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Por Eloyr Pacheco 06/03/2009 Danilo Dias é o criador do conhecido personagem independente Raio Esmeralda. Formado em Desenho pela Universidade Federal da Bahia, não atua na área. Em julho do ano passado, Danilo lançou a Raio Esmeralda #0 (saiba mais aqui) para abrir caminho para uma série de projetos que tem em mente. Nesta entrevista ele comenta seus gostos pessoais, dá sua opinião sobre o mercado de Quadrinhos no Brasil, e apresenta seus planos e projetos para seus personagens. Como surgiu seu interesse por Histórias em Quadrinhos? Você ainda se lembra do primeiro gibi que leu? Como a maioria dos quadrinhistas surgiu quando eu era ainda criança e ficava desenhando super-heróis dos desenhos animados em capas de cadernos escolares e logo depois passei a desenhar as minhas criações e desenhava também as criações de colegas de sala e de condomínio. O primeiro que li não era minha e foi Capitão América #26, mas a primeira que ganhei foi o Almanaque do Capitão América #29 em 1980. Boa memória, hein?! Você ainda tem a CA #29? Como é a sua coleção de Quadrinhos? Sim, tenho guardada como se fosse a moeda nº 01 do Tio Patinhas. Com relação a minha coleção... Ela é enorme, mas a grande parte das revistas são de 1980 pra cá, então tem muitas edições da Abril, além de outras anteriores. Quais são seus quadrinhistas preferidos? Seria uma lista incontável, mas vamos lá; Eleuteri Serpieri (Druuna), Mozart Couto, Sal Buscema, John Byrne, Katsuhiro Otomo, Mike Deodato, Flávio Luís, Samicler Gonçalves, entre outros... Faz uma lista de suas 10+ séries ou sagas para uma Gibiteca Básica? Se fossem revistas seria complicado lembrar de números específicos, então vou citar de forma mais abrangente: As 10 edições da Heróis em Ação, a coleção da Druuna, as edições da Grandes Heróis Marvel, Homem Aranha de Todd McFarlane, Hulk e Capitão América de Sal Buscema, Fathom de Michael Turner, acho que tá bom senão a lista não para mais. Qual o primeiro personagem que você criou? Aí pegou... Acho que foi o “Capacete Amarelo”, era um Playmobil todo amarelo que eu colocava uma capa nele e um capacete amarelo ao contrário para cobrir o rosto dele como uma máscara... É acho que foi esse mesmo!!! E o Raio Esmeralda? Como foi que ele surgiu e qual a primeira publicação que ele apareceu? O Raio Esmeralda surgiu por volta de 1988, após algumas tentativas anteriores de criar um personagem com as características dele. Primeiro veio o Raio Verde, depois o Flama Verde e finalmente Raio Esmeralda. Sua 1ª aparição foi no fanzine de 1993, contando uma suposta origem do personagem que posteriormente foi alterada. Fora o Raio Esmeralda, que outros personagens você criou? A lista é grande, mais citando os que mais trabalho são: (super-heróis) Raio Ametista, Raio Topázio, Raio Vivo, Raio de Sol, Santidade, O Imaculado e o Pária e (cartuns) Sacquito e sua turma e A turma do Tomati (com “i” mesmo). Como você produziu seu primeiro fanzine? Eu estagiava na Petrobrás em 1993 e lá tinha uma reprografia. Quando acabava o expediente eu pedia ao responsável do setor para ficar tirando umas Xerox e mandava brasa nas minhas revistas que muitas vezes tinham suas HQs produzidas lá mesmo nos horários de intervalo. Foram três revistas e um encadernado de fim de ano. Êta, tempo bom!!! Você estagiava em qual área? Qual a sua formação? Administração. Minha formação acadêmica é Licenciatura em Desenho e Plástica pela Universidade Federal da Bahia. E como foi a aceitação da revista que você lançou comemorando os 20 anos de criação do Raio Esmeralda? O que você acha do mercado editorial brasileiro? Injusto. Antes de falarmos em analfabetismo, memória curta dos brasileiros, vamos falar da ignorância dos nossos políticos. Como é que um cara que nunca teve interesse em ler, em aprender algo que eleve sua cultura pode se interessar em criar leis que estimulem a leitura sadia e educacional??? A política do Brasil é voltada a produzir cada vez mais leigos, ignorantes e analfabetos, pois só uma nação assim é que se pode manipular facilmente