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Canini trazido à baila. Mas falta exatamente Canini
Por Ruy Jobim Neto
16/08/2005

 Kactus Kid no traço de Canini

Nesta última temporada, Lancast Mota produziu dois curtas sobre o grande cartunista gaúcho Renato Canini, o homem por trás da alma mais brasileira de Zé Carioca, e criador imortal do impagável caubói-vez-por-outra-papa-defuntos Kactus Kid, mas tive uma surpresa ao assistir aos dois filmes.
 
Pude ver pela internet, antes mesmo da exibição no Anima Mundi, em São Paulo, o curta Kactus Kid, de 7 minutos, realizado em 35mm, contando como numa cidade do velho oeste chamada "Descansas City", encontramos o coveiro Zeca Funesto. Na luta pela justiça, pela verdade e por alguns clientes, Zeca se transforma no seu alter ego Kactus Kid. Até aí, tudo bem. O filme tem graça, beira a genialidade do próprio Canini, ao se ler as várias historietas do personagem na extinta revista Crás!, da Abril. Contou, segundo os créditos, com roteiro do próprio cartunista transcrito para as telas. Kactus Kid merecia mais, de uma série para TV a um gibi próprio nas bancas, mas isso é querer demais.

No Anima Mundi, a recepção ao filme não foi calorosa, ao contrário das minhas risadas diante do computador, senti que a platéia sequer ofereceu retorno, que ela apenas assistiu ao curta sem se pronunciar. O filme, em si, não tocou. E não foi pela graça de Kactus Kid ou o texto, extraído diretamente dos quadrinhos. Talvez a narração meio pomposa ou a voz em off do personagem, algo sedutora demais para dar um ar cômico a Kactus Kid (e, ouvindo duas vezes, você fica com a sensação de que a platéia poderia mesmo não estar errada), algo não funcionava. Não era o texto, por certo.

A grande decepção veio quando assisti justamente ao outro curta, que eu também estava curioso para ver, também em 35mm, Kactus Canini Kid, uma Graficobioanimada, este sim, o documentário de Lancast Mota sobre o grande cartunista gaúcho.

A começar pelo fato de que há uma falta grave - o filme ressente exatamente de uma entrevista com o próprio Canini (recurso utilizado pelo diretor e pela produção para deixar o curta com apenas 13 minutos), o que poderia ser uma entrevista entremeada ou em off ao longo de várias imagens da carreira do cartunista, como efetivamente mostradas, e no entanto o curta-metragem documentário traz, em seus últimos 7 minutos, o filme anterior, Kactus Kid, todinho. Inteirinho. Não era absolutamente necessário. Desperdiçou tempo que poderia mostrar fotos de estúdio, falas do Canini, depoimentos de outros profissionais sobre ele, e também mostrar mais detalhadamente toda a questão que a Abril enfrentou com a Disney - o grande assunto que falta - por causa do Zé Carioca mais brasileiro de todos os tempos, realizado pela mão laboriosa, pelo desenho limpo e talentoso e pelos brilhantes roteiros do mestre Renato Canini.O recurso foi não bater de frente, não tecer comentário a respeito do assunto, ser apenas comedido e assim, omitir essa informação do público. Foi uma pena, apesar da iniciativa mais do que em tempo de se prestar essa homenagem (ainda que pela metade) ao grande mestre.

Para assistir aos dois curtas: www.portacurtas.com.br

 Veja também:
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Kactus Canini Kid, uma Graficobioanimada

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