Aos 58 anos, Stephen King é um fenômeno. Além de ser um dos escritores mais famosos da atualidade, com histórias traduzidas em 35 países, é provável também que seja o autor mais lido no planeta e o que tenha mais obras transformadas em filmes - mais de 50 - e seriados de televisão. Ganha cerca de 40 milhões de dólares por ano e divide a opinião de leitores e críticos em todo o mundo. Há quem diga que ele não passa de um autor oportunista, com a única intenção de vender milhares de livros. Outros afirmam que o escritor é o mestre do terror psicológico. Opiniões adversas à parte, o fato é que King vem aterrorizando leitores no mundo todo com suas histórias de arrepiar. Claro que, em uma carreira tão longa - King começou a vender seus primeiros contos no início da década de 1970 -, composta por centenas de livros, era de se esperar alguns deslizes.

Nem tudo o que escreveu faz jus à sua "horripilante" mente criativa, como Desespero e O Apanhador de Sonhos. Em compensação, Mr. King criou jóias tão preciosas que jamais serão esquecidas, como o amedrontador O Iluminado, o esquisito Sonâmbulos, o aterrorizante Christine e o sobrenatural Janela Secreta - todos levados com sucesso para as salas escuras. E, na lista dos inesquecíveis, pode-se incluir a esplêndida série A Torre Negra, que vem enfeitiçando os leitores norte-americanos há mais de 30 anos. Isso mesmo. King começou a escrever a obra, composta de sete volumes, na década 1970, quando estava prestes a se formar, e só foi concluí-la quase três década depois, em 2004. O primeiro volume, O Pistoleiro, foi publicado inicialmente em capítulos na revista de ficção científica The Magazine of Fantasy and Science Fiction e relançado, em 1982, em forma de livro, seguido pelos outros livros da série. Apesar de já estarem disponíveis há tempos nas livrarias da terra do Tio Sam, somente no ano passado começaram a despontar nas prateleiras tupiniquins. A espera valeu a pena.

Projeto mais ambicioso de King, a saga é uma aventura de tirar o chapéu - e o fôlego -, com ingredientes de sobra para agradar os fãs do autor e os amantes de uma boa leitura. O herói da história é um estranho pistoleiro, último de sua espécie e que tenta encontrar a tal da Torre Negra do título para salvar seu mundo da completa destruição. Para isso, ele precisa encontrar o homem de preto, um temido feiticeiro que guarda o segredo para se chegar à torre. Nessa empreitada, ele precisa de toda a ajuda possível, inclusive de um portal do tempo para levá-lo ao encontro de parceiros. Muitas foram suas referências para dar vida a essa delirante trama e a seus personagens. A inspiração principal foi o poema épico do século 19 Childe Roland à Torre Negra Chegou, ao qual acrescentou uma boa dose do universo imaginário de O Senhor dos Anéis, de quem é fã confesso, e uma pitada de spaghetti western. Da saga de J.R.R. Tolkien, retirou a mitologia, as referências medievais e as citações pop. Do faroeste, a figura do Pistoleiro que protagoniza a série, à moda Clint Eastwood, nos filmes de Sergio Leone. Além de tudo isso, ainda há o costumeiro suspense/terror de King. Pode até parecer uma miscelânea sem o mínimo sentido, mas funciona muito, muito bem.

A Torre Negra no Brasil

Volume I: O Pistoleiro - Condenado a vagar por um mundo pós-apocalíptico, o Pistoleiro parte em busca do misterioso homem de preto, o único que sabe a localização da Torre Negra. É lá que se escondem os segredos da salvação de seu mundo. Em seu caminho, ele se depara com personagens cujo destino está ligado, de alguma forma, ao seu e que terão um papel crucial em sua caçada. Entre eles, Jake Chambers, um estranho menino que foi transportado para o Mundo Médio após morrer tragicamente na Nova York de 1977, e Alice, uma fascinante mulher da desolada cidade de Tull. Mas o destino lhes reserva muitas surpresas e perigos, que podem pôr em risco a missão.

Volume II: A Escolha dos Três - Após o estranho encontro com o Homem de Preto, o Pistoleiro, agora chamado pelo seu nome de batismo, Roland, se vê diante de três portas que o levam do Mundo Médio para três épocas diferentes da Nova York do nosso mundo. Em 1987, ele encontra Eddie Dean, um viciado em heroína que está tentando entrar em Manhattan, contrabandeando um quilo de cocaína. Em 1964, descobre Odetta Holmes, uma negra paraplégica, ativista do movimento pelos direitos civis e que tem duas personalidades: uma boa e outra malévola, que atende pelo nome de Susannah Dean. A terceira e última porta o leva ao ano de 1977, onde ele terá de se confrontar com o temível Jack Mort, psicopata responsável por uma tragédia crucial na trama e pela dupla personalidade de Susannah.

Volume III: As Terras Devastadas - Roland e seus companheiros descobrem o Caminho dos Feixes de Luz. São seis feixes e, nas extremidades de cada um deles, estão os 12 portais que marcam as fronteiras do Mundo Médio. Ele acredita que, na intersecção desses feixes, está a Torre Negra. Enquanto isso, o garoto Jake Chambers é trazido de volta para o Mundo Médio por Eddie e Susannah. Em Lud, uma cidade devastada, Roland descobre que um trem, possuído por um espírito malévolo, pode levá-los diretamente à Torre. Mas o preço que terão de pagar pode ser alto demais.

Volume IV: Mago e Vidro (com lançamento previsto ainda para este semestre) - Livres da ameaça do trem fantasma, Roland, Eddie, Sussanna e Jake param em uma versão distorcida da cidade de Topeka, no Kansas. O lugar está vazio devido a uma epidemia e, no meio dela, Roland e seus companheiros se deparam com um castelo de vidro verde, muito parecido com o de O Mágico de Oz. Dentro dele, vive um Mago poderosíssimo e um demônio de várias faces e nomes. Para continuarem sua jornada pelo Caminho dos Feixes de Luz, eles precisam fugir das garras do temível feiticeiro. Nessa aventura, muito será revelado sobre o Rei Rubro, a verdadeira entidade por trás da destruição da Torre Negra. E também sobre Roland, que guarda no passado a perda de seu primeiro amor, uma mulher misteriosa chamada Susan Delgado.