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Brasil se abre a programas de TV argentinos
Por Ruy Jobim Neto
18/02/2008

Ligue no SBT de segunda a sábado, às 20h15. Se não houver nenhuma daquelas mudanças repentinas de Silvio Santos, estará no ar a novela Lalola (imagem acima), sobre o mulherengo Lalo, transformado por bruxaria em Lola para pagar todos os seus pecados com a mulherada. Mais do que uma trama engraçadinha, Lalola - que na estréia dobrou a audiência do SBT - é um exemplo da expansão internacional da TV argentina. Mesmo as redes brasileiras, que não são das que mais importam programação, estão se abrindo aos hermanos.

Além de Lalola, que entrou no ar em janeiro, a TV brasileira deverá ter em breve mais dois programas da Argentina em horário nobre. O primeiro a estrear será a versão nacional do Caiga Quien Caiga (CQC). Comprado pela Band e rebatizado de Custe o que Custar, tem a estréia prevista para março. É apresentado por um trio de jornalistas (os brasileiros devem ser escolhidos nesta semana), que trata notícias de política, esportes e celebridades com humor irônico. No ar há 11 anos na Argentina, ganhou versões na Itália, Espanha, França, Chile e Israel. A Band comprou também a minissérie Hermanos y Detectives, policial com ares de Agatha Christie protagonizado por Rodrigo de la Serna (intérprete do amigo de Che Guevara no filme Diários de Motocicleta). Vai exibir o original dublado, em data a ser definida. A versão brasileira da norte-americana Desperate Housewives, exibida em 2007 pela Rede TV!, é também um exemplo do crescimento da indústria audiovisual argentina. A série, com Lucélia Santos e Sônia Braga, foi filmada em Buenos Aires, que, com mão-de-obra boa e barata, tornou-se um oásis da produção internacional.

Boom da crise
Diante de um mercado publicitário reduzido, especialmente com a crise financeira que assolou o país no início desta década, as produtoras de TV argentina, para sobreviver, passaram a focar a exportação. É grande o número de títulos oferecidos a TVs da América Latina, Europa e o mercado hispânico dos EUA. A variedade é conseqüência da principal diferença entre a TV argentina e a brasileira. Lá, a produção deixou de ser monopólio das redes, como no Brasil, e passou para produtoras independentes. "A terceirização não foi imposta por nenhuma lei, foi uma necessidade de mercado. Era preciso buscar qualidade e diminuir os riscos", conta Horácio Ferrari, diretor-executivo da Câmara Argentina de Produtoras Independentes de Televisão, que reúne as 22 principais fornecedoras de conteúdo para as redes de TV do país.

No Brasil, apesar de haver mais de mil produtoras independentes, as redes não se abrem. Por isso, a ABPI-TV, que representa o setor, defende uma lei que as obrigue a exibir produção independente. Nesse caso, a Argentina está mesmo um passo à frente do Brasil. De cinco anos para cá, segundo Ferrari, além da produção de programas, as produtoras passaram a investir na criação de formatos para exportação. Isso quer dizer que, em vez de vender um programa argentino pronto, é oferecida a idéia e, normalmente, uma parceria para a produção local, como será o caso do CQC. "Isso tem a ver com a universalização dos temas. Os argentinos hoje vendem formatos de novelas que podem ser produzidas em qualquer país, independentemente das diferenças culturais. É diferente da TV inglesa, que tem bons formatos, mas com um tom mais local, difíceis de exportar", avalia Elisabetta Zenatti, diretora de programação da Band, que co-produziu Floribella (protagoniada aqui pela atriz Juliana Silveira), e que é versão da novela argentina Floricienta.

Celina Amadeo, CEO da Dori Media Central Studios, produtora de Lalola, acha que a vantagem da produção argentina é ser menos regionalista do que a brasileira. Para ela, são produzidas aqui histórias que respondem a um molde local e que, "culturalmente, tomam como protagonista o seu próprio universo". "Na novela brasileira, o local tem muita importância", continua. Já Lalola, de acordo com Amadeo, foi pensada para o mercado internacional, com linguagem mais universal. "A história é a protagonista, e não o local", completa. Daí a estética mais próxima dos seriados americanos do que das telenovelas latinas.

Alvo
O Brasil, conhecido internacionalmente pela exportação de novelas da Globo, sempre foi um mercado almejado pelas produtoras argentinas. "A TV brasileira era uma aspiração para nós, assim como a mexicana. São mercados com produção local forte, difíceis de penetrar", afirma Ricardo Kon, diretor de desenvolvimento e gestão da Cuatro Cabezas, produtora do Caiga Quien Caiga. O "CQC é só o primeiro passo. Nosso objetivo é vender mais para o Brasil", planeja. Para Celina Amadeo, o mercado brasileiro "é o mais interessante da América do Sul e Lalola é um bom projeto para iniciar relação duradoura". (com Folha OnLine)

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