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Resenha: O Contínuo #2
Por Humberto Yashima
29/09/2005

Histórias "pesadas", que contém terror, crime e violência, desenhadas em preto e branco. Este é o conteúdo do fanzine O Contínuo. Se na primeira edição já se notava isso, O Contínuo #2 confirma o caminho que a revista, aliás, fanzine com qualidade gráfica de revista, quer tomar.

A segunda edição de O Contínuo começa bem, com uma bela ilustração de capa assinada por André Bernardino - nada mais natural para um contínuo do que estar andando de metrô.

A primeira história, O Vizinho Mora ao Lado, tem roteiro de Pedro Felício e desenhos de Alcimar Frazão. A arte de Frazão lembra o estilo de Mike Mignola (Hellboy), com um bom uso de sombras e o curioso e funcional recurso de utilizar traço limpo (sem sombras) nos flashbacks. O conto de terror, no qual um grupo de jovens enfrenta um demônio, é dedicado ao escritor Garth Ennis (Preacher).

Em seguida, Lórdi, escrito por Pedro Felício, desenhado por Rafael Mathé e arte-finalizado por Vitor Flynn, mostra uma noite ruim na vida de um velho cachorro que cuida de uma barbearia. A arte de Mathé já havia se destacado na primeira edição de O Contínuo; recentemente, o desenhista fez uma das pin-ups da revista Kaos! #3.

Fechando a edição, temos Necrópole, escrito por Dalton Correa Soares e ilustrado por Pedro Bottino. A história tem um toque sobrenatural que forma um interessante conjunto com a bela arte de Bottino, que utiliza contrastes de preto e branco inspirados em Sin City, de Frank Miller.

A arte das histórias foi feita para ser em preto e branco - cores não seriam bem-vindas nesse trabalho. As influências de artistas como Mignola e Miller devem ficar menos evidentes com o tempo, quando os desenhistas de O Contínuo adquirirem mais experiência e trabalharem seus próprios estilos. Basta lembrar que Bill Sienkiewicz desenhava as histórias de O Cavaleiro da Lua com estilo idêntico ao de Neal Adams e, mais tarde, chegou a um estilo completamente diferente.  

O tom violento da maior parte das HQs reflete o tipo de quadrinhos que a maioria dos novos autores teve como leitura de cabeceira - a chamada "linha adulta". Um bom exemplo é Garth Ennis, que ficou famoso escrevendo histórias de personagens como Preacher, Hitman e O Justiceiro.

O Contínuo se destaca entre os fanzines atuais pela boa qualidade das histórias e da arte e também pela ótima qualidade gráfica. Já se foram os tempos em que fanzines eram feitos apenas na base do "xerox".

 Veja também:
O Contínuo: Exposição do fanzine no Metrô

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