e enquanto isso não chegaremos a lugar nenhum. Seu ponto de vista é contundente e está correto. Mas, o que você acha do mercado editorial brasileiro? Acho que ainda existe um certo receio em investir no produto produzido aqui, apesar de já ter visto épocas onde esse perfil parecia que ia mudar e depois voltava a afundar. Atualmente me parece que há novamente um boom das produções nacionais, movido principalmente pela Internet que, com certeza, mudará as expectativas de muitas produções direcionadas a nichos específicos. Quais publicações independentes você tem acompanhado atualmente? O que acha delas? Tempestade Cerebral, Penitente, Lorde Kramus... Tô achando impressionante o cuidado e o trabalho que está sendo realizado e como ele se desenvolve e melhora a cada número. Você tem acompanhado o movimento encabeçado pelo Quarto Mundo? O que acha que ele trouxe de bom para o mercado editorial independente? Acho que foi uma idéia conjunta brilhante que reforça todo tipo de trabalho para incentivos, estímulo para criação e divulgação de trabalhos independentes. O fato de todos trabalharem em prol de todos e com uma base concreta de sustentação, pra mim foi uma das idéias mais brilhantes que surgiram atualmente em nome da nona arte. Parabéns aos Quarto Mundistas!!! O que você acha que falta para as editoras investirem mais nos Quadrinhos Nacionais? Se eu soubesse com certeza, seria o primeiro a levar a solução para ter minhas revistas publicadas e daria início a uma Era (R)evolucionária. Mas, brincadeiras à parte, acredito que materiais mais bem definidos, de qualidade, com bons roteiros, belos desenhos, com estilo próprio utilizando situações do cotidiano brasileiro misturados a uma boa dosagem de ficção, fantasia e boas histórias fariam os olhares se voltarem para as produções. O Brasil atualmente apresenta uma ambientação propícia para roteiros espetaculares. Aproveitando o atual bom momento do mercado independente, você tem planos para novos lançamentos? Meu trabalho atualmente é totalmente independente. Não gosto que me digam como trabalhar com minhas crias (personagens). A vida toda deles está em minha mente ou escrita em rascunhos, então não admito interferências, pois isso mudaria todos os planos do futuro que lhes reservo. Eles vão ser utilizados em roteiros despretensiosos de forma proposital para naturalmente irem sofrendo suas evoluções. Um bom exemplo é a equipe que acompanhará o Raio Esmeralda em missões mais complexas, o Raio de Ataque. Seria para apresentá-los somente nas edições futuras, contando a história de cada integrante e os incluindo no universo aos poucos. Mas, vou divulgando imagens dos personagens para que a galera se familiarize com os caras e em breve acompanhem as histórias contadas nas revistas do Raio Esmeralda. Para esse ano, teremos a revista número 1 do Raio Esmeralda. Já que a que foi lançada foi a nº 0, está quase pronto um crossover do Raio Esmeralda e a Águia Dourada, de Maurício Augusto, outro crossover está encaminhado para o Rosendo Caetano, que contará com o encontro do Raio Esmeralda e o Imune e pretendo também além de lançar um Card Game com os personagens do Universo Esmeralda, desenhado por diversos artistas, um dossiê com todas as informações sobre o Universo Esmeralda, contando desde a criação do Raio Esmeralda; qual o motivo da cabeleira verde; o significado do raio verde do lado direito no seu uniforme; quem é o filho do Raio Esmeralda e muito mais curiosidades... Essa será uma edição limitadíssima, só para fãs de verdade!!! Obrigado, Danilo pela entrevista. E parabéns pelo trabalho que você vem realizando. Eu é que agradeço a oportunidade e desejo a todos inspiração, motivação e reflexão em tudo que fazemos, pois não podemos esquecer que apesar de fazermos o que gostamos, no fundo no fundo estamos fazendo com muita vontade que muitos outros leiam, acompanhem e apreciem também o nosso trabalho!!! Valeu!!! O Bigorna.net agradece a Danilo Dias pela entrevista concedida por e-mail e finalizada no dia 3 de março de 2009. |
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