias, quando lançados. Por outro lado, em São Paulo, o animador Alê Abreu (que dirigiu e animou O Espantalho, em 1998), vem aí com o seu primeiro longa de animação 2D. Há pouco estreou na TV por assinatura a série animada Anabel, dirigida por Lancast Mota, e produzida pela D Filmes. O Anima Mundi todo ano anuncia alegremente a inscrição de número cada vez maior, mais e mais preponderante de filmes de animação brasileiros. Recorde atrás de recorde. Todos os estúdios ressentem da falta de profissionais gabaritados, especializados nas diversas áreas da produção, sendo que há, sim, escolas. Há um pipocar de cursos de animação nas muitas e variadas especialidades: animação disneyana (clássica), stop-motion, animação em CGI, 3D, e tantas outras técnicas. E ainda assim, há sites como o Porta Curtas (patrocinado pela Petrobras), e o Curta o Curta, que exibem boa parte da produção não somente de animação, mas de filmes com ação ao vivo. Um filme brasileiro, por exemplo, que foi vendido à Inglaterra, para o site Britshorts, foi Roubada, premiado filme de Renan de Moraes e Maurício Vidal, entre tantos outros. E ainda há muitos, muitos outros filmes brasileiros de animação dos quais estamos não só esquecendo, como na realidade seriam necessários vários artigos para falar de todo mundo. Só mesmo o mundo, lá fora, não atenta para isso. Houve, recentemente, numa pequena sala de Amsterdam, um Festival de Cinema Brasileiro, capitaneado pelo longa de Tony Venturi, Cabra Cega. Muitos brasileiros prestigiaram principalmente os documentários sobre os mais variados assuntos. Este ano de 2005, não podemos esquecer, é o Ano do Brasil na França. Esta exposição, ainda que parca, no território europeu, começa a chamar aos poucos a atenção para a nossa cinematografia e a nossa maneira de ver o mundo. Vide os casos dos festejados Fernando Meirelles (cujo Cidade de Deus arrebatou platéias em Londres e em todo o resto da Europa, e chegou às raias do Oscar) e Walter Salles Jr., que já alçou uma carreira consolidada no exterior. Mas nós mesmos, aqui dentro, não temos esse acesso. Não fossem parcos canais de TVs, com programação especializada (o caso do Zoom, na TV Cultura, é bem patente) e a internet - lembremos que não há total inclusão digital no Brasil, quanto menos em relação à rede mundial de computadores -, e sem deixar de fazer justiça à Petrobras e a algumas programações (em raríssimas salas de cinema no País, visto que no total somam apenas 1987 salas!!!), nossa memória cinematográfica já teria ido para o espaço. Portanto, voltando ao início de nosso raciocínio, quando nem mesmo nós temos uma produção à vista de nossos olhos, medindo-se pela dificuldade de comercialização e distribuição (quanto mais falar de exibição!!), acrescenta-se aqui saber, sem muita alegria, que lá fora também desconhecem por completo o que fazemos aqui. É como se não fizéssemos nada. É curioso, beira o estranho. E não precisa, para isso, folhear revistas européias (inglesas ou francesas) de Cinema, basta entrar nos sites de uma ASIFA, por exemplo, e ver o tema dos artigos publicados especificamente sobre animação. Nunca fomos tão esquecidos como agora. Esperar por campanhas da Ancine? Campanhas do Governo Federal? É bem possível que, quando se trata de mercado (e aqui não o temos, diga-se de passagem, como gostaríamos), é assunto para os produtores, talvez numa associação com gente de marketing, pessoal especializado em comércio internacional de audiovisual. De qualquer forma, é briga pra cachorro grande. Mas que tem que brigar, ah, isso tem. |
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