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Resenha: Roko-Loko e Adrina-Lina e Roko-Loko e Adrina-Lina Atacam Novamente
Por Eloyr Pacheco
30/06/2005

Marcio Baraldi não poupa ninguém, nem coisa alguma. Para ele tudo é referência. Seus dois álbuns Roko-Loko e Adrina-Lina e Roko-Loko e Adrina-Lina Atacam Novamente são recheados de citações, não só de bandas de rock, como é de se supor, mas, também de cinema, desenhos animados, literatura, etc... Até políticos também são alvos para Baraldi.

No primeiro álbum de Roko-Loko e Adrina-Lina, personagens criados especialmente para a revista Rock Brigade, logo de cara nos deparamos com a História em Quadrinhos A Guitarra Era a Lei, referência ao desenho animado A Espada Era a Lei, produzido pela Disney, em 1963. Pouco à frente vêm Ghost'n'Roll: do Outro Lado da Vida, uma referência clara ao filme "água com açúcar" Ghost - do Outro Lado da Vida (1990); Rockontatos Imediatos (Contatos Imediatos do Terceiro Grau [1977], de Steven Spielberg), e Robert Mãos de Guitarra (Edward Mãos de Tesoura [1990], de Tim Burton). Depois de tantos filmes, Baraldi cria a HQ A Revolução dos Bichos, inspirada no romance escrito por George Orwell (1903-1950). Essa Baraldi assina como Marcio Orwell.

Em Roko-Loko e Adrina-Lina Atacam Novamente temos O Nome da Rosa, referência ao filme de 1986 estrelado por Sean Connery e Christian Slater, inspirado no romance de Umberto Eco; À Mestra com Carinho (Ao Mestre com Carinho [1967], estrelado por Sidney Poitier), e O Bruxo de Blérg (A Bruxa de Blair [1999]).

Filmes clássicos de ficção científica também são fontes para Marcio, um exemplo é O Dia em que a Terra Bundou (mais uma de Marcio Orwell) inspirada em O Dia em que a Terra Parou, de 1951, e que também é o nome de uma música de Raul Seixas. Nessa HQ, que tem como vítimas a Tiazinha e a Feiticeira, Baraldi critica a "bundalização" da nossa cultura popular. O legal dos álbuns é lê-los e ir descobrindo aos poucos as referências utilizadas pelo autor, por isso, paramos de dar dicas por aqui.

Marcio começa suas histórias criando o clima logo no primeiro quadro; sempre com uma explicação rápida o personagem diz a que veio rapidamente. Às vezes, utiliza também cronologia, amarrando uma história a outra e, num recurso típico dos quadrinhos de super-heróis, anota no rodapé onde o personagem surgiu ou apareceu pela última vez. Outro ponto que merece destaque é a criatividade com que Marcio desenha os títulos das HQs. Sempre com fontes diferentes e no clima da história. Coisa de superprodução e de maluco, pois evitar a repetição é algo muito difícil e Baraldi consegue não cair na mesmice.

Nunca se sabe para onde Marcio Baraldi apontará sua arma, ele também não poupa a Rede Globo e apresentadores de tevê como Ratinho, Xuxa, Gilberto Barros e Gugu Liberato. Homenagens também são muitas; Raul Seixas e José Mojica Marins, o Zé do Caixão, são dois dos homenageados. Outra grande diversão dos álbuns, como não poderia deixar de ser, é identificar os membros das bandas de rock, tanto brasileiras como internacionais. Sem contar que ele transforma o pessoal da redação da Rock Brigade em personagens. O pobre do Roko acaba sempre entrando em roubadas, por mais de uma vez ele se torna garçom nas festas da revista. Metalinguagem, outro recurso utilizado com sabedoria por Baraldi.

Roko-Loko e Adrina-Lina, com 48 páginas coloridas, formato álbum (21x28cm) tem prefácio de Fernando Souza Filho, editor de arte da Rock Brigade. Roko-Loko e Adrina-Lina Atacam Novamente, também com 48 páginas, é prefaciado por Ricardo Franzin, da Rock Brigade, e pelo jornalista Luiz Alberto Machado. As publicações foram realizadas através de parceria entre a editora Opera Graphica e a revista Rock Brigade.

 Links relacionados:
 Baraldi; Rock Brigade; Opera Graphica
 Veja também:
 Entrevista com Marcio Baraldi

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